Ana Caetano
Estávamos eu e Vitória tomando café numa cafeteria quando meu celular vibra, assustando nós duas. Ao olhar a tela, vejo que é um SMS da minha irmã.
[18:39] Lu: oi Ana, me liga quando tu puder!
Não demorei muito a fazer a ligação, que logo é atendida. Conversamos por alguns minutos e ela encerra a ligação, dizendo que tinha muita coisa para fazer. Durante nossa conversa Vitória apenas ficou assistindo a novela na TV, sem prestar atenção na nossa conversa.
— Tua irmã? — ela pergunta quando eu volto a ficar na mesma posição de antes.
— Uhum. O aniversário dela tá chegando e eu quero te fazer uma proposta.
Luana vai fazer sua festa de aniversário na casa de nossa mãe, e me convidou sem ela saber. Eu obviamente aceitei o convite, mesmo com medo de algo dar errado. E propus para Vitória que ela fosse comigo, assim eu a apresentaria para minha família.
— Então, quer dizer que tu anda falando de mim pra sua família, é? — Vitória indaga, com um esboço de sorriso no canto dos lábios.
— Só Luana!
Meio incerta, ela aceitou.
No dia seguinte, fomos fazer nossas malas. O aniversário de Luana já era essa semana, então o convite foi feito praticamente em cima da hora.
— Mas tem certeza que você quer ir, Vi? Tu chegou de viagem ainda essa semana... — a pergunto novamente.
— Eu já te falei que quero ir, Ana — ela me dá a mesma resposta mais uma vez.
Depois de horas de viagem, chegamos em Araguaína. Sim, eu e Vitória nascemos e crescemos na mesma cidade. Acho um milagre eu e Vitória não termos nos esbarrados por aqui antes, porque, literalmente, todo mundo daqui se conhece.
Eu e Luana combinamos de nos encontrar em frente à um mercadinho que fica próximo da casa onde minha mãe mora. Sorrio quando vejo um carro vermelho se aproximando de nós.
— Ana!! — minha irmã sai do carro meia atrapalhada por conta da pressa, e logo vem ao meu encontro, juntando nossos corpos em um abraço apertado.
— Lu!!
Apresento Vitória como minha namorada assim que nos desfazemos do abraço.
— Então, essa é a tão falada "Vitória", hein!? — ela puxa Vitória para um abraço.
Minha irmã usava uma blusa de manga cumprida com uma calça preta e botas de cano alto.
Após poucos minutos conversando, entramos em seu carro e ela logo dá partida. Não demorou muito para chegarmos no nosso destino. Suspiro ao ver aquela casa de novo, e sinto um frio em minha barriga.
— Tu tem certeza que quer fazer isso, Ana? Se não quiser, tudo bem, eu entendo — Luana começa a dizer, mas eu a interrompo.
— Não, Lu, eu quero.
Saímos todas do carro e ficamos paradas em frente à porta de entrada. Meu coração estava a mil, e já sentia minhas mãos começando a soar. Vitória, percebendo o meu nervosismo, coloca sua mão sobre a minha e as entrelaça. Meu Deus, era pra estar sendo tão difícil assim?
Minha irmã, meio receosa, se colocou bem em frente de mim e Vitória e tocou a campainha. O frio em minha barriga aumenta ainda mais quando escuto sua voz se aproximando. A porta finalmente se abre.
— Minha filha! Pensava que você só chegaria mais tarde! — e ela rapidamente envolve seus braços em volta de minha irmã, fechando seus olhos enquanto a abraça. Sua voz continuava igualzinha de como me lembrava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coisa de alma
Romance- Então... - ela respira fundo antes de continuar - eu... - Ana abria e fechava a boca diversas vezes. - Ah, não sai nada, eu não consigo! - Ei, não precisa se assustar não, Ninha - o apelido sai involuntariamente -, nada vai desmoronar. No momento...