cap.3 Jordana

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  Somente arrumei minha bolsa e pedi um táxi rumo a casa do Sr Medeiros.
Não demorou muito e eu cheguei, com toda glória e ansiedade. Quando olhei para aquela casa enorme só pude pensar em quão trabalhoso deve ser limpar e arrumar tudo, espero que tenha outros empregados.

O grande portão me intimidava, me sentia uma formiguinha perto daquela mansão, mas bola pra frente que atrás vem gente.
Apertei o interfone e acredito que algum segurança atendeu. Falei quem eu era e que tinha uma entrevista marcada com a senhora Olga. Ele pediu pra esperar que tinha alguns protocolos a seguir. Eu pensei, mas que porra de protocolo é esse? Mas tudo bem né fazer o que. Passado-se alguns minutos um homem forte e alto abriu portão.

— Bom dia senhorita Andrade, me chamo João. E antes de entrar a senhora precisa fazer um teste rápido de covid, devido a condição do Sr Medeiros e pela segurança de todos.

Eu apenas assenti e pensei que
condição? Será que ele tem a saúde comprometida? entrei naquele casarão lindo e bem cuidado.

  Entrei em uma guarita e outras pessoas acho que uma enfermeira me ajudou a fazer o teste que logo deu negativo.
Depois disso então fui liberada a entrar na casa. Uma senhora muito bonita e simpática me esperava com um sorriso no rosto.

— Bom dia minha jovem. - ela disse

—Bom dia senhora Olga, muito prazer.

Ela me mandou entrar e não pude deixar de ficar impressionada com a beleza daquele lugar. Até o cheiro era de carro novo. Sem contar que eu pude sentir um cheiro de perfume masculino que eu não seria mais capaz de esquece r. Me parecia muito com o cheiro de malbec, mas acho que seja algum perfume importado. Como se quem o usasse estivesse acabo de passar, pensei, - o dono da casa deve ter saído a pouco e o cheiro ficou, caralhooo que perfume é esse?

Olga me tira dos meus devaneios me chamando pra cozinha pra começar a entrevista.

— sente se minha querida. Vamos começar.

  Me sentei ainda meio atordoada e nervosa.

— Então, você me parece jovem e bem... não aparenta já ter trabalhado nesse ramo. Por que quer preencher a vaga?

Lhe respondi :
— Realmente nunca trabalhei porque eu apenas estudava, estava começando a faculdade de direito, mas tive que trancar por que a empresa que o meu pai tinha acabou falindo devido a pandemia. Ele entrou em um quadro de ansiedade e agora eu preciso de um emprego pra ajudar em casa e quem sabe voltar a faculdade.

— Que pena querida, eu sinto muito por vocês e todos os empregados do seu pai que perderam o emprego. Enfim, eu queria saber se você é uma pessoa paciente, por que vai precisar ser pra se dar bem com o Henrique, ele é um jovem de 28 anos, mas a alma está de um senhorzinho de 70. Não devia falar, mas de qualquer forma você vai ve-lo.
Ele sofreu um acidente de carro à um ano e acabou ficando paraplégico, o médico disse que havia possibilidade dele voltar a andar, mas ele se culpa pelo acidente que matou a ex noiva, e se recusa a fazer o tratamento, dizendo que esse é o seu castigo.

  Ouvindo isso fiquei muito triste por ele, não é justo o que ele está fazendo consigo mesmo.

— Ele se tornou retraído, não vai mais a empresa só trabalha daqui de casa pelo escritório, não sai, não quer se relacionar com ninguém, as vezes fica até meio arredio. E muito importante, não o olhe com pena. Não encare muito para cadeira. ‐ Olga fala com sinceridade.

— Claro, com certeza ele não é digno de pena e sim de admiração. Pelo jeito tem um coração muito bom. O fato de se sentir culpado pelo acidente mostra que ele não pensa somente nele mesmo.

— Verdade. Precisamos de mais uma empregada, porque como pode ver a casa é grande, eu ajudo no que posso, mas já estou chegando na idade. Temos a Luiza, que será sua parceira na faxina. Pra cozinha já tem a cozinheira, e outro detalhe. Eu consegui convencer o senhor Medeiros que precisa ficar alguém aqui durante a noite. Por isso é muito importante que você tenha disponibilidade de dormir aqui. No caso dele precisar de alguém ou uma emergência, os seguranças estão muito longe. E ter alguém por perto seria o ideal.

Quando ela falou isso me deu um gelo na espinha, dormir aqui? Mas quando ela me mostrou o valor do salário eu concordei na hora, não sou interesseira, mas convenhamos meu pai faliu e com esse salário eu posso manter a casa e voltar pra faculdade.

— Vesse tempo de pandemia então. Não podemos correr o risco então vc ficando aqui é mais seguro que ficar indo e vindo de ônibus ou táxi todos os dias. Você não vai ficar presa aqui, os finais de semana você vai pra casa ver sua família. Voce tem namorado?

— Não senhora.

Pois bem, agora é com você. Aceita a vaga?

Nem pensei pra responder.
— Com certeza aceito.

Ela falou:
— Certo, vou te levar agora pra acertar todos os documentos com o senhor Medeiros. Ele está no escritório dele boa sorte, você vai se dar bem no trabalho.

Eu agradeci e seguir a simpática senhora até o escritório do meu chefe. Não sei por que, mas estou muito ansiosa.
Ela deu três batidinhas na porta e ouvi um pode entrar, aquela voz me arrepiou na hora.

Ela entrou e ficou alguns segundos, depois voltou a mim e disse que eu poderia entrar. Quando passou por mim deu um aperto de leve em minha mão.
Sorri pra ela e entrei.

— Com licença. Bom dia senhor.

quando levantei a cabeça que vi aquele homem atrás daquela mesa meu coração errou uma batida. Ele é extremamente lindo, elegante, misterioso, o olhar dele era muito forte e intimidador. O perfume que eu senti realmente era o dele, ele me olhou no fundo dos olhos e por fim falou.

— Bom dia senhorita...

Eu completei  — Jordana Andrade.

— Senhorita Jordana Andrade, se Olga lhe enviou até aqui é porque lhe acha capacitada, mas queria lhe fazer uma pergunta. Uma jovem como você não me parece precisar desse emprego, não deveria estar com as amigas no shopping?

Lembrei do que Olga me falou que eu precisava de paciência. Respirei fundo e por fim respondi:

— Não senhor, nunca fui muito de sair com amigas. Antes de eu precisar trabalhar eu estudava.

Ele perguntou: — E o que fez a senhorita precisar trabalhar agora?

Caralho eu não já passei na entrevista? Mais perguntas? Pensei chateada, mas respondi educadamente.

— A empresa do meu pai faliu. Agora eu preciso ajudar em casa e terminar minha faculdade.

—  Entendo, já está ciente que terá que dormir aqui não é? Não que eu ache que precisa, mas Olga cismou que eu tenho que ter alguém aqui durante a noite. Ela acha que por que eu estou nessa cadeira sou uma criança que precisa de babá.

— Realmente eu também acho que não precisa por causa da sua condição em si. Mas todo mundo precisa de alguém durante a noite caso tenha uma emergência. Passar mal, ou coisa assim.

Me arrependi na hora que falei, ele me olhou um pouco surpreso com o meu comentário. Mas não falou nada e já foi pegando uns papéis na gaveta. pediu minha carteira de trabalho,
eu lhe entreguei e mais alguns documentos. Ele começou assinar tudo direitinho, falou que a noite mandava o motorista me levar até minha casa pra pegar minhas coisas.
Quando terminou tudo ele me entregou minha carteira e me estendeu a mão em forma de cumprimento.

— Espero nos darmos bem senhorita.

Quando apertei sua mão senti na hora uma quentura no corpo todo que com certeza minhas bochechas ficaram da cor de um pimentão.

— Nos daremos bem sim, Sr Medeiros.

— Olga lhe dará as coordenadas. ‐ falou me olhando nos olhos.

— Sim senhor com licença.

Sai daquele escritório com o coração a 399 batimentos por minutos. Meu corpo todo vibrava com o toque daquele homem e minhas pernas estavam moles. O olhar dele é extremamente forte, penetrante. Confesso que fiquei super desconcertada, mas também o ohei no fundo dos olhos. Respirei profundamente e
Fui atrás de Olga pra começar meu trabalho.

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