cap.10

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Jordana.

Acordei durante a noite pelo barulho dos trovões, pra falar a verdade não me assusta nem um pouco, eles mostram o poder de Deus. Peguei um livro pra me distrair enquanto o sono volta, quando terminei de ler a segunda página ouvi um grito, parecia ser um grito de desespero. Depois outro, aí eu corri em direção ao quarto dele. Ele estava tendo um pesadelo, seu rosto parecia estar em sofrimento, pulei na cama e o puxei pra meu colo, chamei seu nome até que ele acordou. O jeito que ele me olhou cortou meu coração, ele parecia assustado e envergonhado.
Não precisa meu amor ter vergonha de mim, estou aqui por você.

Ofereci um copo com água pra ele e logo se acalmou. Dormiu agarrado a mim como uma criança assustada e eu fiquei pensando a quanto tempo ele sofre com esses pesadelos, demorei um pouco a dormir pensando e orando.

Agora são 6:00 dá manhã e meu celular alarma lá do meu quarto. Me soltei dele de vagar e fui me arrumar pra começar meu dia de trabalho. Deixei um beijo na testa dele e me assustei quando percebi o quanto já estou envolvida com esse homem, o quanto quero ele do meu lado e ve-lo feliz.

Segui em direção ao meu quarto e me arrumei. Em seguida já fui preparar o café. Luiza chegou e foi arrumar o escritório dele, aproveitar que Henrique não estava usando, Por volta das 8:50 ele saiu do quarto. Um pouquinho atrasado, mas em consideração a noite que teve, é compreensível ter acordado mais tarde.

— Bom dia.

Só falou isso. Estava com semblante  sério.

— Bom dia.

Também só respondi isso. Ele poderia estar de mal humor e eu não queria tirar a paciência dele com perguntas. Lembrando que ele é uma pessoa com feridas sentimentais e pode apresentar comportamento um pouco retraído.

— Já tomou café?

Ele perguntou

— Já sim, você demorou um pouquinho hoje.

— Tudo bem. Acordei um pouco tarde porque tive uma noite difícil. - falou como se eu não soubesse. — Mas um anjo cuidou de mim.

Falou com um sorriso de lado e eu me derreti.

Não demorou muito e ele terminou o café e me pediu pra chamar o Sr Antonio, o motorista. Foi em direção ao escritório e logo voltou, enquanto o motorista não chegava ele ficou me olhando sério, sem expressão nenhuma que eu pudesse desvendar.
O Sr Antonio chegou e ele falou:

— Bom dia Antônio, te chamei aqui porque quero que me leve no centro. Então por favor pegue o carro.

— Sim chefe. –E saiu.

— Tenho uma surpresa pra você depois, uma não, duas.

Ha não, eu sofro de ansiedade, não faz isso comigo não.

— Você vai gostar. Tenho certeza

— Então fala logo.

— Aí vai deixar se ser surpresa.

Nessa hora o motorista chegou dizendo que já tinha pegado o carro. Ele me olhou e sorriu pra mim sem mostrar os dentes e saiu.
Seria exagero falar que já estou com saudade?

Henrique.


Eu estou disposto a fazer qualquer coisa por essa mulher. Ela está fazendo por mim coisas que ninguém faria, ela está curando uma parte de mim que eu achei que já estivesse morta.

Estou indo agora a um cirurgião fazer uma consulta, exames o que for necessário pra saber se eu posso andar novamente. Não tenho hora marcada, mas o médico é caro, não acredito que vá está lotado.

***
Chegando na recepção da clínica, falei com a atendente que queria uma consulta com o especialista em traumas de coluna. Ela me informou que o Dr só estava com um paciente e o próximo seria eu. Esperei uns 25 minutos até que ela me chamou.

Entrei naquela sala fria e branca, queria a Jordana aqui comigo, mas não quero criar falsas esperanças nela caso não tenha jeito. E se tiver jeito quero lhe fazer uma surpresa.

— Bom dia doutor. - cumprimento o médico.

— Bom dia senhor Medeiros. Qual o motivo da consulta?

— Então Dr. Fonseca, a um ano eu sofri um acidente de carro que me deixou nessa cadeira. Nunca tinha procurado nenhum médico pra avaliação depois que tive alta do hospital. As vezes eu sinto minhas pernas formigar e a alguns dias atrás minha namorada encostou sem querer a panela quente em minha perna e eu senti dor.

— Pela minha experiência posso lhe dizer que você não teve uma lesão na medula espinhal, ou coluna cervical. Porque se você tivesse uma lesão séria, suas pernas teriam atrofiado e você não sentiria nada nelas. Seria como se elas estivessem mortas, mas para confirmar vamos fazer alguns exames de imagem e de sangue, certo?

— Ok, podemos fazer.

O médico me enviou pro laboratório pra colher sangue. Fiz vários exames pra testar hormônios, colesterol, diabetes...tudo. Depois os exames de imagem, os que mais me preocupam. Vários tipos de raios x, tomografia, ressonância magnética.

Quando terminei fiquei esperando em uma sala privativa, pouco mais de uma hora se passou eu já estava agoniado, ansioso. A enfermeira que colheu meu sangue me chamou pra ir até a sala do médico novamente, ela abriu a porta pra mim e eu a segui com minha cadeira que graças a Deus é elétrica, por que eu não conseguiria empurrar de jeito nenhum, estou tremendo.

Continua...

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