Vitória Falcão
Na semana seguinte, consegui convencer Ana a cantar naquela pracinha de novo. Com "convencer" eu quero dizer que quase a levei arrastada, mas foi bem mais fácil do que antes. E dessa vez, nada de bebidas.
Ela vestia um macacão da cor rosa claro, uma camiseta com um tom um pouco mais claro por baixo, tênis branco e seu óculos redondo no rosto. Eu vestia um vestido com o tom um pouco mais escuro do que o macacão de Ana, meu tênis preto estava ao meu lado, pois agora estou descalça.
Ficamos sentadas na grama, apenas conversando. Ana já havia cantando mais ou menos umas cinco músicas. Apenas hoje ela já tinha conseguido ganhar mais dinheiro do que na semana passada, e eu ficava muito feliz com isso.
Agora, de volta na casa de Ana, estávamos jogadas no sofá enquanto assistíamos a um filme que passava em um canal qualquer. Rapidamente, me levantei e fui até a cozinha.
— Vai fazer o quê, Vi? — Ana me pergunta, sem nem se mover de onde ela está.
— Cházinho, Ana — a respondo enquanto pegava duas xícaras em seu armário. — Tu quer?
— Eu quero!
Apenas concordo com a cabeça enquanto coloquei a água para esquentar e me sentei novamente ao seu lado, tentando entender o que se passava no filme. Olho para Ana, confusa.
— Nem olha pra mim que eu tô entendo menos que tu.
Gargalho com a sua resposta.
Quando a água ferve, coloco um sachê de chá em cada uma das duas xícaras e uma colher de açúcar, despejando a água até a metade da mesma. Volto para onde estava sentada, entregando uma das xícaras para Ana, que me agradece baixo.
Era até meio estranho essa sensação, de estar tão a vontade com alguém que conheço há tão pouco tempo.
Desperto de meus pensamentos com Ana me cutucando para mostrar o famoso globeleza, que agora passava na TV.
— Ai, eu adoro carnaval! — ela sorri depois de bebericar o chá. — Espero todo ano ansiosamente por fevereiro só pelos bloquinhos.
— E pelas bebidas também, né, porque eu vi que tu gosta da coisa. — suas bochecham coram levemente enquanto ela ria tímida.
Depois de alguns minutos, Ana quebra o silêncio:
— Tu passa esse carnaval comigo, Vi?Meu coração dançou alegremente no momento em que escutei essa proposta. Me segurei para não dar um sorriso tão largo, apesar de muito querer expressar a minha felicidade.
— Mas é claro que sim, Ana!!!
A mais baixa se levanta apenas para comemorar, sambando. Sorrio de canto enquanto a via dançar, meio desengonçada, mas ainda tinha jeito para a coisa.
Eu me encantava com qualquer coisa que Ana fazia, por mais pequena que seja.
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Coisa de alma
Romance- Então... - ela respira fundo antes de continuar - eu... - Ana abria e fechava a boca diversas vezes. - Ah, não sai nada, eu não consigo! - Ei, não precisa se assustar não, Ninha - o apelido sai involuntariamente -, nada vai desmoronar. No momento...