Capítulo 25

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Um casal de pássaros usava uma das correntes de vento que percorriam a cidade, manobrando no ar enquanto "conversavam" entre si, rodopiando com o bater de suas asas até pousarem em um grosso tronco de árvore, onde passaram a cantar de forma alegre.

O trânsito fluía de forma constante e tranquila devido à hora do dia. Um rapaz bem-vestido esperava uma boa oportunidade para atravessar a rua, dando uma breve corrida até o outro lado e ajeitando a gola polo, enquanto caminhava. Abrindo a porta da cafeteria, foi recebido pelo aroma de café e um ambiente preenchido por diversas vozes.

Duas crianças corriam ao redor da mesa em que os pais estavam sentados, um bebê chorava e balbuciava pedindo por mais doces, algumas adolescentes se empolgaram com um evento próximo e alguém ao fundo ouvia música sem fones.

Kaeya organizava uma das vitrines, recolhendo os mostruários vazios e mudando a disposição daqueles que ainda continham produtos para venda quando ouviu o toque do sino e viu o homem entrando ao erguer o olhar.

Recolhendo tudo e se levantando, deixou os utensílios na janela da cozinha, pronto para realizar o atendimento, contudo, ao girar nos calcanhares, surpreendeu-se ao ver que já havia alguém no caixa.

— Mona? — questionou, aproximando-se um pouco.

— Sim? — ela respondeu, terminando de anotar o pedido do rapaz.

— Quando... — apontou de leve, olhando para os lados sem entender de onde ela poderia ter aparecido.

— Não se preocupe, pode continuar cuidando da vitrine — o interrompeu, acenando no ar como quem o mandava embora enquanto digitava o valor a ser pago na máquina de cartão.

Algo não parecia certo, fazendo Kaeya inclinar a cabeça para o lado, entortando os lábios e ganhando uma expressão interrogativa. Mona percebeu o homem parado lhe encarando e, quando finalizou, jogou parte do cabelo para trás, exibindo o brinco de estrela de quatro pontas dourada que usava, assumindo uma postura confiante.

— Eu sei o que está pensando, não se preocupe — soltou uma risadinha vitoriosa antes de balançar o pequeno pedaço de papel no ar — Agora, tenho um pedido para atender.

Sem dizer mais nada, passou por ele com o queixo erguido e com um discreto rebolado. Kaeya a seguiu com o olhar até não ser mais possível vê-la pela visão periférica, em seguida, revirou os olhos e soltou um suspiro cansado, relaxando a postura. Sabia que Mona estava aprontando alguma coisa, porém, preferiu deixar como estava e retornar aos seus afazeres.

O tempo avançava e a cacofonia de vozes cessou, porém, a cafeteria estava longe de estar vazia, tendo diversos clientes solitários espalhados pelas mesas, fazendo o som da máquina de café quase dominar o ambiente.

Uma caneca transparente era usada, tendo uma camada extra de vidro onde dava a impressão do líquido estar flutuando em seu interior. O próprio expresso utilizado criava um degradê natural, mais escuro ao fundo, clareando até a metade do recipiente, deixado vazio de propósito. Faltando apenas um toque final.

Agarrando o objeto cilíndrico, o agitou de forma rápida em um movimento familiar realizado pelo pulso. Pressionando o topo com cuidado para o produto branco começar a sair de forma controlada, sendo necessário mais algumas balançadas e um pouco mais de força para todo o conteúdo sair.

O chantilly foi moldado em formato espiral, tomando cuidado para que a forma não se desfizesse antes da hora ao entrar em contato com a bebida quente. O processo foi repetido em uma segunda caneca previamente preparada e ambas foram postas na bandeja prateada onde já se encontravam dois salgados sobre pratos.

Faltando apenas os condimentos para a entrega do pedido, nem teve tempo de pegá-los quando viu uma cesta de plástico sendo posta sobre a bandeja, com Amber a pegando logo em seguida.

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