Capítulo 27

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Narrador(a):

Sinto muito por minha ausência, mas acho que neste momento da história, ninguém melhor para narra-la que os próprios bruxos de Hogwarts, não?

De qualquer forma, vou ficar aqui por um breve instante, apenas para não dizer que sumi de vez, mas cá entre nós, eu já sumi nessa história quando participava dela.

Celina:

Calmaria. Ele era minha calmaria. Ele era meu oceano. Às vezes era tão sereno, noutras era a tempestade mais forte que qualquer mar já tenha visto, capaz de derrubar centenas de barcos ao mesmo tempo.

Acordei com um barulho baixo, um rangido da madeira da cadeira escura contra a porta. Meus olhos se abriram lentamente e, quando os abri, a escuridão do quarto somada às brisa fria me fizeram querer fecha-los novamente e fingir que ainda estava dormindo, só para não ter que levantar.

Isso me parecia novo. Já tinha lido isso em um livro, uma garotinha deitada com os braços da mãe em volta dela, a chuva caindo lá fora e sua mãe a acordando. "Só mais cinco minutinhos" ela dizia ainda com a voz sonolenta. No fundo, uma das coisas que eu mais queria era desejar esses minutos para alguém, só mais cinco minutinhos.

Me mexi um pouco e senti um braço por cima do meu ombro por dentro da coberta. Draco. Seria ele meus cinco minutinhos? Ou eu de fato estava destinada a nunca pronunciar essas palavras?

Draco- Já acordou?- perguntou com a voz rouca e grossa, me deu um pouco de frio na espinha.- feche os olhos, está cedo demais ainda.

Sim era cedo demais. Era cedo demais pra eu estar ali, na cama dele com seus braços em volta de mim. Era muito cedo pra eu desejar escutar sua voz rouca todas as manhãs, era cedo demais para os cinco minutinhos.

Celina- Como sabe que horas são?- murmurei baixinho para que ele não escutasse, mas não fundo eu sabia que tinha falado aquilo só pra escuta-lo mais uma vez.

Draco- Nenhum raio de sol tá atravessando as janelas.- eu ri fraco e escutei ele dando um riso em forma de suspiro. Nas masmorras, o sol nunca chegava.

Apertei meus olhos com força, algo dentro de mim implorava que aquilo não fosse um sonho e que, se fosse, não acabasse. Nunca.

Na verdade, estava mais pra um pesadelo. Ter que saber que em alguns instantes eu estragaria tudo, apenas por se tratar de mim.

Um pesadelo, estar em seus braços e saber que o perderia mesmo sem ele nunca ter sido meu. Preferia morrer sem nunca ter sido tocada por ele, porque pelo menos assim eu não teria que relembrar o toque de seus lábios nos meus.

Mas hoje em dia eu daria de tudo só pra poder sentir um único toque dele, apenas a ponta de seus dedos. Prometo que não pediria tanto, nem mesmo vê-lo novamente, ah não, eu não seria tão gananciosa assim. Apenas seu toque, é tudo o que eu peço, tudo o que eu sonho.

Eu viveria apenas para sentir seu toque, e foi isso o que eu fiz.

Respirei fundo e, quando estava prestes a me levantar da cama, ele se sentou e em seguida se levantou, calçou uma pantufa e caminhou até o armário.

Draco- Está rouca?- questionou pegando uma camisa, seu corpo estava nú, descoberto. Pude ver seus músculos ligeiramente marcados, seu peitoral e seus braços.

Celina- Eu não est- falei me sentando, mas parei quando vi um lençol amassado em cima da cadeira, era um dos que nós tínhamos usado ontem.- Por que o lençol ali? Você trocou os lençóis?- franzi as sombrancelhas e olhei para baixo confusa.

Draco- Esse é mais macio, estava muito frio então era melhor trocar.- voltou até a cama com a blusa jogada em cima do ombro. Ele poucos as duas mãos no meu rosto e, devagarinho, virou-o para ele.- Fica ainda mais bonita quando acorda, mas principalmente na minha cama.

An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora