Entre ensaios, trabalhos, provas e lições, o tempo foi passando depressa. Os ensaios às segundas ainda não eram propriamente ensaios, seguiam mais como reuniões para ideias e momentos para que os jovens pensassem em seus futuros. Cirilo continuava saindo com Emanuelle, e Maria Joaquina seguia se esforçando para não destratar os amigos ou o ex-ficante, apesar de ainda morrer de ciúmes.
Fevereiro passou, março voou, e quando viram, já era abril, e o campeonato de skate do qual Alicia participaria chegou. Ela estava treinando muito, diariamente, e se sentia pronta, mas não ao todo confiante. Várias vezes pensou em desistir, mas os amigos não deixaram. Continuaram a incentivando e apoiando, e quando chegou o dia da competição, apareceram em peso, alguns inclusive acompanhados.
─ Paulo, eu não acredito que os seus pais vieram me ver competir. ─ Alicia estava pálida, vendo os pais do namorado conversando com seus próprios pais ─ Que vergonha.
─ Gatinha, eles nos veem andando de skate juntos desde crianças. ─ riu Paulo ─ E nem eu, nem a Marcelina, chamamos eles. Minha mãe simplesmente perguntou que dia e horário seria o campeonato, porque eles faziam questão de vir e te prestigiar.
─ E se eu for eliminada de cara, Paulo? Na frente dos seus pais, dos meus pais? Dos nossos amigos? ─ se desesperou Alicia.
─ Amor, eles não estão aqui para te ver vencer. Estão aqui para te apoiar e te dar força para realizar esse sonho. Independentemente do resultado, tenha certeza, os meus pais, os seus, os nossos amigos... Todos estão muito orgulhosos de você! ─ garantiu Paulo, segurando o rosto dela com carinho e lhe dando um selinho ─ Ah, e tem mais uma pessoa que veio te ver competir.
─ Ai meu Deus, quem? ─ se preocupou a garota.
─ Eu.
─ Alan? ─ ela se virou, encontrando o afilhado do avô ali ─ Não acredito que você está aqui!
─ Você acha que eu iria perder esse momento? Eu te vi ralar os joelhos no skate mais vezes do que posso contar. ─ riu o rapaz, a abraçando ─ Quando o Paulo me mandou mensagem, eu fiquei muito orgulhoso!
─ Paulo. ─ ela repreendeu o namorado, mas sorria.
─ Eu sei que você queria muito que o seu avô estivesse aqui, amor. ─ a menção do Sr. Campos provocou lágrimas em Alicia.
Samuel Campos havia falecido no ano anterior, vítima do Coronavírus. Apesar de viver isolado no sítio que abrigava o acampamento PanaPaná, o homem idoso não tinha mais condições de cuidar do local sozinho, então precisou continuar recebendo alguns funcionários ocasionais para a manutenção. Em uma dessas "visitas", acabou infectado. Foi rápido, mas não indolor. Mal puderam se despedir do homem, reunir a família... Algumas semanas depois, mesmo em meio a pandemia, os amigos resolveram se isolar no PanaPaná com Alicia. Acompanhados de alguns dos pais, que não trabalhavam, foram "quarentenar" juntos no sítio, cuidando do local, uns dos outros, e principalmente, da marrentinha que estava com o coração partido.
Foi só ali, naquele momento, que Alicia percebeu que não via Alan desde antes da morte de seu avô.
─ Como você está? ─ ela perguntou para o "primo" de criação.
─ Ainda dói. Eu queria ter ido me isolar com vocês no PanaPaná, mas as minhas aulas da faculdade estavam puxadas, mesmo com o EAD. ─ relatou Alan, sorrindo triste.
─ É, quando as nossas aulas voltaram, foi meio difícil ir acompanhando com a internet de lá. Por sorte, nós todos éramos da mesma sala, acabou facilitando. Se fosse cada um de um curso, ou turma, o esquema tinha miado logo. ─ concordou Paulo.
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CARROSSEL - Ano da Formatura
Teen FictionNós vimos eles se conhecerem. Nós vimos eles se tornarem Amigos. Nós vimos eles salvando um acampamento. Nós vimos eles salvando uns aos outros. Nós vimos eles se apaixonando. Agora, é chegada a hora de ver eles darem o último passo rumo ao resto de...