Capítulo 24

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Era até estranho estarem ali, na viagem de formatura. Após um ano enfurnados em casa, além de muitas dúvidas a respeito de como aconteceria o "terceirão", viver aquele momento era muito especial.

A van os levou até as dunas da Joaquina, local escolhido por eles para passar um dos dias da viagem. Claro que era uma referência específica a amiga patricinha, mas não conseguiam evitar. E nem as piadinhas infames.

─ Olha, é um deserto de areia. Igual o coração da Maria Joaquina foi por mais da metade da vida.

─ Bibi, cala a boca do seu namorado, por favor. ─ implorou a garota, e a amiga ruiva beliscou o braço de Koki, que fez careta.

─ Vocês precisam parar de incentivar ela e a Alicia, pelo amor de Deus. Um dia, eu e o Koki vamos perder o braço de tanto tapa e beliscão. ─ reclamou Paulo.

─ Cresçam e se tornem pessoas maduras, e assim vão parar de apanhar. ─ lembrou Daniel, encarando o guia que os acompanhava ─ Quanto tempo temos aqui?

─ O dia todo, rapaz. Eu vou com a van para a praia da Joaquina, fica a menos de um quilômetro daqui. Depois que vocês fizeram sandboard e aprontarem tudo o que quiserem, é só seguir as placas até lá.

─ E nós vamos ficar aqui sozinhos? ─ estranhou Davi.

─ Claro que não. Tem cinco monitores da empresa por aqui. ─ ele indicou as pessoas com coletes verdes ─ É só que a van não pode ficar estacionada por aqui, então eu vou levá-la para o estacionamento correto. Mas estão sendo vigiados constantemente.

─ E eu já estava feliz, achando que teríamos sossego. ─ reclamou Paulo.

─ Cara, nós estamos em um paraíso, de bermuda e biquíni, sentindo o sol na pele e podendo nos divertir. Parem de reclamar um pouco. ─ mandou Jaime ─ Quem tem direito de reclamar somos eu e a Laurinha... Vocês estão com as caras-metades de vocês, as nossas estão lá em São Paulo.

─ E eu que nem cara-metade tenho? ─ reclamou Adriano ─ Santo Antônio não tá indo muito com a minha cara.

─ Então os santos diabinhos vão precisar virar santos cupidinhos e arranjar alguém para você. ─ se animou Valéria.

─ Que tal nós tentarmos descer as dunas sem ficar com o fiofó cheio de areia, para começar? ─ propôs Mário ─ Se sobrevivermos a isso sem ficarmos mais enterrados que o Aladdin antes de ser resgatado pelo gênio, vamos à caça de alguém para o nosso amigo avoado.

─ Eu tenho que te amar muito para aguentar essas referências de morrer. ─ suspirou Marcelina.

Alugaram as pranchas e, como Mário havia previsto, viveram verdadeiras vídeo-cassetadas. Altos capotes, gente descendo as dunas rolando, calcinhas e cuecas com areia o suficiente para encher a banheira do quarto do hotel. Mas poucas vezes na vida tinham se divertido tanto juntos.

Quando cansaram de pagar mico e resolveram ir para a praia, foram deixando areia por onde passavam.

─ Eu tenho tanta areia na minha bunda, que o gato da minha mãe acharia que é a caixa de areia dele. ─ reclamava Kokimoto, mexendo no shorts.

─ De novo: intimidade. Tem coisas que realmente não precisam ser divididas com o resto do grupo. ─ pediu Jorge, de cara feia.

─ E esse mau humor todo é porque ele está com a sunga cheia de areia. ─ Margarida aporrinhou o namorado, que fechou ainda mais a cara.

─ Eu só quero chegar na praia e pular na água, para tirar esse areia toda. ─ Adriano havia rolado duas vezes pelas dunas, e parecia que tinha sido empanado.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora