XV

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Ana Caetano

Estávamos eu e Vitória tomando café numa cafeteria quando meu celular vibra, assustando nós duas. Ao olhar a tela, vejo que é um SMS da minha irmã.

[18:39] Lu: oi Ana, me liga quando tu puder!

Não demorei muito a fazer a ligação, que logo é atendida. Conversamos por alguns minutos e ela encerra a ligação, dizendo que tinha muita coisa para fazer. Durante nossa conversa Vitória apenas ficou assistindo a novela na TV, sem prestar atenção na nossa conversa.

— Tua irmã? — ela pergunta quando eu volto a ficar na mesma posição de antes.

— Uhum. O aniversário dela tá chegando e eu quero te fazer uma proposta.

Luana vai fazer sua festa de aniversário na casa de nossa mãe, e me convidou sem ela saber. Eu obviamente aceitei o convite, mesmo com medo de algo dar errado. E propus para Vitória que ela fosse comigo, assim eu a apresentaria para minha família.

— Então, quer dizer que tu anda falando de mim pra sua família, é? — Vitória indaga, com um esboço de sorriso no canto dos lábios.

— Só Luana!

Meio incerta, ela aceitou.

No dia seguinte, fomos fazer nossas malas. O aniversário de Luana já era essa semana, então o convite foi feito praticamente em cima da hora.

— Mas tem certeza que você quer ir, Vi? Tu chegou de viagem ainda essa semana... — a pergunto novamente.

— Eu já te falei que quero ir, Ana — ela me dá a mesma resposta mais uma vez.

Depois de horas de viagem, chegamos em Araguaína. Sim, eu e Vitória nascemos e crescemos na mesma cidade. Acho um milagre eu e Vitória não termos nos esbarrados por aqui antes, porque, literalmente, todo mundo daqui se conhece.

Eu e Luana combinamos de nos encontrar em frente à um mercadinho que fica próximo da casa onde minha mãe mora. Sorrio quando vejo um carro vermelho se aproximando de nós.

— Ana!! — minha irmã sai do carro meia atrapalhada por conta da pressa, e logo vem ao meu encontro, juntando nossos corpos em um abraço apertado.

— Lu!!

Apresento Vitória como minha namorada assim que nos desfazemos do abraço.

— Então, essa é a tão falada "Vitória", hein!? — ela puxa Vitória para um abraço.

Minha irmã usava uma blusa de manga cumprida com uma calça preta e botas de cano alto.

Após poucos minutos conversando, entramos em seu carro e ela logo dá partida. Não demorou muito para chegarmos no nosso destino. Suspiro ao ver aquela casa de novo, e sinto um frio em minha barriga.

— Tu tem certeza que quer fazer isso, Ana? Se não quiser, tudo bem, eu entendo — Luana começa a dizer, mas eu a interrompo.

— Não, Lu, eu quero.

Saímos todas do carro e ficamos paradas em frente à porta de entrada. Meu coração estava a mil, e já sentia minhas mãos começando a soar. Vitória, percebendo o meu nervosismo, coloca sua mão sobre a minha e as entrelaça. Meu Deus, era pra estar sendo tão difícil assim?

Minha irmã, meio receosa, se colocou bem em frente de mim e Vitória e tocou a campainha. O frio em minha barriga aumenta ainda mais quando escuto sua voz se aproximando. A porta finalmente se abre.

— Minha filha! Pensava que você só chegaria mais tarde! — e ela rapidamente envolve seus braços em volta de minha irmã, fechando seus olhos enquanto a abraça. Sua voz continuava igualzinha de como me lembrava.

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