Quer Falar Sobre Isso?

Capítulo 14

O som distante de um trovão pôde ser ouvido através do vidro grosso das janelas escuras, as últimas chuvas da estação se aproximavam, isso se fossem cair sobre Mondstadt, era comum as nuvens carregadas irem para direção de Springville no final do verão.

Diluc estava sentado da forma mais desleixada possível em sua mesa. A cadeira fora jogada para trás, permitindo seu corpo ficar deitado contra a superfície de madeira. Um dos braços fazia o papel de travesseiro, amassando de leve seu rosto. O tablet se encontrava em seu suporte, a altura tendo sido ajustada para se adequar à nova posição, o polegar deslizava pela tela. Tédio estava estampado em seu rosto.

— Permanecer com a coluna dessa maneira não faz bem para a saúde, Mestre Diluc — comentou Elzer, os sapatos estalando de leve contra o piso do escritório, a voz saindo com bastante naturalidade.

O ruivo não se moveu, apenas bufando contra o próprio rosto e fazendo os fios de sua franja balançarem. A atenção não desviando do aparelho enquanto a tela foi deslizada mais um pouco para baixo. Ele não notara quando Elzer entrou, mas não era como se ele precisasse bater na porta para isso.

Sons de utensílios foram ouvidos junto do som de água escorrendo para algum recipiente. Em pouco tempo, um copo foi colocado no campo de visão de Diluc, seus olhos vermelhos se dirigiram para ele antes de rolarem para cima, seguindo a extensão do braço ainda estendido de Elzer e focando em seu rosto.

— Você poderia, por favor, sentar-se de maneira adequada, Mestre Diluc? — uma pausa, levando ambos os braços para trás do corpo — Isso não é algo que seu pai aprovaria.

Diluc revirou os olhos com o comentário desnecessário, porém verídico. Empurrando o corpo para cima, entrelaçou os dedos ao jogar as mãos para o alto, espreguiçando de leve antes de acomodar-se na cadeira como deveria.

Um devaneio começou a se formar em sua mente, seu pai não aprovaria metade dos comportamentos que ele tem quando está com Kaeya, o homem de cabelos azuis sendo a verdadeira "má influência" em sua vida. Um sorriso triste começou a se formar em seus lábios.

— Ernest já entregou os relatórios mensais.

A voz de Elzer o tirou de seus pensamentos, o fazendo piscar e encarar o homem com curiosidade.

— Todos foram analisados, mas gostaria de sua opinião sobre alguns pontos destacados. Os arquivos foram mandados para seu e-mail e, se possível, uma resposta até esta noite seria perfeita.

Ele assentiu, concordando. O tablet foi puxado para perto, o suporte sendo ajustado para se adequar a sua nova posição. Bastou apenas alguns toques para o dito e-mail aparecer na tela, um último toque sendo dado para baixar o anexo.

— Também trouxe um guarda-chuva — anunciou, pondo o objeto sobre a mesa — Desnecessário, devo dizer, mas já que o senhor insiste tanto em andar...

Diluc o encarou por alguns segundos antes de observar o objeto ser posto sobre a mesa, ele possuía um tamanho considerável e era incrível que não o tivesse notado antes. Também ignorou um pouco de veneno que se escondia nas entrelinhas das palavras de Elzer, não era justo culpar o homem por seu comportando, visto que Diluc estava sendo o "filho rebelde" aqui.

»Obrigado« sinalizou com um discreto sorriso, recebendo uma breve reverência por parte de Elzer.

— E quanto ao seu desânimo — exalou de forma cansada, sua postura não se alterando — Eu lhe entendo perfeitamente, Mestre Diluc.

Ele tinha a atenção de Diluc com aquilo, o dedo pairando sobre a tela do tablet. Elzer ajeitou uma fina mecha de cabelo que saiu do lugar antes de continuar.