Capítulo 25 - Abelhas odeiam coelhos

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     Marcela está sentada na calçada da escola. Dois ônibus de viagem grandes ocupam a área onde geralmente é proibido de estacionar e, pela mochila cheia nas costas dela e dos demais alunos que a circulam, todos almejam ocupar os veículos o mais breve possível. A coordenadora da primeira série os chama por ordem alfabética e considerando que são quase oitenta alunos, vai demorar para que Marcela consiga entrar.

Lucas está aqui também, ignorando-a junto com Daiana. Sérgio está falando no telefone há alguns minutos, seus pais são mais preocupados que os dos demais. E Giulia acaba de descer do carro da mãe, carregando uma mochila verde-água. O cabelo cresceu e é notável a raiz castanho-claro de seus fios cor de rosa. Marcela se levanta para ir até Giulia, não a via há mais de uma semana – tempo passado desde as apresentações. Giulia não foi para a escola depois daquele dia, perdeu duas provas, e Marcela torceu para que não perdesse a viagem também. Três dias em uma reserva para o trabalho final de biologia era a melhor coisa da primeira série dessa escola e um dos principais motivos para os matriculados.

— Tudo bem, você sentiu minha falta, já entendi — sussurra Giulia, começando a se afastar após o longo abraço de Marcela. Essa tem um bico enorme nos lábios. — Também senti saudade, Ma, eu só precisava de um tempo longe.

— Até de mim? — E franze a sobrancelha. Giulia suspira.

— De todo mundo — ri, enfiando as mãos dentro da jaqueta de couro preta. — Só que essa trip não acontece duas vezes na vida. Ih! Já passou do G. — Arregala os olhos. — Nos vemos no caminho! — grita enquanto corre até a coordenadora com o papel na mão, essa lhe lança um olhar de reprovação antes de mandá-la entrar no ônibus.

Marcela procura Sérgio, ele está guardando o celular no bolso da calça jean preta antes de alcançá-la. Está encarando Giulia, que sobe os degraus depressa e sem olhar para trás.

— Eu pensei que a Giu não vinha — comenta, confusa, e encara Marcela. — Você sabia? — A tristonha balança a cabeça negativamente. — Oh! Ma... Eu sei que vocês sonhavam com essa viagem como um marco. — Passa os olhos por Lucas rapidamente, ele ignora. — Mas ainda é incrível. Vamos fazer ser incrível mesmo sem ele.

— Você fala como se o Lucas estivesse te ignorando também. Não precisa ficar comigo, sério. Essa viagem vai ser muito mais divertida sendo amigo dele do que meu. Estou 100% queimada entre os populares. — Suspira. — O que foi?

Sérgio está rindo e vai abraçar Marcela. Ele é bem quente e ela aceita o gesto.

— Obrigada por não me ignorar — sussurra Marcela.

— Você é a melhor amiga do Tadeu e ele vai sacar isso rapidinho. Errou, mas está arrependida. É assim que amizades funcionam. Eu não vou ignorar a Giulia porque ela errou, por exemplo, e você não merece o que o Tadeu tá fazendo. — Ela concorda com a cabeça, mas é um gesto jogado no lixo, porque por dentro acredita que merece sim todo o ressentimento dele. — Será que ele falou com a Daiana? — Olha para a menina na janela do primeiro ônibus. Eles ficaram separados, já que a coordenadora acaba de iniciar a chamada para o segundo ônibus.

— Importa? Ela achou um jeito de manipular, no fim. Daiana venceu e olha que nem apostou.

Olha para a coordenadora quando essa chama por Lucas Tadeu Valério Castillo, Marcela gosta do nome dele, mas geme baixo quando o seu vem na ordem. Em outras ocasiões, ter nomes tão próximos rendeu viagens incríveis, nessa ela só tem vontade de ir para casa. Afasta-se de Sérgio e engole em seco.

⚢ Não Se Apaixone Por Ela ⚢ [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora