Curtiram intensamente os dias restantes da viagem. O fogo, realmente, parecia ter levado um pouco dos sentimentos ruins embora, deixando-os mais leves para aproveitar o tempo e o local incrível em que estavam, além da companhia uns dos outros.
Mas as responsabilidades também aguardavam. Com exceção de Alicia, Koki e Bibi, os demais prestariam ENEM e vestibulares, que teriam início no final daquele mês, e as revisões que a Escola Mundial passou a oferecer, na parte da tarde, eram úteis para todos. Os outros três acompanhavam os amigos apenas para desfrutar do tempo juntos, mas não tinham problema de matar as revisões para treinar ou ir atrás das coisas para a viagem.
Sara continuava internada na UTI, para o desespero de Davi, e Rabito definhava mais rápido do que Mário conseguia suportar. Sabia que precisava deixar o animal descansar, mas ainda não estava pronto. Insistia para Marcelina, para o pai e Natália que ainda não havia recebido o sinal que esperava, e que portanto não era a hora de Rabito partir.
─ Duas semanas atrás, nós estávamos torrando em Floripa. Agora quem está torrando são os meus neurônios. ─ reclamou Paulo, encarando o caderno ─ Eu odeio matemática.
─ De novo: você quer fazer engenharia. ─ riu Daniel, ouvindo o amigo resmungar.
─ Vou ter que defender o Paulo, ele realmente está se esforçando para decorar as fórmulas para o vestibular. ─ Alicia elogiou o namorado, que deu um sorrisinho fofo ─ Só não tá indo muito bem na parte de ciências.
─ Mas essa não tem tanto peso no curso dele, tem mais no meu, por exemplo. ─ lembrou Margarida, coçando os olhos ─ E Deus sabe que essa parte é chata.
─ Eu não sei qual área tem mais peso no vestibular para a faculdade de música. ─ se preocupou Jaime.
─ A voz de vocês tá pesando uma tonelada na minha cabeça. ─ garantiu Valéria, massageando as têmporas.
─ Tá tudo bem, amiga? ─ Laura percebeu que a garota estava com olheiras fundas.
─ A dona Sara piorou. Muito. ─ Valéria secou os olhos ao falar isso ─ O médico ligou ontem à noite para a Rebeca e o Isaac, e o Davi ouviu. Passou a noite chorando, e eu quase não dormi, ficava acordando e ligando para ver como ele estava. Eu to meio podre hoje.
─ Por isso ele não veio? ─ perguntou Bibi, penalizada.
─ Ela disse que não quer morrer no hospital, não aceita isso. Ela assinou um termo, e vai sair agora a tarde. O Davi vai lá para pegar ela, porque ela quer ir ver o pôr-do-sol com ele, lá na Praça do Pôr do Sol. ─ a garota brincava com a caneta em suas mãos ─ Ele me pediu para ir, mas... Eu não sei se consigo.
─ Não é um momento fácil, Val. ─ Marcelina segurou a mão da amiga.
─ Não. E o Davi precisa que eu seja forte por ele, mas eu não consigo. Eu também amo a dona Sara, e também estou sofrendo por vê-la partir. ─ ela caiu no choro naquele momento, sendo encarada pelos demais.
Jorge se levantou, pegando o celular e se afastando. Falou por algum tempo, antes de se reaproximar.
─ Peguem os materiais.
─ Por quê? ─ perguntou Adriano.
─ Meu pai está mandando os motoristas da empresa. Nós vamos para a praça. ─ avisou, já recolhendo suas coisas.
─ Como assim? Todos nós? ─ estranhou Cirilo.
─ Nós não prometemos, lá na praia, que estaríamos juntos, nos bons e nos maus momentos? ─ os demais assentiram ─ A Valéria não tem que ser forte sozinha pelo Davi. Nós todos vamos ser.
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CARROSSEL - Ano da Formatura
Roman pour AdolescentsNós vimos eles se conhecerem. Nós vimos eles se tornarem Amigos. Nós vimos eles salvando um acampamento. Nós vimos eles salvando uns aos outros. Nós vimos eles se apaixonando. Agora, é chegada a hora de ver eles darem o último passo rumo ao resto de...