cap.9 Henrique

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Não acredito que ela disse aquilo, me deu uma vibração por dentro, uma expectativa enorme, mas ao mesmo tempo um desânimo. Não tem como nos relacionarmos nesse tipo de posição, eu não tenho movimentos nas pernas, acho que não teria como.

Isso me fez pensar na possibilidade de procurar um médico, um especialista. Talvez esse seja um fetiche dela e eu quero poder realizar, se eu voltar a andar poderemos fazer qualquer posição, até plantar bananeira se ela quiser.

Levantei da cama com muita dificuldade, porque não queria sair, o cheiro dela estava no meu lençol.

Tomei um banho caprichado, tive que acalmar alguém aqui em baixo que só pensava nela. Quando terminei meu banho e relaxei fui tomar cafe, na expectativa de encontrar com minha princesa. Não posso chama-la de namorada porque não fiz o pedido ainda, mas estou planejando um pedido bem especial, que ela nunca vai esquecer.

Quando cheguei na sala de jantar, Olga estava pondo a mesa, olhei pros lados e não a vi. Olga falou:

– Ela foi arrumar o andar de cima.

Eu estranhei seu comentário.

— O que? Ela quem? - perguntei a minha funcionária.

— Há menino, eu te conheço desde que nasceu. Tá escrito na sua testa que está procurando a jordana.

Nossa, não imaginei que estivesse tão na cara assim, mas não falei nada com Olga, se ela já sabe do meu interesse pela jordana, paciência. Não estou cometendo nenhum crime.

Terminei meu café e comecei a trabalhar. Hoje com um entusiasmo maior, parece que as coisas ficaram mais fáceis de resolver e tinha o assunto de procurar um médico que me deixou bastante animado pensando em tudo que poderemos fazer. Não só a parte do sexo, mas como também as coisas simples que todo mundo faz e que nesse estado eu não consigo.

Talvez ela tenha razão quando me propôs procurar um médico. Ela merece alguém inteiro perto dela.

O dia passou rápido, quando dei por mim estava na hora do almoço. Fui pra sala e lá estava ela ajudando Luiza  Linda como sempre, seu cabelo ruivo na altura dos ombros, lhe proporcionava uma inocência e ao mesmo tempo um poder que não sei explicar. Ela não é tão alta acho que 1,60 no máximo. Se eu puder ficar em pé um dia, ficarei bem maior que ela, tenho 1,83. O corpo dela é perfeito, seios médios, nem gorda nem magra de mais, mas isso é apenas um bônus que veio com a pessoa incrível que ela é. Se ela fosse feinha, desengonçada ainda assim gostaria dela. Não tem como não gostar de uma pessoa que não me olha diferente, que não enxerga em primeiro lugar minha limitação e sim enxerga a mim como uma pessoa normal.

Luiza serviu o almoço e ela ficou na cozinha. Acho que me pareceu envergonhada, acredito que foi pelo que ela disse mais sedo, mal sabe ela que eu vou lutar pra isso se tornar realidade.

Luiza se retirou e eu fiquei almoçando. Quando terminei ela veio tirar a mesa, quando nossos olhos se encontraram ela ficou com as bochechas vermelhas  meu Deus, qual mulher ainda tem essa reação nos dias de hoje? Ela se aproximou olhou pra mim e sorriu tímida, minha vontade é agarra-la aqui mesmo, mas me controlei. Quando ela tirou a mesa por completo me deu um selinho rápido e foi lavar a louça. Eu voltei pro meu escritório e fiquei lá a tarde toda.

Quando saí já era umas 7 da noite, a casa estava silenciosa. Chamei por ela que saiu do seu quarto com cheiro de sabonete. Disse:

— Vai tomar banho que eu já coloco o jantar.

Obedeci né, manda quem pode obedece quem tem juízo.

Quando terminei meu banho fui pra cozinha e fiquei próximo ao balcão da cozinha americana. Ela estava perto do fogão e a roupa que ela usava devia ser considerada crime usar, uma leggin super apertada e uma blusa que mostrava um pouco a barriga.

Ela disse:

— Vai lá pra mesa. Vou te servir, a cozinheira deixou tudo pronto.

Eu olhei pra ela com vontade de jogar no meu colo e beijar até cansar.

— Não tem necessidade de colocar mesa. Estamos só nos aqui, você ja jantou?

Ela respondeu que não. Então completei:

— Pronto, então vamos jantar no sofá  assistindo um filme.

Eu sou uma pessoa simples, o status e trabalho me fazem ser quem não sou. Pra que aquele exagero de colocar mesa se é só pra mim mesmo e também
assim aproveito ainda mais a companhia dela.

Enquanto procurava o filme ela chegou com uma bandeja. Colocou na mesinha de centro e sentou me olhou semicerrando os olhos e falou:

— Espertinho, já está escolhendo o filme né?

Eu ri do jeito que ela falou e joguei um beijinho. Acabou que ela escolheu o filme ela sempre ganha e comemos por ali mesmo.

Já era tarde da noite, nós dois no sofá deitados, ela com a cabeça no meu peito, era como se eu estivesse no paraíso. O filme acabou, e eu deixei ela livre pra escolher se ia dormir comigo no meu quarto ou ia pro quarto dela.

— Já está tarde vamos dormir. - Ela disse com carinha de sono.

Eu rapidamente sentei na minha cadeira, me despedi dela com um beijo não muito longo pra não acordar quem já estava dormindo, sei que hoje ainda não é nosso dia.

— Boa noite, Jordana.

— Boa noite, Henrique.

Fomos dormir. Hoje me senti na obrigação de agradecer a Deus pelo dia, e pelo presente que ele me deu colocando aquele anjo em minha vida.

Rapidamente dormi.

                           ****

( Vou dormir com meu irmão. Não quero mais brigar.

—  Vamos pra casa, eu durmo no sofá.

Raios, trovões.

Uma luz forte, um grito de meu Deus!

Depois a escuridão)

— Henrique! Henrique acorda! Pelo amor de Deus.

Quando ouvi essa voz assustei. E os raios e trovões não eram só personagens do meu pesadelo, chovia forte lá fora. O barulho do trovão era assustador, semelhante ao barulho que estava dentro de mim.

Ela me abraçou forte e falou:

— Já passou, já passou foi só um pesadelo. Estou aqui.

Eu lhe abracei como se ela fosse meu bote salva vidas, e realmente ela é.

— Você estava gritando e chorando muito. Pensei que estivesse acontecendo algo, vou pegar uma água pra você.

Eu estava muito constrangido. Não queria que ela me visse nesse estado,
logo ela voltou com um copo com água, eu tomei e me acalmei um pouco.

— Isso vai passar, essa culpa, esses pesadelos. Deus é um pai de amor. Você vai se curar, eu te prometo que tudo vai ficar bem, vamos fazer uma oração?

— Eu não consigo.

— Tudo bem, eu oro e você me acompanha silenciosamente. Se quiser converse com Deus no seu íntimo, ele está te ouvindo.

Então ela começou falar com Deus. Naquele momento senti uma paz. Não sei se porque ela estava comigo, ou por causa da oração, acho que os os dois.
Só conseguir ouvir quando ela já estava terminando:

— Cure, ó pai o coração dele e lhe mostre que ele não tem culpa do que aconteceu... amém!

Só ouvi o final da oração. Mas já me sentia melhor. Ela veio até mim e me beijou, um beijo com remédio que curava aos pouco os machucados e traumas que eu tinha na alma.

Depois do beijo invertemos a posição que geralmente homem e mulher dormem, ela deitou e colocou minha cabeça em seu peito nesse momento era ela quem me protegia e me acolhia. Começou fazer carinho em minha cabeça, e ouvindo as batidas do seu coração eu dormi, um sono leve e tranquilo.

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