Capítulo 17

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O som de pele batendo contra pele tomava conta do banheiro, movimentos rápidos eram feitos com as mãos antes de um gemido abafado ser dado no final, os dentes pressionando-se contra si para garantir o silêncio. Ambas as mãos foram apoiadas na pia enquanto uma respiração ofegante era liberada, juntando-se ao som da água jorrando da torneira.

Kaeya ergueu o olhar, encarando seu reflexo por detrás dos fios de sua franja, ele se sentia miserável. Um xingamento foi proferido em uma língua que não pertencia à Mondstadt. As mãos se ergueram até sua cabeça, jogando o cabelo azul para trás, exibindo o rosto ligeiramente inchado de tanto que havia se estapeado, felizmente o tom escuro de sua pele não permitia criar vermelhidão. Bufou irritado, liberando os fios e deixando os braços caírem na lateral do corpo.

Naquele momento, Kaeya Alberich se odiava com todas as fibras de seu ser, tanto que, passara a maior parte do tempo batendo contra o próprio rosto como uma forma tola de punição. A torneira fora fechada e as mãos voltaram a se apoiar na borda da pia.

As coisas não eram para estar acontecendo assim. Quantas vezes havia jurado que faria tudo da maneira correta dessa vez? As noites em claro pedindo conselhos para Jean para garantir que não estava passando dos limites pareciam uma piada agora. Ele não queria perder Diluc ou fazê-lo se sentir usado, mas o ruivo estava tão... Desolado... Frágil... Perdido...

Ele não sabia mais o que fazer, não sem Diluc contar o mínimo do que estava acontecendo. Não sem uma luz, nem que fosse apenas a faísca de um fósforo se acendendo. E foi com essa cegueira que sua mente procurou soluções em cantos de sua cabeça que eram tão escuros e sombrios quanto a situação que estava enfrentando.

Ele fez a única coisa que tinha certeza ser capaz de distrair Diluc de seus tormentos, mesmo que de forma momentânea: O seduziu.

Kaeya queria culpar o ambiente da noite anterior. Aquele cenário clichê de filme adolescente de uma ou duas décadas atrás que foi criado de forma acidental. Queria culpar o vinho que bebeu, mesmo sabendo ser impossível ele se alterar com apenas uma taça, algo que ele tomava diariamente. Queria culpar aqueles que estavam deixando Diluc tão mal.

No fundo ele sabia que a culpa era apenas sua, não sendo capaz de pensar com a cabeça de cima como deveria e deixando sua perversão levar a melhor.

Tentava se acalmar. Não era como se ele fosse fazer com Diluc o que ele já fizera com as outras pessoas com quem se relacionou. Plantando ainda mais o sentimento de culpa em suas mentes apenas para fazê-las se entregarem ainda mais para ele. Deixá-los maleáveis ao ponto de não terem força ou vontade de questionar o que estava sendo feito. Necessitados, em busca de mais e mais prazer, tudo para aliviar a dor que estavam sentindo e Kaeya sempre foi bom nessa parte.

Mesmo com a péssima reputação que tinha, sempre haveria aqueles correndo atrás de si. Aqueles que tentaram derrubá-lo apenas para serem derrubados primeiro. E sempre haveria aqueles que não saberiam em que armadilha perversa estariam caindo.

Tudo por sexo. Tudo por seu prazer e diversão.

As mãos se apertaram contra a pia, seu lado racional ainda sendo forte o suficiente para medir as consequências e impedi-lo de acertar o espelho com um murro. Diluc não era um brinquedo para ser usado e descartado quando sua luxúria abaixasse.

Era um pouco frustrante. Ele tinha certeza do que sentia pelo ruivo. Poderia não ser o amor típico e tradicional que se espera das pessoas, mas era verdadeiro, mesmo de seu jeito torto e possivelmente errado.

Exalando de forma lenta, sua mente continuava repetindo que tudo o que ele fizera até agora estava escorrendo pelo ralo igual as gotas que pingavam da torneira mal fechada. Maldito deslize...

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