Capítulo 67

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Às vezes eu odeio viver. Mas aí lembro o motivo de estar viva: matar.

Não é matar qualquer um, não, isso nem sentido faria. Estou aqui para matar o desgraçado que me fez enlouquecer menos de uma hora atrás.

Estou de volta ao dormitório. Acabo de fechar a porta e vejo Ayla segurando seu vestido. Ela já está com as roupas de dormir, mas parecer inspirar forte o cheiro do vestido da festa, como se sentisse um perfume ou algo do tipo.

Ela se assusta quando me percebe e empurra o vestido para dentro da gaveta meio desajeitada.

- E aí? Mia fez a mágica dela na festa? - comento me jogando na cama com a cabeça latejando. 

Ayla fica um pouco tensa e arregala os olhos, encarando o guarda-roupas. 

- Se ela...?

- Sabe, a mágica dela de convencer pessoas - ela ainda parece desentendida, então explico melhor. - Conseguiram mudar a música ou não?

Seus ombros relaxam um pouco. 

- Ah, isso - ela suspira, aliviada - sim, no fim das contas sim.

- Já usou o banheiro? Tenho que tirar essa roupa com bactérias de adolescentes - resmungo, indo em direção à pia.

- Como se você não fosse uma - ela brinca e assente com a cabeça para que eu use o banheiro.

- Sou boa demais para ser comparada com aqueles... adolescentes.

Ela ri e fecho a porta atrás de mim. Depois de algum tempo, fiz um esconderijo melhor para meus venenos. Os escondi em um buraco de cerâmica que recortei da parede, mas preencho sempre que saio, então não dá nem para suspeitar que é um compartimento secreto.

Pego a caixinha e tiro o veneno da vez. Ainda não sou totalmente imune, mas minha resistência já se tornou boa o suficiente, eu acho. As náuseas não me atingem e não desmaio após tomar a dose diária.

Então está na hora. Hora de usar o veneno e matar Tom Riddle. 

Não é que eu ache que não consiga. É óbvio que mato aquele magrelo de olhos vendados. Mas existe aquela coisa. Sobre a poção preta. Algo que não me lembro ao certo, mas se parte de mim não quiser matá-lo, sou eu quem morro. 

Por isso não posso fazer agora. Minhas pernas ainda tremem ao lembrar do seu toque e meu corpo sente sua falta. Eu me amaldiçoo por isso, mas parece ser mais forte que eu. 

E aí vem o veneno, um remédio nada gostoso, mas já se tornou vício do meu corpo.

Eu me odeio por amar Draco e desejar Tom, mas isso é algo que acaba assim que eu passar a faca no pescoço dele. Acho que ando esquecendo meu objetivo. Tenho que matar esse desgraçado e voltar para meu garoto.

Mas também tem um porém. Com Pansy e Cedrico aqui, preciso dele para abrir a câmara. É uma merda, mas é o que é. Preciso dele por agora, depois posso me deliciar com sua morte.

Mais um problema: Pansy e Cedrico. Como faço para eles voltarem para nosso tempo, quer dizer, o tempo depois do meu.

Agora parte de mim deseja que Pansy tivesse me matado assim que chegou. Mas isso também só ia piorar as coisas.

Saio do banheiro e me jogo na cama. Ayla está virada para a parede e não posso ver seu rosto. Ela tem os cabelos amarrados em tranças para definir as leves ondas. Um cabelo ruivo realmente belo, assim como todo o resto nela.

Acho que no fim das contas é bom ser amiga dela. Ayla é o oposto de Pansy, totalmente tímida e generosa, enquanto Pansy era cruel e brutal. Ainda assim, sinto falta da minha cruel e brutal Pansy. 

Espero que possamos nos ver em breve sem ameaças por sua parte, Pan.


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⏰ Última atualização: Nov 25, 2021 ⏰

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An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora