Capítulo 20

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Ouvir o despertador tocando não era a coisa mais prazerosa para os ouvidos de Diluc, pois isso significava que ele caíra no sono e isso não estava nos planos. Afundando o rosto no travesseiro para soltar uma lufada de ar pela boca em frustração, tentava focar no lado bom da situação, Kaeya conseguiu descansar e o enorme pedido estava pronto.

Ele aguardou até o alarme ser desligado, permanecendo imóvel todo o tempo, contudo, o som se tornou incômodo demais antes disso acontecer. Não acreditava ter pego no sono novamente para ser desperto pelo toque e mesmo sabendo que Kaeya gostava de tirar cinco minutos a mais para um cochilo — e Arcontes acima, ele mais do que merecia isso naquela noite — algo no fundo de sua mente lhe dizia que o aparelho estava soando continuamente desde que fora ativado.

Rolando o rosto para o lado, abriu os olhos pela primeira vez desde que despertou, mesmo com metade do rosto ainda afundado na textura macia da fronha, apenas para avistar um colchão vazio ao seu lado com lençóis intocados.

Aquilo quase o fez pular de onde estava, porém, seus movimentos ainda estavam moles devido ao cansaço, mal conseguindo se apoiar nos cotovelos e erguer a cabeça para fora do travesseiro, piscando rapidamente para afastar o sono. Nem mesmo uma ruga se encontrava no travesseiro de Kaeya e não parecia que o cobertor fora tirado do armário.

O insistente toque não cessou, fazendo Diluc procurar pelo aparelho em toda a cama até perceber que o som não vinha do quarto e não lhe agradou a ideia de Kaeya dormindo no sofá. Atrapalhou-se um pouco ao tentar se livrar do cobertor, o jogando para o lado pouco antes de jogar as pernas para fora da cama, quase perdendo o equilíbrio ao se levantar.

A porta estava fechada, algo que ele não havia deixado. Pegando na maçaneta e a abrindo devagar, seus olhos foram recebidos por uma claridade forte, o fazendo apertar as pálpebras até que se ajustassem a nova fonte de luz. A abertura criada foi apenas o suficiente para conseguir passar, logo percebendo a fonte de luz que lhe incomodava além deum corpo jogado contra a bancada da cozinha.

Os poucos passos dados foram lentos e arrastados, chegando a ecoar na casa silenciosa mesmo estando descalço. Kaeya estava sentado do lado da cozinha, obrigando Diluc a dar a volta no balcão, parando ao lado dele e o observando por breves segundos, com os olhos semicerrados. Uma mão foi estendida em sua direção, tocando-lhe o ombro e o balançando de forma lenta, apenas para confirmar o óbvio.

O celular estava sobre o mármore, à poucos centímetros do corpo inconsciente, sendo preciso apertar os olhos para conseguir focar na tela, vendo o horário de pouco mais de três da manhã. Esfregando os olhos com a parte de baixo de ambas as mãos, precisou novamente piscar algumas vezes para ter certeza estar acordado.

Erguendo a cabeça em direção a sala e vendo a escuridão da cidade através do vidro da janela cuja cortina não ocultava, apenas confirmou que o horário estava correto, significando que ele não tirou mais que um cochilo, Kaeya, por outro lado...

Voltando a encarar o homem, sabia o quão dura era a tarefa de acordá-lo, mas se ele colocou o despertador para aquele horário, significava que algo de importante precisava ser feito. Com pesar no coração, Diluc não se viu com outra alternativa, balançando o corpo mole de Kaeya com ambas as mãos, na esperança de conseguir algo.

Nem um centímetro mexido ou murmúrio soltado.

Bufando em irritação e colocando ambas as mãos na cintura, podia sentir seu cabelo armado roçando em sua nuca e bochechas enquanto balançava com os movimentos feitos.

Inclinando-se em direção à Kaeya, voltou a balançar seu corpo, mas dessa vez, tentou chamá-lo — uma grande ênfase no "tentou". Os sons eram baixos e ásperos, soando mais como um filhote abandonado que chegou a perder sua voz de tanto chorar por ajuda do que realmente uma voz que pudesse formar palavras.

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