Capítulo 15

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Narrador(a):

Tóxica. Tóxica era a palavra que melhor definia Celina. Até agora foi possível ver como conseguia manipular pessoas sem peso nenhum na consciência, mas por mais inofensiva que pareça, o que não parece, podia lhe surpreender com sua arrogância e pensamentos dos quais não se importavam com os outros, apenas consigo mesma.

Creio que se lembra da história da garota que se matou no aniversário de Celina, não? Bom, me deixe explicar com detalhes dessa vez para que não se engane a respeito da nossa protagonista.

Emily, sangue-puro, loira, alta e com certo julgamento precipitado para com as pessoas que desconhecia. Viu Celina entrar na escola e ser rapidamente excluída por seu sobrenome e as características que a tornavam reconhecível até mesmo há metros de distância.

A jovem Celina era nova demais para lidar com situações do tipo, mas aprendeu da pior maneira. Xingamentos e palavrões começaram a fazer parte de seu vocabulário constante, o dedo do meio era sua marca registrada para qualquer comentário dirigido a ela, mesmo que fosse um elogio. A garota não tinha amigos, apenas alguns fantoches que a admiravam o suficiente para comerem em sua mão.

Celina estava andando lendo um livro, distraída como o habitual, quando esbarrou na loira. De início disse apenas uma palavra, porra, até que subiu o olhar para a loira com os olhos cerrados observando cada movimento seu. "Pegue o livro" foram as seguintes palavras que saíram de sua boca, mas a loira ficou parada, fazendo Celina perder a pouca paciência que ainda tinha. "Pegue ou vai acordar com uma varinha apontada para você, desgraçada". Emily apenas sorriu, se abaixou e pegou o livro, logo endireitando a coluna. "O que faz com um livro desses, criança?" Perguntou vendo que o livro era da ala proibida."Creio tenha pego na estante errada..." Viu o rosto de Celina se fechar completamente. "Esse aqui não é nada comparado ao que tenho em meu quarto". Celina estranhou, vendo um sorriso se formar no rosto da garota, abriu um também, mas sem mostrar os dentes. "Guarde bem esse livro, pode te ajudar se tiver que... Matar alguém".

Depois daquele dia, seus encontros se tornaram constantes, não era uma amizade muito próxima, mas comparado às outras que a jovem White tivera, era a mais profunda, até conhecer os alunos de Hogwarts.

Celina passou a admirar Emily, passava boa parte de seu tempo tentando aprender os hábitos da garota para imita-los, também começou a se vestir da mesma forma e passar mais tempo com ela.

Na fase inicial da adolescência, geralmente os jovens procuram alguém para admirar, se espelhar e ter em mente como seu objetivo. Muitas vezes são cantores, atores, amigos ou até mesmo familiares. No caso da White Jones, essa pessoa era Emily, Emily Blinke.

O aniversário de Celina se aproximava e enquanto percorria os corredores de sua antiga escola, resolveu entrar para folhear alguns livros. Estava passando entre as estantes quando uma voz familiar chegou em seus ouvidos.

"Não me diga que realmente achou que estava com ela, aquela garota pode ter o rosto inocente, mas seus pensamentos são mais podres que suas palavras." Disse a voz de Emily, Celina parou e se escorou na estante para escutar melhor, não quis acreditar que aquilo realmente estava saindo da boca da garota que a dedicou tempo e afeto, a ensinou mais do que qualquer um, a quem sua personalidade foi feita com semelhança.

"Agora vocês me devem todos os Galeões que me prometeram. Tenho certeza que será difícil aturar suas palavras em seu aniversário, vai querer que lhe dê algo e o farei, afinal quem não quer uma White Jones aos seus pés?" Outras vozes riram e a cabeça de Celina faltou explodir.

Seus punhos se fecharam em forma de soco, as unhas longas cravaram em sua pele, suas mãos não ficaram apenas marcadas, mas sangue escorria por seus pulsos enquanto cerrava o maxilar e os dentes.

An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora