Brian
Começo a abrir os olhos e sorrio. Estou feliz que tudo não passou de um sonho, o sonho mais louco que já tive na vida. Tudo parecia tão real, o laboratório, a queda infinita do poço sem fim... é bom estar na minha cama agora.
Sento no chão e então me dou conta de que não fora um sonho. Eu realmente caí até o fundo daquele poço? Aquilo era mesmo um poço? O relógio! Tudo isso foi causado pelo relógio. Olho para meu pulso, mas o treco não está mais aqui.
- Onde está? - procuro no chão ao meu lado.
Fico de pé e sinto uma dor invadir a minha cabeça, está doendo tanto que parece que levei uma coronhada, sei disso porque me meti em uma briga no mês passado e me apagaram assim, a dor é a mesma. Além disso, ainda sinto minha pele formigando, dormente, mas isso vai diminuindo um pouco até que some completamente.
Tento entender o que está acontecendo, mas parece haver um turbilhão de pensamentos em minha cabeça. Não sei onde estou ou como vim parar aqui, e como se não bastasse toda essa confusão, uma mulher aparece e começa a falar comigo de um jeito estranho.
- Ah, você está aqui! - ela está bem arrumada, as peças de roupas brancas combinado perfeitamente com sua pele negra. - Eu sou da diretora Tracy. - se apresenta. - Venha, as crianças estão esperando no teatro.
- Que teatro? - pergunto confuso.
A mulher olha pra mim sorrindo e diz:
- Você deve ter se perdido no caminho. Vamos lá.
Dou uma rápida olhada em volta e ao que parece esse lugar é um galpão usado para guardar várias caixas de papelão. Algumas delas dizem: Lapís, canetas, papeis, cadernos...
Mesmo confuso, decido acompanhar a mulher e agora me encontro em um corredor iluminado, cheio de janelas, com muitos pôsteres e avisos nas paredes. "Clube de teatro", "Clube de xadrez"...
O que é isso?
Também há diversos armários aqui, muitos armários vermelhos de metal. E dessa mesma cor, bandeiras que parecem ser de algum time de futebol preenchem as paredes.
- Ah, professora González, que bom que encontrei você! - a mulher que está comigo diz para outra que vai passando pelo corredor. Ela para.
A outra mulher é mais jovem, parece ter a minha idade mais ou menos.
- Professora González, pode levar esse rapaz para o palco? Ele provavelmente se perdeu no caminho.
A moça sorri para mim e diz:
- Claro, vamos lá. - ela sai andando na frente e eu a acompanho.
- Moça - chamo por ela. - que lugar é esse?
- Como assim que lugar é esse? - ela ri.
- Eu... eu não sei... eu acho que estou perdido.
- Não se preocupe, o teatro é logo ali.
- Mas porque está me levando ao teatro, moça?
- Você vai representar a peça da segunda guerra mundial. Não é para isso que está aqui? - me olha por cima do ombro enquanto continua andando.
- Não. Eu não vim fazer peça nenhuma. - tento explicar. - Eu não sou ator.
- Bom, então porque está vestido como um soldado da segunda guerra mundial se não é o ator que vai apresentar a peça pras crianças?
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Um Amor de Outro Tempo ✓
Ciencia FicciónBrian, um militar sobrevivente do ataque a Pearl Harbor em 1941, está cheio de traumas dos bombardeios e tiros que quase o mataram. Agora, promovido a tenente, Brian está tentando superar a morte dos companheiros e da garota que ele gostaria de ter...