Capítulo 06

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AVISO

Esse capítulo contêm descrições de ataque de pânico e autolesão. Caso se sinta desconfortável, abandone a leitura.

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O tilintar de correntes batendo contra o couro era constante enquanto a pequena Klee pulava de forma animada nos próprios calcanhares, as mãos fechadas agarrando as alças de sua mochila para ela não balançar tanto enquanto seus enormes olhos focavam em seu irmão mais velho.

— Escolha uma mesa para nós, mas tome cuidado — ele disse, segurando um prato branco fora do alcance dela — Eu já vou me juntar a você.

Ela assentiu com a cabeça de forma animada, estendendo os braços tentando pegar o objeto, abrindo e fechando os dedos como se isso o trouxesse mais para perto.

O prato foi entregue, a menina o segurando como se fosse o tesouro mais precioso do mundo, mas provavelmente o que se encontrava nele era o verdadeiro tesouro. Um pedaço de bolo com uma cobertura branca externa e um interior rosado de dar água na boca, um pequeno morango querendo tombar para um dos lados.

Seus passos foram lentos, ela mal desviando a atenção da sobremesa enquanto caminhava, escolhendo a primeira mesa livre de encontrou, as correntes de seus chaveiros presos na mochila ainda balançando. O homem não desviou o olhar dela, até ter certeza que ela estaria bem acomodada.

— Gostaria de mais alguma coisa? — perguntou Kaeya ao terminar de escrever na comanda e entregar o papel para ele.

Albedo analisou o papel para calcular o valor gasto, franzindo as sobrancelhas em desaprovação e soltando um suspiro discreto ao fechar os olhos por um segundo.

— Tem que parar de mimá-la assim, não quero que ela cresça achando que tem privilégios desse tipo — lançou um olhar torto para Kaeya que soltou uma risada por entre os dentes.

— O que eu posso fazer? — balançou de leve a mão no ar antes de tocá-la de forma dramática no próprio peito — Ela é a garota que roubou meu coração — a frase foi finalizada com uma piscada.

— Então, presumo que o ruivo sentado ali no canto seja o homem que roubou seu cérebro — apontou com o olhar, não chegando a inclinar a cabeça para isso.

A atenção de Kaeya se voltou para a direção indicada, onde ele pôde ver Diluc apreciando algo que a vista da janela lhe proporcionava, a cabeça apoiada contra o nó dos dedos. Procurou não demorar ao observá-lo.

Não havia veneno na voz de Albedo, talvez uma leve provocação ou até mesmo decepção. A verdade era que o desinteresse normalmente adornava as palavras ditas por ele e eram raras as coisas que conseguiam fazê-lo perder a expressão estoica.

— Não vai dizer que ainda está irritado pelo bolo? — Kaeya o provocava, apoiando os braços contra o balcão de exibição de tortas e bolos — Ele nem era pra você e Klee já me perdoou há muito tempo.

— Qualquer criança de dez anos perdoaria uma pessoa que lhe presenteia com quatro quilos de bolo de chocolate.

— Cinco! — endireitou a postura, mostrando o numeral com os dedos e cruzando os braços em seguida — Eu fiz maior especialmente para ela.

Você não tem jeito mesmo... — Albedo balançou de leve a cabeça ao fechar os olhos.

Kaeya se deliciava com aquilo, sabendo que Albedo teria batido na própria testa se isso não fosse chamar tanta atenção, o sorriso malandro em seu rosto se alargou, contudo, não durou muito. Ele esperava que o loiro se retirasse e fosse se sentar com Klee, que ainda esperava pacientemente o irmão antes de começar a comer, mas, estranhamente, ele quis continuar conversando.

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