Capítulo 6

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Entre ensaios, trabalhos, provas e lições, o tempo foi passando depressa. Os ensaios às segundas ainda não eram propriamente ensaios, seguiam mais como reuniões para ideias e momentos para que os jovens pensassem em seus futuros. Cirilo continuava saindo com Emanuelle, e Maria Joaquina seguia se esforçando para não destratar os amigos ou o ex-ficante, apesar de ainda morrer de ciúmes.

Fevereiro passou, março voou, e quando viram, já era abril, e o campeonato de skate do qual Alicia participaria chegou. Ela estava treinando muito, diariamente, e se sentia pronta, mas não ao todo confiante. Várias vezes pensou em desistir, mas os amigos não deixaram. Continuaram a incentivando e apoiando, e quando chegou o dia da competição, apareceram em peso, alguns inclusive acompanhados.

─ Paulo, eu não acredito que os seus pais vieram me ver competir. ─ Alicia estava pálida, vendo os pais do namorado conversando com seus próprios pais ─ Que vergonha.

─ Gatinha, eles nos veem andando de skate juntos desde crianças. ─ riu Paulo ─ E nem eu, nem a Marcelina, chamamos eles. Minha mãe simplesmente perguntou que dia e horário seria o campeonato, porque eles faziam questão de vir e te prestigiar.

─ E se eu for eliminada de cara, Paulo? Na frente dos seus pais, dos meus pais? Dos nossos amigos? ─ se desesperou Alicia.

─ Amor, eles não estão aqui para te ver vencer. Estão aqui para te apoiar e te dar força para realizar esse sonho. Independentemente do resultado, tenha certeza, os meus pais, os seus, os nossos amigos... Todos estão muito orgulhosos de você! ─ garantiu Paulo, segurando o rosto dela com carinho e lhe dando um selinho ─ Ah, e tem mais uma pessoa que veio te ver competir.

─ Ai meu Deus, quem? ─ se preocupou a garota.

─ Eu.

─ Alan? ─ ela se virou, encontrando o afilhado do avô ali ─ Não acredito que você está aqui!

─ Você acha que eu iria perder esse momento? Eu te vi ralar os joelhos no skate mais vezes do que posso contar. ─ riu o rapaz, a abraçando ─ Quando o Paulo me mandou mensagem, eu fiquei muito orgulhoso!

─ Paulo. ─ ela repreendeu o namorado, mas sorria.

─ Eu sei que você queria muito que o seu avô estivesse aqui, amor. ─ a menção do Sr. Campos provocou lágrimas em Alicia.

Samuel Campos havia falecido no ano anterior, vítima do Coronavírus. Apesar de viver isolado no sítio que abrigava o acampamento PanaPaná, o homem idoso não tinha mais condições de cuidar do local sozinho, então precisou continuar recebendo alguns funcionários ocasionais para a manutenção. Em uma dessas "visitas", acabou infectado. Foi rápido, mas não indolor. Mal puderam se despedir do homem, reunir a família... Algumas semanas depois, mesmo em meio a pandemia, os amigos resolveram se isolar no PanaPaná com Alicia. Acompanhados de alguns dos pais, que não trabalhavam, foram "quarentenar" juntos no sítio, cuidando do local, uns dos outros, e principalmente, da marrentinha que estava com o coração partido.

Foi só ali, naquele momento, que Alicia percebeu que não via Alan desde antes da morte de seu avô.

─ Como você está? ─ ela perguntou para o "primo" de criação.

─ Ainda dói. Eu queria ter ido me isolar com vocês no PanaPaná, mas as minhas aulas da faculdade estavam puxadas, mesmo com o EAD. ─ relatou Alan, sorrindo triste.

─ É, quando as nossas aulas voltaram, foi meio difícil ir acompanhando com a internet de lá. Por sorte, nós todos éramos da mesma sala, acabou facilitando. Se fosse cada um de um curso, ou turma, o esquema tinha miado logo. ─ concordou Paulo.

CARROSSEL - Ano da FormaturaOnde histórias criam vida. Descubra agora