Quer Falar Sobre Isso?

Capítulo 05

O choque inicial havia passado, limpando qualquer resquício de sono que ainda poderia ter no corpo de Diluc, contudo, seu coração ainda batia rápido contra seu peito, demorando para se acalmar. Há muito tempo ele não recebia um beijo como esse e o gesto realmente o pegou de surpresa. Ele não esperou que estivesse totalmente bem para se levantar do sofá, acreditando que se manter ocupado ajudaria de alguma forma.

Os cobertores foram dobrados e levados junto com os travesseiros de volta para o quarto. Suas roupas estavam dobradas sobre a cama e ele as pegou antes de ir para o banheiro. Esperava que Kaeya não se incomodasse dele usar um pouco de condicionador para tentar domar os fios vermelhos, o fato dele não ter um pente não ajudava muito a situação de Diluc, mas, de alguma forma, ele conseguiu prender o cabelo em um rabo de cavalo alto.

O tecido fino da blusa social vinho contra sua pele era contrastante se comparada com o tecido grosso do suéter. A gola era bem justa, então ele optou por deixar o primeiro botão aberto, ajeitando bem a roupa para que não ficasse algo muito impróprio. O cinto era, literalmente, um acessório para sua calça preta, então ele optou por não o usar.

Estava dando uma checada final no espelho antes de sair. O inchaço em seus olhos não era mais tão aparente, apesar das olheiras se destacarem em sua pele clara. Um suspiro desanimado foi dado. Por Barbatos, ele estava praticamente hibernando na casa de Kaeya.

Seus dedos deslizaram por sua pele, saindo da lateral de seu olho até repousar na base de seu pescoço, pressionando o indicador e o dedo médio contra a traqueia. Os lábios se separaram, mas nada saiu. Diluc ainda ficou se encarando no espelho por alguns segundos antes de suspirar em derrota. O que ele estava esperando afinal?

Saindo do banheiro e voltando para a cozinha, deu atenção para o pote sobre a bancada de mármore onde, provavelmente, estaria seu almoço. O recipiente era maior do que um prato e mais fundo do que uma marmita comum, ao levantar a tampa, notou que Kaeya foi bem generoso, o enchendo quase por completo. Não querendo desmerecer a comida do restaurante, mas a de Kaeya ganhava apenas no cheiro, sendo o suficiente para despertar a fome que nem mesmo Diluc percebeu que estava sentindo no momento.

Novamente ele se contentou apenas com água, porém, quando terminou de lavar as coisas, abusou mais um pouco da hospitalidade e abriu um dos armários onde sabia que poderia encontrar canecas, pegando uma grande e se servindo com o restante do chá da noite anterior, a garrafa térmica fazendo milagres para manter sua temperatura. Um pequeno gole foi dado antes de ir para a sala.

Sentando-se no sofá e colocando a caneca na mesa de centro, ligou seu telefone e aguardou todas as novas notificações chegarem. Os e-mails foram ignorados por mais um dia, focando apenas no aplicativo de conversa. Pretendia apenas dar atenção para Adelinde, especialmente por sair sem mais nem menos, um pedido de desculpas era o mínimo que ela merecia.

Não estranhou quando viu novas mensagens dela — poucas, felizmente — as primeiras carregando um tom preocupado nas entrelinhas, o que era esperado, contudo, mais tarde naquela noite ela mandou outras mensagens, pedindo para que ele entrasse em contato com Elzer o mais breve possível, uma carranca se formou no rosto de Diluc ao ler aquilo.

Elzer era uma das pessoas que lhe mandaram muitas mensagens, mas que ele também estava escolhendo ignorar por saber do que se tratavam, se Adelinde pediu aquilo, com certeza os dois conversaram no dia anterior. Vendo as mensagens que ele havia mandado, focou-se nas últimas. Um suspiro escapou de seus lábios, seria uma manhã daquelas. Talvez ele precisasse de mais chá, eventualmente.

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A tarde no café estava calma, Kaeya aproveitava para adiantar parte de seu trabalho, sentado na cadeira do caixa, o corpo perpendicular a ele, uma prancheta em uma das mãos e uma caneta na outra, a tampa traseira pressionando contra a bochecha, ele nunca teve o hábito de mordê-la. Os papeis que prendiam sua atenção eram referentes a diversas coisas da cafeteria, conferindo se estava tudo anotado corretamente, mudando o que fosse necessário ou criando pequenas notas quando preciso.