O sábado foi silencioso. Após atravessarem o túnel, com o sol nascendo, seguiram Alan de volta para a cidade e se separaram. O rapaz, Jaime, Daniel, Mário e Paulo foram deixar os amigos nas respectivas casas, e quando todos caíram na cama, já era perto das 9h.
Acordaram com a tarde já pela metade, e passaram o resto dela quietos, sem trocar muitas mensagens no grupo. Perto das 17h, foram todos tomar banho e se arrumar, já que precisavam estar às 19h30 na Escola, para que a colação começasse por volta das 20h.
─ Eu estou atrasado, para variar. ─ Adriano corria pela casa, abotoando a camisa ─ Mãe, você viu a minha gravata?
─ Você deixou ela na sua cama ontem à noite, e quando chegamos de madrugada ela estava detonada no meio da sala. E o Chulé e o Cadeirudo estavam do lado. ─ explicou Marisa, indicando o cachorro e o gato do filho, os dois deitados placidamente no sofá.
─ Qual é o problema deles de sempre destruírem as coisas? ─ reclamou o loiro.
─ Vingança por você ter chamado eles de Chulé e Cadeirudo. ─ Henrique saiu do próprio quarto carregando uma gravata.
─ Eram o nomes dos meus dois melhores amigos imaginários quando eu era pequeno.
─ Nós sabemos, filho, mas eu acho que eles dois não aceitam isso muito bem. ─ o homem parou em frente à Adriano, começando a amarrar a gravata nele ─ Nós te falamos para dar nomes mais tradicionais.
─ Eu devia ter mantido os nomes que eles tinham no abrigo, antes de eu adotar eles. Vocês preferiam seus outros nomes? Thor e Manchinha? ─ ele testou, e os dois animais ergueram a cabeça ─ Pelo visto sim.
─ Nós sabemos que você amava o Chulé e o Cadeirudo quando era criança, filho. Eles te ajudaram muito a encarar o mundo. ─ Marisa acariciou o rosto do rapaz ─ E mesmo quando eles "partiram", você nunca deixou de sentir a falta deles.
─ Quando o Mário perdeu o Rabito, e a Kika falou sobre ele adotar um novo animal... Eu nunca vou conseguir outros amigos imaginários igual o Chulé e o Cadeirudo. E, não sei, nesse final do ano, com toda a incerteza, eu sentia que precisava de um ombro amigo. ─ explicou ele, emocionado.
─ Adriano, o Thor e o Manchinha te adoram. Eles não saem do seu quarto. Mas eles não são o Chulé e o Cadeirudo. E a cada vez que você os chama assim, ou que coloca expectativas neles de agirem como os seus amigos imaginários, eles sentem. ─ lembrou Henrique ─ Eu sei que crescer é difícil e assustador, filho. Mas é parte da vida. E encarar esse momento de peito aberto também é.
─ Eu acho que vocês estão certos. ─ suspirou o rapaz, encarando os animais ─ Que tal, Thor? Manchinha? Vamos começar de novo?
O cachorro de pelagem bege se levantou em um pulo, correndo e começando a se enroscar no meio das pernas do tutor. O gato se levantou de forma preguiçosa, se esticando e saltando para o chão, desfilando e parando próximo de Adriano, à espera de carinho.
─ Além do que, já imaginou você apresentando eles para a mocinha bonitinha que estava dançando com você ontem? Chulé e Cadeirudo? ─ perguntou Henrique, fazendo o filho corar ─ Não ia pegar muito bem...
─ Acho que é melhor nós irmos, não é? Ou vamos nos atrasar. ─ Adriano se levantou depressa, pegando a mochila e correndo para a porta, enquanto os pais riam.
~*~
Na casa da família Gusman, Alicia já estava pronta fazia um bom tempo, mas a mãe não acabava nunca de se arrumar. Geraldo estava na mesa de jantar, mexendo em algo no notebook, e ria da impaciência da filha, sentada no sofá.
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CARROSSEL - Ano da Formatura
Novela JuvenilNós vimos eles se conhecerem. Nós vimos eles se tornarem Amigos. Nós vimos eles salvando um acampamento. Nós vimos eles salvando uns aos outros. Nós vimos eles se apaixonando. Agora, é chegada a hora de ver eles darem o último passo rumo ao resto de...