Era até estranho estarem ali, na viagem de formatura. Após um ano enfurnados em casa, além de muitas dúvidas a respeito de como aconteceria o "terceirão", viver aquele momento era muito especial.
A van os levou até as dunas da Joaquina, local escolhido por eles para passar um dos dias da viagem. Claro que era uma referência específica a amiga patricinha, mas não conseguiam evitar. E nem as piadinhas infames.
─ Olha, é um deserto de areia. Igual o coração da Maria Joaquina foi por mais da metade da vida.
─ Bibi, cala a boca do seu namorado, por favor. ─ implorou a garota, e a amiga ruiva beliscou o braço de Koki, que fez careta.
─ Vocês precisam parar de incentivar ela e a Alicia, pelo amor de Deus. Um dia, eu e o Koki vamos perder o braço de tanto tapa e beliscão. ─ reclamou Paulo.
─ Cresçam e se tornem pessoas maduras, e assim vão parar de apanhar. ─ lembrou Daniel, encarando o guia que os acompanhava ─ Quanto tempo temos aqui?
─ O dia todo, rapaz. Eu vou com a van para a praia da Joaquina, fica a menos de um quilômetro daqui. Depois que vocês fizeram sandboard e aprontarem tudo o que quiserem, é só seguir as placas até lá.
─ E nós vamos ficar aqui sozinhos? ─ estranhou Davi.
─ Claro que não. Tem cinco monitores da empresa por aqui. ─ ele indicou as pessoas com coletes verdes ─ É só que a van não pode ficar estacionada por aqui, então eu vou levá-la para o estacionamento correto. Mas estão sendo vigiados constantemente.
─ E eu já estava feliz, achando que teríamos sossego. ─ reclamou Paulo.
─ Cara, nós estamos em um paraíso, de bermuda e biquíni, sentindo o sol na pele e podendo nos divertir. Parem de reclamar um pouco. ─ mandou Jaime ─ Quem tem direito de reclamar somos eu e a Laurinha... Vocês estão com as caras-metades de vocês, as nossas estão lá em São Paulo.
─ E eu que nem cara-metade tenho? ─ reclamou Adriano ─ Santo Antônio não tá indo muito com a minha cara.
─ Então os santos diabinhos vão precisar virar santos cupidinhos e arranjar alguém para você. ─ se animou Valéria.
─ Que tal nós tentarmos descer as dunas sem ficar com o fiofó cheio de areia, para começar? ─ propôs Mário ─ Se sobrevivermos a isso sem ficarmos mais enterrados que o Aladdin antes de ser resgatado pelo gênio, vamos à caça de alguém para o nosso amigo avoado.
─ Eu tenho que te amar muito para aguentar essas referências de morrer. ─ suspirou Marcelina.
Alugaram as pranchas e, como Mário havia previsto, viveram verdadeiras vídeo-cassetadas. Altos capotes, gente descendo as dunas rolando, calcinhas e cuecas com areia o suficiente para encher a banheira do quarto do hotel. Mas poucas vezes na vida tinham se divertido tanto juntos.
Quando cansaram de pagar mico e resolveram ir para a praia, foram deixando areia por onde passavam.
─ Eu tenho tanta areia na minha bunda, que o gato da minha mãe acharia que é a caixa de areia dele. ─ reclamava Kokimoto, mexendo no shorts.
─ De novo: intimidade. Tem coisas que realmente não precisam ser divididas com o resto do grupo. ─ pediu Jorge, de cara feia.
─ E esse mau humor todo é porque ele está com a sunga cheia de areia. ─ Margarida aporrinhou o namorado, que fechou ainda mais a cara.
─ Eu só quero chegar na praia e pular na água, para tirar esse areia toda. ─ Adriano havia rolado duas vezes pelas dunas, e parecia que tinha sido empanado.
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CARROSSEL - Ano da Formatura
Novela JuvenilNós vimos eles se conhecerem. Nós vimos eles se tornarem Amigos. Nós vimos eles salvando um acampamento. Nós vimos eles salvando uns aos outros. Nós vimos eles se apaixonando. Agora, é chegada a hora de ver eles darem o último passo rumo ao resto de...