48 Km/h

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Passos. Apenas passos. Era apenas o que ele ouvia, o som de passos. O som de seus próprios passos. Diferente do que ele esperava, o som era abafado, como se estivesse andando sobre algo fofo como areia. Ele não conseguia definir de fato se estava andando sobre areia, ou sobre algo que se parecia areia, por mais que a sensação fosse familiar. Tudo estava escuro, ao ponto de que não podia se ver nada em qualquer direção. Suspirando pesadamente, ele percebeu que o seu cansaço era não só evidente, era algo que todo seu corpo denunciava por meio da dor e da exaustão. Sem saber onde estava e sem poder se orientar, a única coisa que ele podia fazer era seguir em frente, continuando a correr em uma corrida sem fim. A dor o incomodava e simplesmente o seu corpo pedia que ele parrasse. Se parasse de correr a dor iria parar. Aquilo era um pensamento óbvio, ele poderia descansar assim que parasse para que assim ele pudesse se aliviar da dor. Com o simples pensamento de relaxar, o seu corpo diminuiu o ritmo da corrida, desacelerando aos poucos.

Rápido...

"Rápido...? Como assim rápido?" Esse era o pensamento que rondava sua cabeça. Não tinha como ele continuar rápido. Ele estava cansado demais para correr, não havia como ele manter o ritmo atual que já estava diminuindo naquele momento. O correto era ele parar.

Rápido...

Novamente aquela voz em sua cabeça. Como continuar se mantendo rápido? Era impossível manter aquele ritmo, ele tinha que parar. Seu corpo começou a desacelerar ainda mais, e o seu corpo começou a relaxar, ao ponto de sentir o seu coração diminuir seus batimentos. Naquele momento ele sentiu algo estranho. Era como se todo o seu corpo estivesse parando, como se o calor da vida estivesse se esvaindo de seu corpo.

Rápido...

Um terrível pressentimento passou em sua cabeça. Se parasse provavelmente pararia para sempre. Talvez ele morreria ali. Ele não podia morrer ali, não daquela forma. Mas ele tinha que parar. Ele sentia que seu corpo não conseguia continuar.

Rápido...

De repente ele parou. Não de correr, mas de apenas concordar com seus pensamentos. Aquele pensamento de não poder continuar parecia... errado. Não, era errado. Ele tinha que continuar. Não era uma questão sobre continuar ou não, aquilo era uma questão de vida, da sua própria vida. Ele sentia que a sua própria vida estava se esvaindo aos poucos, que o cansaço o dominara cada vez mais, o forçando a parar. Agora era uma questão de se ele continuaria ou não, uma luta onde sua vida estava em jogo. Ao mesmo tempo que seu corpo estava exausto e seu ritmo diminuía, ele sabia que não podia simplesmente parar. Ao mesmo tempo, ele sabia que teria que continuar correndo, mesmo não tendo uma direção certa ou até mesmo uma ideia do que estava por vir. Ele tinha que continuar, ele queria continuar.

Rápido...

Aquela palavra o fez lembrar de algo, uma frase que sempre ouvia constantemente. Uma frase que ouvia todo dia, sem parar, mas ao invés de uma frase de cobrança, era uma frase de motivação, uma meta, um único objetivo. Aquilo o fez lembrar de que ele era capaz de ir além, de que não estava simplesmente limitado aos seus próprios limites, que podia fazer muito mais do que ele sabia. Ele sabia que podia continuar correndo por horas e horas sem se cansar de fato. Mas principalmente que enfrentava seus próprios limites, indo sempre além. Tudo aquilo era uma questão de ir além dos próprios limites, de enfrentar seus próprios medos. Aquilo era mais que só um teste. Era seu atual limite.

Rápido...

Ele sentiu que ao perceber aquilo, ele sabia o que fazer. Não era uma questão de ser rápido, muito menos de manter com o ritmo atual. Ele tinha que correr, tinha que ser...

Mais rápido...

Ignorando todo o seu cansaço e dor, procurando se manter ativo, ele começou a acelerar, com toda a sua força. Os músculos ardiam em dor e cansaço ao mesmo tempo que cada músculo explodia em energia, reagindo ao constante movimento contínuo. Sua velocidade aumentou aos poucos, mas ele ainda sentia que aquilo não era suficiente.

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