𝐋𝐈𝐓𝐓𝐋𝐄 𝐆𝐈𝐑𝐋 | ʙᴇɴ ʙᴀʀɴᴇꜱ

00| prólogo

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A notícia corria a Internet toda.

"Elenco de Sombra e Ossos irá visitar os países em que esteve em primeiro lugar para fazer promoções de sua série inspirada na saga de livros de mesmo nome".

S/N não sabia se o Brasil seria selecionado, havia assistido a série poucos dias depois de ser lançada e a encontrou no TOP 10, sem saber exatamente a sua colocação, mas torcia para ser, afinal era apaixonada pelo elenco e por toda a história por trás do livro que originou a obra cinematográfica.

— Imagina poder ver todo o elenco na sua frente, será que eles venderão ingressos tipo fansign? - diz Catarine, amiga de longa data de S/N, extremamente fã da cultura asiática, apaixonada por Jessie Mei Li, ou melhor, por Alina Starkov.

S/N ri. A impossibilidade de ir é imensa, Catarine morava em São Paulo, a "capital" do país para o exterior, já a outra garota de cabelos e olhos castanhos nem ao menos havia visitado a cidade mais populosa do país.

— Fácil para você imaginar, minha cara, eu moro nos confins da Terra, quando esse buraco tiver importância, eu caso com... - fazendo uma pausa a procura de um nome conhecido em meio ao elenco novato da série. Ela lembra dele, o príncipe Caspian. - Caso com Ben Barnes. - Catarine cala-se por uns instantes antes de soltar uma alta e exagerada gaitada.

— Meu amor, até eu casaria com ele, e olha que eu prefiro uma laranja do que uma banana. - rindo toscamente da sua metáfora sexual, a garota de pele negra e cabelos encaracolados em tons de moreno iluminado zomba da amiga interiorana. - Olha, você sabe o que eu acho disso tudo... - tocando indiretamente no tema sensível à S/N, ela sente a amiga contrair-se do outro lado do telefonema.

— Você sabe que não é tão fácil assim, os seus pais são jovens, liberais, entendem a sua situação de conhecer o mundo. Tudo que eu conheço vem de experiências proibidas e escondidas... - um cochicho interrompe a fala da garota.

— Por isso eu digo que pais super protetores não funcionam. - comenta a paulistana. - Você não é mais uma criança, S/N, precisa conhecer e escolher os seus caminhos. - um suspiro surge.

— Eu sei, mas não é fácil sendo a filha exemplo do prefeito de uma cidade do interior.

— Você não é Filha-do-Prefeito, você é S/N, uma garota de 19 anos com um emprego, uma faculdade, romances e loucuras te esperando fora desse mundinho utópico que criaram para você.

Aquilo bateu como um balde de gelo na mente de S/N, ela não era mais uma garotinha protegida do mundo, ela era uma mulher aprisionada pelo próprio medo, vivendo na caverna de Platão.

— Eu farei o meu caminho a partir de hoje, não serei mais controlada.