Capítulo 2

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Muita coisa havia mudado na vida daquele grupo ao longo dos anos, incluindo suas residências. Atualmente, a família Guerra vivia no último andar de um prédio padrão médio, após Roberto ter crescido na empresa em que trabalhava e Lilian ter voltado a trabalhar em período integral quando os filhos entraram no sexto ano e se tornaram mais independentes.

Na opinião dos irmãos, a melhor coisa do novo apartamento era a cobertura anexa, onde o pai havia construído uma piscina aquecida e uma área de churrasqueira. Frequentemente se reuniam com os amigos ali, e ou passavam as tardes estudando com os namorados.

Naquele dia, em específico, Paulo e Alicia estavam na praça andando de skate, aproveitando que o ritmo de trabalhos ainda não estava intenso. Mas Mário e Marcelina preferiram aproveitar a aparente tranquilidade para não deixar a matéria acumular.

─ Primeira semana de aula, e já temos trabalhos para entregar. ─ reclamou o rapaz, os dois com os olhos enfiados no livro de matemática ─ Imagina como vai ser o resto do ano?

─ É porque é o nosso último ano, grandão, eles precisam caprichar. ─ riu a menor, e ele sorriu todo bobo ─ O que foi?

─ É que eu adoro esse jeito que a gente se chama. Grandão e pequena. Seu irmão diz que é piegas demais, mas eu não ligo. Eu adoro.

─ Eu lembro quando a gente se conheceu, o menino revoltado que você era. Se aquele menino te visse hoje, ia vomitar. ─ ela riu, dando um selinho no rapaz.

─ Ele ia é ficar feliz, Marce. Eu não conhecia amor, carinho, afeto... Nada disso até conhecer vocês. E mesmo quando eu comecei a receber isso em casa, ainda faltava alguma coisa. E foi você quem preencheu isso. Por isso eu não ligo que me chamem de meloso, de bobo apaixonado, nada disso... Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Marcelina. ─ ele se declarou, deixando-a toda boba ─ Tá, você e o Rabito.

─ O duro é eu ter que competir com o cachorro sempre. ─ ela dramatizou, mas os dois riam ─ Mas eu não ligo. Eu amo o Rabito, Mário, assim como eu amo você. Amo ele especialmente por ter cuidado de você lá atrás, quando nós não podíamos te ajudar.

O rapaz sorriu, beijando a testa dela e a puxando para se deitar em seu ombro. Eles entrelaçaram as mãos esquerdas no colo, deixando as mãos direitas livres para continuar escrevendo e resolvendo os exercícios.

─ Pequena... Você já pensou no que vai acontecer depois da escola? ─ perguntou Mário, depois de algum tempo.

─ Sim e não, grandão. Parece tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante. ─ Marcelina começou a brincar com o lápis entre os dedos ─ Por exemplo, a professora Helena pediu para levarmos nossas ideias de cursos da faculdade na segunda-feira. E eu não faço ideia do que quero fazer.

─ Você está se sentindo que nem o Troy em High School Musical 3? ─ Marcelina não conseguiu evitar rir da pergunta.

─ Eu amo que você saiba fazer referência a um dos meus filmes favoritos. Mas não, não é como o Troy. O Troy tinha dois caminhos que o dividiam. Eu não tenho nenhum que me atraia. ─ explicou a garota, se afastando dele ─ Nem todos são que nem você, amor, que sabe o que quer desde criança.

─ Bom, então está na hora de confessar que quem está se sentindo o Troy sou eu, pequena.

─ Como assim, Mário? ─ Marcelina se surpreendeu ─ Eu achei que você ia prestar veterinária. Nós até pesquisamos as melhores universidades públicas no fim do ano passado!

─ Sim, Marce, eu sei. Eu amo os animais, amo muito, mais do que tudo. Você sabe disso. ─ ele encarava o caderno, rasgando a ponta de forma nervosa ─ Mas... Algum tempo atrás eu descobri que a minha mãe tinha o sonho de ser dentista. E desde então, eu comecei a pensar nisso.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora