Katie
Mesmo no sábado levanto cedo, gosto de correr quando a cidade ainda não está uma completa loucura; essa é única coisa que me tira o estresse de uma semana de trabalho exaustivo, com muitas crianças. Dou a volta no quarteirão, tentando não correr tão rápido para não me cansar tanto assim, e me concentro na música que toca em meus fones. Gosto de ouvir a rádio, não os streamings de música. Na rádio tocam canções aleatórias, às vezes algumas que nem ao menos conheço. Gosto disso.
Estou voltando para o prédio agora, quase lá, e Take on Me é a música da vez. Eu cantarolo baixinho, mas então a rádio sai do ar, tento mudar a estação, mas todas estão emitindo apenas chiados e então um zumbido esquisito e agudo.
- Que merda é essa? - tiro os fones e me assusto com um barulho estranho no fim da rua. Me viro para ver o que está acontecendo; dois carros colidiram na pista. Ao que parece ninguém ficou ferido. - Essa gente dirige feito malucos. - digo.
- Foram os semáforos - uma mulher fica ao meu lado, também olhando o acidente. - Parece que é um apagão. - Veja, nem a internet funciona - ela me mostra o seu celular sem rede.
- Que estranho. - observo que todos os sinais de transito estão desligados, mas como um passe de mágica, voltam a funcionar. - Parece que tudo está normal de novo. - ponho os fones de volta nos ouvidos e a rádio não está mais fora do ar.
Corro os últimos quilômetros e entro no prédio. Encontro Robin encerando o chão da sorveteria enquanto ainda está fechada e o cumprimento com um bom dia rápido. Subo as escadas e vou até o apartamento do Brian. Me preparo para bater na porta, mas ele a abre antes que eu possa fazer isso.
- Bom dia, Katie! - sorri.
- Nossa, que bizarro. Estava de plantão olhando o corredor pelo olho mágico? - dou uma risada.
- O quê? Não, não. - ele se encosta no batente da porta. - Vi você correndo na calçada pela janela.
- Ah - assinto. - Então, vai se arrumar porque vamos tomar café da manhã fora. De lá vamos até a escola darmos mais uma olhada no galpão. - me preparo para sair, mas ele me chama.
- Katie, isso não pode colocar seu emprego em risco?
- Não, relaxa. Eu tenho uma chave e posso entrar lá. - explico. - Não vai ser como se estivéssemos invadindo, sabe? Não tecnicamente.
- Tudo bem, mas preciso voltar antes das 10h, tenho que trabalhar. - diz com os ombros caídos.
- Está falando como alguém de 2022. Você aprende bem rápido. - aponto. - Me encontra lá embaixo em 20 minutos, tenente - vou até as escadas e desço até o meu apartamento.
Pouco tempo depois, já estamos no carro indo até um Starbucks. Enquanto dirijo, Brian fica mexendo nos botões do rádio, pulando de uma estação para outra, ele nem deixa as músicas tocarem, parece ansioso para saber o que está tocando em todas as rádios ao mesmo tempo.
Porém, de repente, as estações saem do ar, exatamente como hoje mais cedo.
- Quebrei o rádio? - ele pergunta nervoso.
- Não... acho que deve estar havendo algum problema com as estações de rádio de Chicago. - passo a marcha e volto a segurar o volante com as duas mãos. - Houve também um apagão de 2 minutos hoje cedo. Vi no jornal da manhã que isso aconteceu em pelo menos três cidades do país.
- Que estranho. - Brian continua apertando os botões e as rádios sintonizam novamente. - Pronto, funcionando.
Dou de ombros e volto a focar minha atenção na direção.
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Um Amor de Outro Tempo ✓
Ficção CientíficaBrian, um militar sobrevivente do ataque a Pearl Harbor em 1941, está cheio de traumas dos bombardeios e tiros que quase o mataram. Agora, promovido a tenente, Brian está tentando superar a morte dos companheiros e da garota que ele gostaria de ter...