Capítulo 16

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Alguns dias depois, na sexta-feira, o último dia de aula antes das férias do meio do ano, chegou o trote mais aguardado. É uma unanimidade entre os terceiros anos que o trote invertido é o mais divertido, o que provoca mais risadas, e geralmente é o escolhido para ser o último de todos.

Mas naquele ano, o 3ºA sugeriu logo de cara, e a professora Roberta aprovou. Como o 3ºB não tinha uma ideia muito legal (eles pensaram em caipira, para ornar com a festa junina, mas já teriam a dita festa e quadrilha para se vestir assim), no último dia de aula do primeiro semestre, os formando chegaram à caráter na escola.

Os casais decidiram inverter os papéis, e as meninas buscaram roupas suas que coubessem nos namorados, além de perucas que combinassem com seus cabelos. Laura emprestou suas roupas para Jaime e Adriano, e eles devolveram a cortesia.

─ Não tem tanta graça ver Marilina e Paulicia trocados. Fisicamente, eles já são parecidos. A Ali e o Paulo, então, quase partilham as camisetas. ─ comentou Valéria, vendo os dois casais chegando.

─ Eu estou pensando em fazer mechas no meu cabelo. Estou adorando as mechas roxas da Alicia. ─ Paulo brincou com sua peruca, fazendo todos rirem ─ Cirilo, você está maravilhoso com esses lacinhos.

─ E o que dizer dos cabelos pintados da Valéria? Nunca te imaginei loira, Val. ─ comentou Bibi.

─ O lado bom é que nós dois já temos o cabelo bem cacheado, né? Só precisei comprar o spray loiro. ─ a garota jogou os cachos para os lados ─ E estou meio como o Paulo: adorei a cor. To cogitando uma transformação.

─ Eu, por outro lado, já vi que não nasci para ser loira. ─ Margarida ajeitou a peruca que usava ─ Não combina com o meu tom de pele, eu fico apagada.

─ Vocês estão bem de saia? ─ Laura perguntou para Jaime e Adriano.

─ Passei a respeitar ainda mais as mulheres. Andar com esse negócio é difícil, cara. ─ resmungou Jaime ─ Tem que ficar com as pernas mais juntas, tá apertando o que tá dentro da cueca.

─ Ai, Jaime, pelo amor de Deus. ─ reclamou Carmen, mas todos riam.

─ Eu quero dizer que acho que estamos todos muito bem. Respeitosos, sabe? Nenhum menino de sutiã, nada esculachado, babaca. ─ comentou Daniel.

─ Eu tenho um pouco de medo de como vai estar o pessoal do A. ─ lembrou Kokimoto, vendo caretas surgirem ─ Eles são bem babacas, além de um tanto preconceituosos. Eu não duvido nada que algum deles venha em um estilo Drag Queen, para zoar.

─ Não vamos caçar briga com eles hoje, gente. ─ pediu Mário ─ Vamos ficar na boa, deixar as idiotices deles de lado. Já vimos que eles são pessoas ruins.

─ Mas não devemos nos calar diante de coisas que sabemos ser erradas, Mário.

─ Eu sei, amor, mas precisamos também aprender as batalhas que lutar. Já vimos, de tantos e tantos embates nesse ano, que aqueles ali vão ter que aprender pelas pauladas da vida. Falar não adianta. ─ o rapaz rebateu a namorada, que acabou concordando ─ A professora Roberta nos deu regras para o trote, e nosso grupo seguiu. Se eles fizerem algo que desrespeite isso, que se acertem com os professores.

─ Eu gosto de peitar gente errada, mas eu vou concordar com o Mário. ─ disse Valéria ─ A não ser que eles mexam feio com a gente, vamos ignorar. Eu quero curtir o nosso terceirão, não ficar brigando com esses mimadinhos.

─ Droga, Valéria. Bate nessa boca santa, mano. ─ resmungou Adriano.

─ Por que, cara? ─ estranhou Jorge.

─ Porque a confusão já está armada. ─ ele indicou a entrada da escola.

─ Filhas da... ─ o xingamento veio de Maria Joaquina, e se já não estivessem chocados, os amigos teriam se surpreendido.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora