Capítulo 36

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Um barulho de algazarra foi o principal motivo de eu acordar tão confusa. Abri os olhos lentamente e então vi toda aquela gente na estação.

Demorei alguns segundos pra me lembrar onde estava e relacionar as memórias de ontem com o que estava acontecendo agora. 

Pessoas correndo, malas e mais malas nas mãos de quase todos, vendedores do que parecia ser uma comida frita, pastel segundo seus gritos.

Olhei para o lado e Draco ainda dormia com sua capa sobre nós. Já não estava mais tão frio quanto na noite anterior e o silêncio que tomava conto de lá agora se transformara em barulho de conversas altas, gritos de mercadores e de um homem na beira de um trem gritando.

Não era qualquer homem em qualquer trem. Londres, era para onde estava indo o trem e consequentemente era o nosso. O homem gritava e gritava que o trem estava para partir e nós dois ainda estávamos lá, sentados no banco como se fôssemos mendigos sem teto.

Me empurrei da cadeira e puxei a capa de Draco a fim de acordá-lo. Ele resmungou um pouco ainda dormindo e eu xinguei já sem paciência.

Celina- Acorde! Draco seu desgraçado, vamos perder o trem!- gritei e ele arregalou os olhos olhando feio pra mim.- Vai ficar ai?- ele fechou os olhos, certamente ainda não entendendo nada do que eu falava e revirei os olhos.- Estou indo, bom fim de semana nesse banco.

Peguei minha capa e passei pelo meu corpo com a dele na mão para obrigá-lo a vir. Draco piscou apertando os olhos e finalmente entendeu a situação. Se levantou em um pulo e andou rápido para chegar até mim.

Já estávamos quase no trem quando ele começou a se mexer lentamente e não acreditei em tamanha falta de sorte.

Celina- Espere!- falei para o homem ainda na varanda do trem que a pouco estava chamando as pessoas para o trem, mas ele apenas me deu um sorriso de pena, mas seu deboche ficou aparente e fúria tomou meu corpo.- Maldito.

Draco- Vamos aparatar, ninguém vai ver e- o interrompi antes que falasse mais.

Celina- Claro, aparatamos na frente de vários trouxas indo em direção a uma cidade trouxa e depois o Ministério nos prende. Francamente, suas ideias são ótimas.

Draco- Eu acabei de acordar com seus gritos, dá um desconto.- disse puxando sua capa da minha mão e suspirando.- Vem comigo.- juntou nossas mãos e me levou até um encontro de paredes sem saída.- Aqui ninguém vai ver e vamos para o trem, não para Londres. Assim ninguém vai nos ver chegando lá por meio da magia.

Celina- O que está esperando? Vamos logo antes que alguém pegue nossos lugares.- falei quebrando o contato visual e ele apertou minha mão, a levando para perto da boca.

Draco- Da próxima vez- beijou as costas da minha mão ligeiramente.- me acorde com mais carinho.- antes que eu pudesse responder, aparatamos e chegamos de pé em um corredor do trem já em movimento.

Olhei em volta, o corredor era estreito, mas elegante de certa forma. Do meu lado esquerdo tinham janelas e mais janelas iluminando o interior do trem. Do lado direito tinha uma parede de madeira escurecida e portas com alguns espaçamentos, o que eu deduzi serem as cabines.

Celina- Da próxima vez, eu vou te acordar com a varinha no seu pescoço.- bufei soltando nossas mãos e procurando nosso bilhete do trem na capa, mas não achava.

Draco- Procurando por isso aqui?- perguntou tirando os bilhetes dourados do bolso com um sorriso presunçoso. Olhei irritada para ele e puxei os papeis de sua mão com rapidez.- Vai ficar chateada o resto do dia?

Celina- Talvez.- olhei para o bilhete e vi o lugar.- Cabine B número 7.- repeti para mim mesma começando a andar e olhar atentamente para as placas ao lado dos lugares.- Mas nunca mais entrego uma mala com meus pertences à você.- ele resmungou algo indecifrável e eu contive um sorriso fraco.

An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora