Capítulo 18

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Passos lentos eram dados contra o asfalto, a sola lisa dos sapatos sociais provocando um barulho distinto ao se encontrarem com as britas no concreto que não foram devidamente trituradas em sua produção. Elzer andava de um lado para o outro, tendo uma expressão séria em seu rosto.

A mão direita apoiava-se abaixo de sua boca, o polegar pressionando contra o lábio inferior, porém sem mordê-lo. A mão esquerda estava logo abaixo da dobra do cotovelo, dando certo sustento para o braço enquanto envolvia-se no próprio corpo.

Sons distantes atraíram sua atenção, o fazendo interromper os passos e erguer a cabeça, olhando ao redor e procurando sua origem, apenas para se deparar com outro carro estacionando no parque e um homem com seu cão descendo dele. Seu olhar se estreitou de leve, observando o cenário de modo geral. Muitos carros já se encontravam parados próximos ao portão do parque, possibilitando uma entrada e saída rápida, enquanto o seu estava parado em um lugar onde ninguém estacionaria, a menos que fosse um dia lotado.

Uma segunda olhada foi dada, não vendo nenhum sinal do cabelo vermelho que esperava. O braço ao redor de seu corpo foi solto, revelando o telefone em sua mão, bastando apenas uma breve chacoalhada para a tela se iluminar. Uma sequência de ligamentos foi feita, desbloqueando o aparelho e revelando a tela inicial. Um ícone de atalho para a conversa com Diluc encontrava-se em um dos cantos, sendo pressionando com o polegar e logo abrindo uma nova janela.

Seu olhar se estreitou ainda mais quando notou as oito mensagens que mandara anteriormente não terem sido sequer visualizadas e faltou pouco para um suspiro não deixar seus lábios. A nova mensagem começou a ser escrita, o polegar ágil percorrendo a tela sem errar nenhuma letra, estando pronto para enviá-la quando sons se aproximando lhe chamaram a atenção.

Apesar da pose relaxada, com os dedos da mão direita ainda próximos de seus lábios, sua guarda estava bem levantada, o permitindo olhar na direção do som bem antes de algo poder ser realmente visto. Sua postura relaxou um pouco quando viu o ruivo se aproximando por entre as árvores que cercavam o estacionamento, fora de qualquer caminho possível, parando um passo antes de descer a calçada.

— Está atrasado, Mestre Diluc — deu alguns passos na direção dele, cruzando os braços no rumo do peito — Duas horas, diga-se de passagem.

Diluc estava um pouco ofegante, encarando o homem com os lábios separados enquanto arfadas ásperas e baixas eram emitidas, o sinal de desculpas foi feito de forma rápida, sendo o bastante para uma rápida compreensão.

— Por que não respondeu nenhuma das mensagens? — apesar do tom e expressões sérios, havia mais preocupação do que repreensão em sua voz.

Em resposta, o celular de Diluc foi tirado do bolso do casaco que usava, o aparelho sendo exibido para Elzer e balançando no ar, mostrando a tela preta para ele. O suspiro que o diretor tanto segurava finalmente foi solto.

— Mestre Diluc, deve parar com isso. É um hábito muito nocivo. E se algo tivesse acontecido?

Naquela altura, Diluc conseguira recuperar boa parte do fôlego, engolindo de forma pesada e sentindo um incômodo crescendo em sua garganta, porém, conseguindo evitar um possível ataque. Negando de leve com a cabeça, ele apenas voltou a andar, os passos mais lentos que o normal enquanto se dirigia ao carro.

Elzer permaneceu com o corpo firme, o olhar fixo no ruivo, mas sem virar a cabeça quando ele passou por si. Em vez disso, continuou encarando o espaço vazio em que Diluc se encontrava e não segurou a língua ao falar:

— E se algo aconteceu? — a frase em si foi dita de forma lenta, contudo, a última palavra foi quase soletrada, dita com uma ênfase quase assassina, gerando calafrios pela espinha de Diluc.

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