Capítulo 52

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O dia amanhece fresco com uma brisa de bosque. Mesmo que eu não esteja acostumada a ficar em um dormitório como o da Corvinal ainda, admito que o ar que circula por ali é melhor que na Sonserina. É mais refrescante e menos úmido.

- O que acha desse? - A voz fina de Ayla ecoa pela loja. Ela me fez questão de me acordar cedo e conseguiu me convencer a vir até o Beco Diagonal.

- Não - Com certeza aquele vestido que ela estava sugerindo não entraria em meu guarda roupa. Era bonito até, mas nada eficiente para alguém que está planejando um assassinato.

- Só vai levar calças e blusas? Leve uma saia pelo menos - Claramente Ayla entendia de moda, mas não era disso que eu precisava.

- Já falei que não vou comprar muita coisa - Ela fez uma cara feia e voltou a revirar os cabides de roupas da loja procurando mais peças bonitas.

- Não sei porque disso, você é tão linda e ainda mais é a novidade de Hogwarts. - Eu quase reviro os olhos, mas estou concentrada olhando uma bota que me parece boa e confortável.

Também não tinha muito dinheiro. Antes sim, mas agora não posso mais mexer no patrimônio dos White ou Jones. Nem vi ninguém de minha família ainda, pelo menos ninguém que eu tenha visto em retratos pendurados na minha casa de outra época.

Vou até o balcão onde a vendedora está lixando as unhas enquanto Ayla e eu olhamos as peças de roupa. Coloco um par de botas pretas blindadas em cima da mesa com uma blusa de linho branca de decote e outra igual, mas marrom. Tem também uma calça cinza colada nas coxas e folgada na canela.

- Quanto fica? - Não enrolo e vou direto ao ponto. Ainda estou usando a calça de couro preta e a blusa branca social de Ayla, mas preciso de uma outra muda de roupas pelo menos. Vou precisar limpar o sangue de uma delas e ter iutra para usar.

A vendedora me olha de cima para baixo e ergue uma sobrancelha antes de pegar as roupas e analisar as etiquetas com códigos que só ela entende.

- 30 galeões pelas blusas e 40 pela calça. As botas faço por 10. - Olho para ela quase a enfeitiçando pelo olhar.

- Dou 40 por todas - Ela abre a boca para retalhar e barganhar melhor, mas entendo de roupas e valores, ao menos isso. - O tecido da calça é quase péssimo, as blusas têm tecido bom, mas a costura é visivelmente mal feita e as botas valem no máximo 6 galeões.

- Acha que entende de moda, menina? - Ela abaixa os óculos até o nariz e me encara. Levanto uma sobrancelha e me preparo para barganhar mais e mais.

- Aparentemente entendo mais que você, velha. - Nesse momento sinto a mão de Ayla pressionar meu ombro, mas não quebro o contato visual desafiador com a vendedora.

- Sabe de uma coisa? Vá procurar sua varinha enquanto eu negocio e levo algumas coisas para mim. - Por mais que eu odeie sair assim, sem ganhar, sei que o tempo é curto e tenho muito o que fazer ainda.

- Não vou pagar por nada a mais que você pegar. Quero só as botas e as blusas, deixa a calça pra trás. - Desvio o olhar para Ayla e ela assente com a cabeça. - Me encontre perto da loja ao lado, entrego o dinheiro lá.

Ayla assente e eu dou um último olhar para a vendedora, nos encaramos por uma fração de segundos antes de eu sair. O beco é diferente de como me lembro, do futuro, mas ainda assim tem lojas para tudo.

Depois de um longo tempo no Olivaras Varinhas, uma finalmente vem à mim. É um pouco diferente da minha antiga, que ficou perdida naquele dia na Mansão Negra.

Agora minha varinha é preta feita de Nogueira e Fibra de Dragão, bons materiais e o núcleo combina com meu tipo de magia. Pelo menos agora sei que não preciso de nenhuma faca, posso usar a própria varinha para matar o alvo.

An angle in hell // Um anjo no infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora