Capítulo 15

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Maio chegou com uma mudança brusca de temperatura. Após o ano anterior, em que o inverno foi extremamente brando, o frio veio compensar a ausência da estação passada. Acordar cedo era um martírio, eles iam para a escola completamente encapotados, e as aulas pareciam se arrastar.

E então veio junho, chutando o traseiro do frio para longe, e a mudança brusca de temperatura provocou alguns quadros de gripe e resfriado, que levaram a crises de pânico e duas semanas de faltas constantes na escola.

Com isso, as fotos de formatura foram adiadas diversas vezes, até que no começo da última semana de aula do primeiro semestre, chegou o dia. E Alicia não estava de bom humor.

─ Marcelina, eu odeio maquiagem.

─ Você já disse isso 17 vezes nos últimos 25 minutos, Alicia. ─ lembrou Valéria, passando batom em frente ao espelho ─ Vermelho é muito puta?

─ Se alguém te falar isso, mete um soco na cara, amiga. ─ sugeriu Bibi ─ Você ficou maravilhosa de batom vermelho.

─ Ficou mesmo. Até eu to com vontade de passar batom vermelho. ─ concordou Alicia.

─ Eu acho que todas deveríamos passar. ─ propôs Carmen.

─ Eu estou adorando ver a nossa nerd toda cheia de atitude. ─ riu Margarida, abraçando a melhor amiga ─ Mas concordo.

─ Também acho legal. ─ concordou Laura ─ Eu gosto de batons mais neutros, acho que vermelho é uma cor de mulher mais velha. Mas como estamos passando do Ensino Médio para a faculdade, vida adulta, é legal usarmos.

─ E se alguém quiser fazer algum comentário maldoso ou machista sobre o batom vermelho, apanha de todas nós de uma vez. ─ Marcelina deu um sorriso angelical, fazendo as amigas rirem ─ Maria Joaquina, você vai passar também, certo?

─ Não é muito o meu estilo, mas cansei de ser empaca rolê ou diferentona. Até a Alicia tem entrado nas ondas de vocês. ─ a patricinha deu de ombros, recebendo uma careta da marrenta ─ Vamos todas ficar com os lábios carmim.

─ Ela não pode simplesmente ser parte da onda, ela tem que se aparecer de algum jeito. ─ suspirou Valéria, terminando de passar o batom.

~*~

Os meninos estavam prontos há quase uma hora, esperando a outra metade da turma chegar para as fotos. Jorge, claro, estava impecável, mas os demais sabiam que as namoradas ainda ajeitariam algo em seus cabelos ou roupas (com exceção, talvez, de Paulo, porque a namorada era tão desencanada com isso quanto ele).

─ Olha a galera do A fazendo foto. ─ comentou Jaime, indicando o outro lado do pátio.

A outra sala tinha 26 alunos, nove a mais do que a sala deles. No primeiro ano, Olívia ainda havia tentado inserir alguns alunos na sala do B, mas surgiram conflitos, os novos alunos reclamavam de se sentir deslocados e, afinal, a diretora optou por manter a sala dos 17 fixa, colocando os novos alunos na outra.

Havia outros colégios de mais alto nível na cidade, como os que Jorge e Maria Joaquina frequentaram na infância, mas assim como os dois, outros riquinhos mimados estavam matriculados na Mundial. A maioria convivia em harmonia, mas a tal Eloise Bortolli era quase a encarnação do capeta.

Já havia dado em cima de Daniel, Paulo, Mário e Davi na frente das respectivas namoradas, tentou sair com Jorge diversas vezes antes de ele começar a namorar, e até mesmo após assumir um relacionamento sério com Margarida. As meninas de sua sala a engoliam na maioria dos casos, e as meninas do B não a suportavam. Nem mesmo Maria Joaquina conseguia se dar com ela.

Naquele dia, particularmente, ela parecia um pavão. A empresa havia pedido que os alunos fossem de roupa preta, de preferência esporte fino, mas a menina estava com um vestido que devia custar o equivalente a meio ano de mensalidade.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora