Capítulo 26

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Os dias atípicos finalmente pareciam ter terminado. O fim de semana não começou da melhor maneira e muitos problemas ainda pairavam no ar, contudo, a volta no parque fora abençoada por Barbatos e seus ventos, fazendo aquela segunda-feira começar de uma forma maravilhosa.

O fato de terem dormido abraçados na noite anterior e terem acordado como um casal fofo de uma comédia romântica antiga era detalhe.

Mas era fato de que o dia estava bonito. O céu possuía um belo tom de azul com nuvens se acumulando em diversas montanhas fofinhas, brancas como algodão e se prestasse atenção, era possível ouvir o canto dos pássaros vindo da praça.

O fluxo do trânsito era tranquilo, com poucos carros passando em frente à cafeteria, por conta disso, o veículo branco se aproximando em baixa velocidade chegava até a ser suspeito para olhos atentos. Manobrando de forma cuidadosa, parou o mais próximo possível da calçada, tendo uma distância considerável da esquina.

Quando a porta do motorista se abriu, um sapato social preto foi de encontro com a calçada, brilhando por conta do reflexo do sol e logo sendo coberto por uma longa batina branca. O caminhar do homem que saiu de dentro do veículo era lento e seu destino era a cafeteria.

Amber cantarolava enquanto limpava uma das mesas, tendo terminado o serviço com agilidade e estando pronta para se retirar quando o sino da porta soou. Girando nos calcanhares, tinha um grande sorriso no rosto quando cumprimentou o novo cliente.

— Bom dia! — o sorriso se alargou ao reconhecer o homem que entrara no estabelecimento — Senhor Pegg! Bem-vindo!

— Amber — a voz era baixa e um pouco arrastada, denunciando a idade — Parece bem, como estão as coisas?

— Estão ótimas. Terei uma apresentação hoje, estou confiante que terei uma nota boa.

— Uma jovem esforçada como você, é claro que sim — assentiu algumas vezes enquanto falava — E seu avô?

— Do mesmo jeito teimoso de sempre, mas está bem — soltou uma risadinha no final.

— Bom ouvir isso, tentarei fazer uma visita nos próximos dias.

— Tenho certeza que ele vai adorar.

Com um breve aceno de cabeça, o homem voltou com seu lento caminhar, tendo o balcão do caixa como próximo destino e Kaeya já o esperava com um largo sorriso no rosto.

— Kaeya, meu garoto — abriu os braços, como se estivesse pronto para abraçá-lo, soando como um pai que não via o filho há anos.

— Seamus — seu sorriso se alargou, procurando retribuir o carinho dado.

— Olhe para você — moveu os braços para frente, apontando para Kaeya com os dedos abertos — E pensar que esse belo homem na minha frente era o garotinho que entrava escondido em minha casa para pegar alguns pedaços de Torta da Lua escondido.

Kaeya não conseguiu segurar o riso por conta da lembrança. Apesar de não ter sido tão discreto quanto imaginava, sabia que os pais de Jean nunca descobriram como ele realizava tal proeza.

— Não é pra tanto — desviou de leve o olhar — Não mudei nada desde a última vez que nos vimos.

— Devo corrigi-lo, meu rapaz — soltou uma risada fraca e rouca — Há, sim, algo diferente. Você ganhou um brilho. Um brilho que nunca teve antes e mesmo sem esses velhos óculos, conseguiria vê-lo.

Ao finalizar, ajeitou de leve o objeto no rosto, o segurando pela haste e Kaeya só conseguiu soltar uma risada abafada, imaginando se aquelas lentes realmente funcionam, pois Seamus sempre aparentava estar com os olhos fechados como se forçasse a vista.

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