Capítulo 33

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O sábado foi silencioso. Após atravessarem o túnel, com o sol nascendo, seguiram Alan de volta para a cidade e se separaram. O rapaz, Jaime, Daniel, Mário e Paulo foram deixar os amigos nas respectivas casas, e quando todos caíram na cama, já era perto das 9h.

Acordaram com a tarde já pela metade, e passaram o resto dela quietos, sem trocar muitas mensagens no grupo. Perto das 17h, foram todos tomar banho e se arrumar, já que precisavam estar às 19h30 na Escola, para que a colação começasse por volta das 20h.

─ Eu estou atrasado, para variar. ─ Adriano corria pela casa, abotoando a camisa ─ Mãe, você viu a minha gravata?

─ Você deixou ela na sua cama ontem à noite, e quando chegamos de madrugada ela estava detonada no meio da sala. E o Chulé e o Cadeirudo estavam do lado. ─ explicou Marisa, indicando o cachorro e o gato do filho, os dois deitados placidamente no sofá.

─ Qual é o problema deles de sempre destruírem as coisas? ─ reclamou o loiro.

─ Vingança por você ter chamado eles de Chulé e Cadeirudo. ─ Henrique saiu do próprio quarto carregando uma gravata.

─ Eram o nomes dos meus dois melhores amigos imaginários quando eu era pequeno.

─ Nós sabemos, filho, mas eu acho que eles dois não aceitam isso muito bem. ─ o homem parou em frente à Adriano, começando a amarrar a gravata nele ─ Nós te falamos para dar nomes mais tradicionais.

─ Eu devia ter mantido os nomes que eles tinham no abrigo, antes de eu adotar eles. Vocês preferiam seus outros nomes? Thor e Manchinha? ─ ele testou, e os dois animais ergueram a cabeça ─ Pelo visto sim.

─ Nós sabemos que você amava o Chulé e o Cadeirudo quando era criança, filho. Eles te ajudaram muito a encarar o mundo. ─ Marisa acariciou o rosto do rapaz ─ E mesmo quando eles "partiram", você nunca deixou de sentir a falta deles.

─ Quando o Mário perdeu o Rabito, e a Kika falou sobre ele adotar um novo animal... Eu nunca vou conseguir outros amigos imaginários igual o Chulé e o Cadeirudo. E, não sei, nesse final do ano, com toda a incerteza, eu sentia que precisava de um ombro amigo. ─ explicou ele, emocionado.

─ Adriano, o Thor e o Manchinha te adoram. Eles não saem do seu quarto. Mas eles não são o Chulé e o Cadeirudo. E a cada vez que você os chama assim, ou que coloca expectativas neles de agirem como os seus amigos imaginários, eles sentem. ─ lembrou Henrique ─ Eu sei que crescer é difícil e assustador, filho. Mas é parte da vida. E encarar esse momento de peito aberto também é.

─ Eu acho que vocês estão certos. ─ suspirou o rapaz, encarando os animais ─ Que tal, Thor? Manchinha? Vamos começar de novo?

O cachorro de pelagem bege se levantou em um pulo, correndo e começando a se enroscar no meio das pernas do tutor. O gato se levantou de forma preguiçosa, se esticando e saltando para o chão, desfilando e parando próximo de Adriano, à espera de carinho.

─ Além do que, já imaginou você apresentando eles para a mocinha bonitinha que estava dançando com você ontem? Chulé e Cadeirudo? ─ perguntou Henrique, fazendo o filho corar ─ Não ia pegar muito bem...

─ Acho que é melhor nós irmos, não é? Ou vamos nos atrasar. ─ Adriano se levantou depressa, pegando a mochila e correndo para a porta, enquanto os pais riam.

~*~

Na casa da família Gusman, Alicia já estava pronta fazia um bom tempo, mas a mãe não acabava nunca de se arrumar. Geraldo estava na mesa de jantar, mexendo em algo no notebook, e ria da impaciência da filha, sentada no sofá.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora