#Extra 03: Maçãs

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Nota da Autora:
Inicialmente eu tinha pensado essa cena para a entrega do bolo de Sucrose, mas depois descobri que frio ajuda ainda mais na oxidação de frutas, mas achei a cena fofa demais pra simplesmente deixá-la no limbo até ser esquecida.

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O som de Diluc descendo a escada interna da cafeteria ecoava no ambiente silencioso e envolto na penumbra, o que tornava seus passos mais lentos e cuidadosos do que o normal. Era tarde da noite e o estabelecimento não recebia pessoas há boas horas.

Indo até a cozinha, abriu a porta apenas o suficiente para conseguir passar junto da bacia de plástico que segurava com ambas as mãos. Apesar de também ser recebido pela escuridão no cômodo, havia uma única fonte de luz, ao qual ele se aproximou como uma mariposa.

A dita luz se tratava de uma geladeira cuja porta estava aberta, onde Diluc se aproximou até poder se sentar escorado no balcão ao lado do eletrodoméstico. Cruzando as pernas, repousou a bacia no espaço entre elas e usou as mãos livres para pegar o celular e encaminhar uma mensagem, olhando para o lado logo após.

Era quase possível ouvir quando a voz robótica começou a falar no ouvido de Kaeya, fazendo o homem endireitar de leve a postura e olhar para o lado, estando tão concentrado em seu trabalho que não notou a presença do ruivo.

— Foi rápido — comentou, recebendo um sorriso orgulhoso como resposta.

Kaeya também estava sentado no chão, porém, de frente para a geladeira, com metade do corpo quase dentro dela e segurando algumas ferramentas, tendo sua própria bacia apoiada entre suas pernas.

— Estou quase acabando a base, como está o topo? — esfregava as mãos enluvadas e fazia movimento com os dedos para não deixá-los dormentes.

Diluc apontou para a própria bacia, onde havia pedaços de maçã cortados em um formato específico que Kaeya pedira e por sorte era fácil de fazer, além de ter outras maçãs inteiras junto dos pedaços.

O homem pareceu animado, pegando a pinça que deixara dentro da geladeira para pegar outra fatia fina da fruta dentro de sua própria bacia e posicioná-la no topo de seu futuro bolo.

A massa seria o apoio principal, onde essas finas fatias formariam uma base que ajudariam no sustento, além de preencher possíveis lacunas provocadas pelo formato irregular dos cortes. Uma réplica do que viu uma vez sendo realizado, porém, sem todo o equipamento caro contido no vídeo e com uma dose extra de paciência e possíveis dores nas costas no dia seguinte.

Por sua vez, Diluc tirou uma fruta inteira e um descascador de dentro da bacia, começando a trabalhar na casca avermelhada, onde a ferramenta garantia um corte limpo, sem muito desperdício, apesar de que, ele estava comendo todos os pedaços de casca de qualquer maneira.

O silêncio entre eles era confortável, tendo discretos barulhos dos motores dos demais aparelhos lhes fazendo companhia. O tempo avançava no relógio e logo ficaria tarde demais para que ambos tivessem uma boa noite de sono, contudo, levantar alguns minutos mais tarde do que deveriam estava se tornando algo comum depois que passaram a dormir juntos.

Logo os pedaços cortados por Diluc passaram a serem usados, com a montagem da flor dando início de dentro para fora, onde a parte central era cuidadosamente montada para que nada ficasse torto. A concentração de Kaeya naquele momento era tanta que em alguns momentos até se esquecia de respirar.

Quando o que deveria ser o carpelo da planta ficou pronto, ele respirou fundo, afastando-se alguns centímetros e observou sua futura obra-prima com um olhar crítico, porém, satisfeito com o progresso que estava fazendo. Ajeitando sua posição e voltando a se inclinar para dentro da geladeira, estava pronto para retornar ao trabalho quando um estranho som passou a ser percebido.

Sua primeira reação foi olhar para a geladeira, acreditando ser algo vindo de seu interior, chegando a verificar as prateleiras, mas nada incomum estava ocorrendo. Inclinando o corpo para trás, olhando além do que a porta aberta permitia, não acreditou se tratar da pia gotejando, ainda mais sem ninguém ter interagido com ela.

Retirando o único fone que estava em seu ouvido, imaginando se tratar de algum tipo de interferência, percebeu também não estar vindo do aparelho o estranho barulho. Estava pronto para questionar Diluc sobre isso quando notou um ligeiro movimento em seu pescoço antes do som ser ouvido novamente.

— O que está fazendo? — arqueou uma sobrancelha, olhando meio torto para ele.

Diluc o encarou sem entender muito bem, pois não estava comendo uma casca naquele momento, então apenas ergueu de leve a maçã que segurava junto do descascador.

— Não isso... — esperou alguns segundos e o som foi ouvido novamente — Esse som. O que é isso?

Inclinando de leve a cabeça, Diluc não havia percebido sobre o que Kaeya estaria falando até o som ocorrer novamente, o fazendo tocar o pescoço com as digitais e parecer surpreso com a situação.

»Desculpe, acontece às vezes. Posso ir embora se estiver incomodando«

— Quem falou em ir embora? — girou o corpo para ficar de frente para ele — É só que... Está tudo bem? — recebeu um aceno positivo — Que raios é isso?

»Não sei, apenas acontece«

O som era constante como uma torneira gotejando, contudo, se Kaeya tivesse que comparar a algo, seria como um soluço abafado pelos lábios fechado de Diluc, ou até mesmo sendo dado para dentro. Um brinquedo de apito quebrado, talvez? Em todo caso, não era irritante, na verdade, era bem fofo, assim como a maioria das coisas vindas do ruivo.

— Bem... É... Fofo... Eu acho — não sabia direito como se expressar, esfregando a parte de trás da cabeça e desviando o olhar de volta para o bolo com as maçãs, imaginando que enfiar a cara na geladeira o ajudasse a aliviar o repentino calor que sentia.

Diluc, por outro lado, nem se deu o trabalho de esconder o rubor que formara em seu rosto, também sentindo o coração martelar em seu peito como uma britadeira no concreto.

Voltando a se concentrar no trabalho, embora fosse um pouco difícil, sentia-se tolo por pensar que Kaeya acharia aquilo ruim, ou repulsivo, ou simplesmente insuportável de se ouvir.

Era Kaeya, afinal.

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O som que Diluc faz aqui é algo que acontecia com minha irmã, nunca descobrimos exatamente o que era e a descrição do capítulo é o máximo que posso dar para vcs :x

Se estão gostando não se esqueçam de votar. Comentários e teorias da conspiração são sempre bem-vindos.

Amo vcs ♥♥♥

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⏰ Última atualização: Jan 24 ⏰

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