Capítulo 16

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O vento frio percorria toda Mondstadt, as correntes serpenteando pelos prédios altos e descendo até o chão de asfalto. Um lembrete para as pessoas sobre a chegada do outono. As estrelas cintilavam de forma fraca naquela noite, as luzes urbanas sendo brilhantes demais para permitir uma constelação se formar por completo no céu. As mesmas luzes iluminavam a varanda de Kaeya, deixando-a na penumbra enquanto a risada animada do homem ecoava pela noite.

Mesmo a queda de temperatura não foi o suficiente para fazê-lo vestir uma calça, apesar de uma usar blusa de manga comprida de tecido fino e solto ao corpo. Sentado na namoradeira com uma taça de vinho em mãos, ele não resistiu quando Diluc lhe mostrou o tablet, pegando o aparelho e não contendo sua animação.

— Olhe esses números! — os olhos percorriam a tela de forma frenética — Ou a falta deles, dependendo do ponto de vista.

Um gole no vinho foi dado, as pernas sendo puxadas para cima e os joelhos se juntando. O tablet fora apoiado em suas coxas, de maneira que não escorregasse pelo tecido do short ao que se recostava mais na namoradeira. A taça sendo balançada de leve entre os dedos enquanto ele olhava a lista mais uma vez, ainda sem acreditar.

Diluc entrou em contato com todos os fornecedores que prometera para ajudar Kaeya, criando uma planilha com todos os produtos que ele receberia, comparando os gastos atuais com os futuros e como os lucros poderiam ser otimizados sem o preço final ser alterado. Claro, ainda faltava acertar todos os termos contratuais, mas isso não impedia Kaeya de entrar em completo êxtase.

— Quem diria que nosso pequeno Luc seria capaz de fazer tais coisas — o cutucava de leve com o cotovelo, ainda rindo como uma criança.

Apesar de seu corpo se mover com o gesto, ele não apresentou muita reação a isso. Um esboço de sorriso se formou em seus lábios, sem ter certeza se a baixa luz permitira Kaeya de notar a mudança em seu rosto. Seu olhar permanecia no próprio colo, onde segurava uma caneca entre as coxas com um líquido que outrora estivera quente.

Ele tentava se permitir um momento de felicidade, compartilhar a alegria que alguém tão especial e importante em sua vida estava sentindo, mas a tempestade de sua mente não se acalmou com o passar dos dias. A verdade era que, quanto mais próximo estava o fim de semana, pior ela parecia ficar.

— Vamos poder comprar um monte de bebidas com esse dinheiro extra — outro gole no vinho foi dado após o comentário.

Isso fez Diluc exalar deforma discreta, fechando os olhos e chegando a balançar a cabeça em negação, mas não foi o suficiente para levantar seu humor e Kaeya percebeu isso, afinal, a frase foi dita de forma proposital.

— Luc? — chamou, a voz baixa e calma, nem parecendo que estava eufórico alguns segundos atrás.

Quando não conseguiu uma resposta, inclinou-se na direção da mesa, deixando a taça meio cheia sobre a superfície e se acomodando onde estava, uma das pernas sendo dobrada sobre o assento enquanto a outra passou por cima dela, apoiada sobre o tornozelo. Nessa posição, meio de lado, ele conseguia observar Diluc melhor.

Um toque gentil foi dado em seu ombro, o apelido sendo chamado novamente. Foi possível senti-lo pular no assento e seu corpo se enrijecer sob seus dedos. Diluc virou o rosto tão rápido que parecia que seu pescoço se quebraria, olhos vermelhos encarando Kaeya como se não esperasse que ele estivesse ali. Estrelas mais lindas que as do céu o observavam com preocupação. Diluc voltou a encarar o próprio colo, soltando umas das mãos da caneca apenas para sinalizar um pedido de desculpas.

— Está tudo bem, Luc? Está quieto hoje — sua mão deslizou gentilmente para a parte de trás do corpo de Diluc, porém sem sair da região do ombro.

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