Capítulo 42

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Os arredores da Mansão Negra pareciam mortos, irônico até. Tinha um bosque ali perto, o jardim era imenso, mas muito sem vida. As poucas flores estavam murchas e a grama nem parecia planta devido à sua cor marrom manchada.

Não dirigi nenhuma palavra aos guardas que iam, cada um de um lado, me seguindo a cada passo que eu dava. Fui em direção ao bosque, olhando algumas vezes da direita para a esquerda procurando alguma chance de escapar e levar os outros dois comigo.

Mas era arriscado demais. A Mansão não estava muito longe e não duvidava que os guardas fossem poderosos o suficiente para servirem ao Lorde. Era quase uma situação sem saída, mas e sabia bem como enrolar até pensar em algo.

- Não sei se podemos ir ao bosque, senhorita.- disse um dos guardas ficando alguns passos para trás enquanto eu ignorava sua fala e continuava andando com o queixo erguido.

Celina- Foi ordenado a me seguir, não me dizer o que fazer ou não.- falei firme, sem dar brechas para contestações.- Desde que eu não saía dos arredores, não tem que falar nada. E, até onde eu sei, o bosque está perto o suficiente para não ser problema.

Percebi que os dois guardas se olharam, aflitos, mas logo voltaram a me escoltar. Eles sempre mantinham distância o bastante de mim, um metro cada, e ficavam um pouco mais para trás. Eles me respeitavam, mas também tinha algo além. Temiam, me temiam um pouco. Mas era pouco demais.

Fomos adentrando o bosque, as árvores altas e úmidas. O ar era pesado, sufocante. Um resquício de neblina cobria minha visão, mas ainda era possível enxergar. Os troncos das plantas eram marrons como carvalho de inverno, bonitas. O cheiro também não era nada mau. Lascas de madeira de inverno, um bom cheiro.

Mas não era hora de pensar em aromas, se fosse eu talvez tivesse percebido que se assemelhava ao cheiro de madeira que senti na Amortentia.

Meus sapatos já estavam com as solas meladas de lama, daquela terra úmida que cobria o chão do bosque. Tudo o que se ouvia por lá eram alguns rugidos de longe e o ranger de algumas árvores. Também dava para escutar o farfalhar das folhas contra uma brisa ligeiramente fria que por lá passava e o som de nossos passos na terra molhada.

Meus olhos procuravam atentos algum indício de Harry ou uma escapatória. Talvez eu pudesse derrubar os dois guardas puxando minha varinha com rapidez e fugindo por entre as árvores que traçavam um caminho confuso, mas Hermione e Rony ainda estariam prestes a morrer. E, mesmo que fosse muito rápida, seria difícil combater os dois de uma vez só.

O tempo foi se gastando e eu sabia que me restava pouco tempo. Se pelo menos Draco pudesse ajudar Hermione e Rony a escapar sem que ninguém visse... Mas eu sabia que ele não o faria, mesmo que não os desejasse mortos.

- Já está bom aqui, vamos voltar.- disse o guarda a minha direita parando de andar.- Temos que retornar antes do crepúsculo.- complementou. Não parei de andar, mas meus passos ficaram mais lentos.

- Ele tem razão, vamos antes escureça e nos percamos por aqui. O Lorde não aceita atrasos.- resmungou o da esquerda, parando de andar também. Quando percebi que não valia a pena lutar aquela batalha já perdida, parei de caminhar e me voltei para os dois que me encaravam.

Celina- Podemos esperar mais alguns poucos minutos ou...- tentei argumentar, mas vi que nem valia o esforço quando a cara dos dois guardas se fechou. Dei um aceno com a cabeça indicado que entendi e, quando estávamos prestes a fazer o caminho de volta, um vultou passou por detrás de mim.

Os guardas escutaram e viram uma silhueta passando de alguém, mas foi rápido demais. Eles se olharam, já tirando as varinhas do bolso, mas fui mais veloz. Tirei a varinha de dentro de minha saia e os impedi de qualquer ataca ao vulto.

An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora