A concentração para a semifinal seria logo após o almoço, e apesar de terem comido porcarias a manhã toda, os casais Guerra e Gusman insistiram que os jovens deveriam se alimentar direito. Sendo assim, atravessaram a rua até um restaurante.
─ Uma churrascaria? ─ se irritou Valéria, assim que pararam à porta do local.
─ Eles têm mesa de salada, Val. ─ lembrou Marcelina.
─ E daí? O nome disso poderia ser mesa de intoxicação alimentar. ─ rebateu a menina, irritada ─ A alface deve estar aí desde as 9h da manhã!
─ Tem um restaurante vegetariano no fim da rua, Val. ─ lembrou Margarida ─ Mas nenhum de nós aqui é vegetariano.
─ Tudo bem, gente, nós vamos sozinhos. ─ avisou Davi, pegando a mão da namorada ─ Nos encontramos na hora da próxima rodada, pode ser?
Os amigos concordaram, entrando na churrascaria, enquanto Davi e Valéria saiam andando na direção do outro restaurante. A garota estava irritada, e não melhorou quando entraram e se sentaram.
Após fazer os pedidos, Davi resolveu perguntar o que a incomodava.
─ Eu fiquei chateada.
─ Chateada por que, Val?
─ Ah, porque nós acabamos aqui, sozinhos. De novo. ─ explicou a garota, secando os olhos marejados ─ Não é a primeira vez que isso acontece, né? Quando eles querem ir ao Outback, nós não vamos. Quando eles querem ver um filme no cinema, é sempre o mais idiota, e você assiste algum outro comigo. Quando fazemos churrasco na casa da Majo, eu e você ficamos um tempão na cozinha, preparando os espetos de legumes. Você virou vegetariano por minha causa, mesmo que depois tenha gostado, mas eu sinto que os meus gostos e meu jeito às vezes nos afastam dos nossos amigos.
─ Você nos afasta deles? ─ Davi riu, segurando a mão de Valéria ─ Amor, quantas vezes as minhas tradições, costumes e compromissos religiosos não chocaram com festinhas, eventos, saídas? Nós nunca íamos comer hambúrguer com eles, de todo o jeito, porque eu não podia comer carne e queijo.
─ Ou então, deixava os garçons loucos para arrumar seu pedido. ─ os dois riram.
─ Val, cada um de nós tem suas particularidades, assim como cada casal tem as suas. O Paulo e a Alicia vivem deixando a gente para andar de skate, o Koki e a Bibi adoram furar os rolês para ficar vendo documentários. O Jorge arrasta a Margarida para os bailes de gala dele, e a Carmen e o Daniel esquecem da gente em semana de provas. ─ enumerou o judeu ─ O fato de o seu gosto cinematográfico ser mais refinado, ou de você ter feito uma opção de vida que eu também adotei, de não comermos animais e evitarmos produtos derivados deles e que causem sofrimentos, não é motivo para sofrer.
─ Não mesmo, não é? ─ ela deu um sorrisinho de lado.
─ Com certeza não. Cada vez menos nós vamos ficar todos juntos, Val, isso é uma realidade. Ano que vem, com a faculdade, os casais que seguirem em frente terão que lutar para estar juntos, conciliando seus estudos, trabalhos, namoros... Você acha que vai sobrar tempo para ficar reunindo essa rempa?
─ Não... ─ os olhos de Valéria marejaram de novo ─ Como você acha que vai ser essa vida, Davi?
─ Como assim, Val?
─ Outro dia, eu comecei a pensar no meu discurso, no que diria na formatura... E eu quero falar sobre o futuro, o nosso futuro. Mas eu fico pensando que futuro é esse, Davi. ─ ela brincou com os dedos do namorado sob a mesa ─ Será um futuro em que eu e você existimos juntos? Ou o Paulo e a Alicia? A Carmen e o Dan? Será um futuro em que nos vemos e falamos com frequência? Ou apenas nos mandamos uma publicação no Facebook nos aniversários e nos trombamos nos shoppings a cada seis meses.
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CARROSSEL - Ano da Formatura
Teen FictionNós vimos eles se conhecerem. Nós vimos eles se tornarem Amigos. Nós vimos eles salvando um acampamento. Nós vimos eles salvando uns aos outros. Nós vimos eles se apaixonando. Agora, é chegada a hora de ver eles darem o último passo rumo ao resto de...