17 - Armagedom?

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Deserto de Nevada (Área 51)

General Rick

Em minha sala, pensativo quanto a decisão que tomei a respeito do destino final de Brian, tiro o telefone do gancho e peço para que Dra. Lindsay e o oficial James venham até aqui. Preciso ser sincero com eles se vou precisar de sua ajuda.

Eles aparecem alguns minutos depois e quando ocupam as cadeiras em frente a minha mesa, os encaro com seriedade - temendo revelar tudo que se passa em minha cabeça - e digo:

- Chamei os dois aqui porque tenho algo sério para falar. Não quero que me vejam agora como seu general, mas sim como seu amigo. 

- O que quer dizer com isso, senhor? - James está confuso.

- Posso confiar em vocês? - pergunto. - Me garantem que tudo que ouvirem aqui não sairá desta sala?

- Claro. O senhor sabe que somos de confiança. - Dra. Lindsay cruza uma perna sobre a outra.

- Jamais iríamos traí-lo, general. - o oficial de inteligência franze o cenho.

- Muito bem. - entrelaço os dedos sobre a mesa. - Existe alguma forma de mandarmos Brian para casa? - falo de uma vez.

Instantaneamente, James e Lindsay se entreolham cheios de dúvidas que rondam suas mentes, então me fitam com as sobrancelhas cerradas e as bocas entreabertas.

- É possível? - continuo. - Há chances de algo assim dar certo?

- Ah, então - Dra. Lindsay começa. - , se ele estiver com o relógio, acredito que tem como voltar, mas essas viagens podem causar ainda mais problemas, general.

- Ela tem razão. - James diz. - Estamos falando de uma catástrofe como o fim do mundo. O Armagedom!

- Armagedom? Não é muito exagero? - pensei que só seriam alguns terremotos e tempestades, mas o fim do mundo é o extremo da situação.

- Infelizmente não, senhor - a cientista lamenta. - Mas porque mandar Brian de volta é uma opção agora? - ela questiona.

- O objetivo não era eliminar a existência dele? - oficial James complementa e olho para os lados, pensando em uma forma de explicar tudo sem causar uma discordância entre nós. Se quero mandar Brian para casa, preciso da ajuda deles mais do que nunca.

- Sim - admito. - No ínicio esse era o objetivo, mas não sei se posso executar alguém assim, como se fosse um traidor do exército ou um criminoso. 

Dra. Lindsay aperta o nariz na altura dos olhos e James afunda ainda mais na cadeira. Cansados demais para debater contra isso ou tentarem me convencer de que capturar Brian para então executá-lo é a melhor opção, os dois não abrem a boca para discutir e isso me soa como um bom sinal.

- Sei que é loucura tentar mandá-lo de volta ao passado. Posso estar colocando muitas coisas em risco, mas... - paro por um momento. - mas se há chances de acabar com isso sem machucar ninguém, gostaria de tentar.

- E se ele falar sobre o futuro caso consiga voltar? - Lindsay mantém o tom de voz firme e me encara com os olhos zuis. - Ou pior; e se ele decidir mudar algum fato do passado para alterar o nosso presente?

- Eu acredito que se encontramos Brian e falarmos com ele, tudo dará certo. - preciso ser sincero quanto ao pequeno facho de esperança em meu peito. Não conheço esse rapaz, mas de alguma forma, ele lembra a mim em meus primeiros anos como militar. A vontade de salvar os companheiros, a honra e até mesmo a curiosidade aguçada que o levou aquele laboratório naquela fatídica noite que o trouxe para o futuro. Tudo isso me faz lembrar de um Rick jovem e que ainda estava aprendendo a viver como um militar. - Se decidirem me ajudar a mandar Brian para o passado, vamos precisar manter isso em segredo. - falo. - O capitão Stuart e os outros não podem desconfiar ou então o presidente vai acabar descobrindo tudo. 

- Mas o capitão já está em Chicago. - James coça a nuca. - Com certeza vai ligar hoje para já informar a localização do Brian.

- Isso é bom. - asseguro. - Sabendo a localização, podemos ir até lá para falarmos com Brian pessoalmente e descobrirmos como mandá-lo de volta antes que os soldados o encontrem - hesito - e o executem. Precisamos ser rápidos, pois desconfio que capitão Stuart esteja disposto a eliminar Brian mesmo sem minhas ordens. 

- Entendi. - pensativa, Dra. Lindsay morde o lábio inferior. - General, tenho sérias dúvidas sobre essa decisão, mas estou disposta a ajudar. 

Sorrio para a cientista que mesmo receosa diante do sucesso dessa missão, decide ficar ao meu lado. Olho para o oficial James, esperando que ele também concorde com essa loucura, e percebo na mesma hora que está assustado. Dá para notar pela forma como tamborila os dedos inquietos sobre as coxas cobertas pela calça verde lodo do seu uniforme. 

Porém, juntando toda a coragem que há em cada fibra do seu corpo, o jovem diz:

- Senhor, conte comigo. - a voz trêmula como suas mãos. - Vamos mandar Brian para o passado e garantir que tudo fiquem em seu devido lugar no tempo e no espaço.

Finalmente respiro aliviado e descanso as costas contra o apoio da cadeira. Agora, teremos que correr contra o tempo de maneira ágil e sigilosa para conseguirmos chegar até Brian e convencê-lo de que não queremos lhe fazer mal, mas sim ajudá-lo a volta para o lugar de onde veio.

Nesse instante, o telefone em minha mesa toca. É o capitão Stuart trazendo novidades, tenho certeza disso, e ao atender a chamada no terceiro toque, escuto sua voz do outro lado da linha.

- Senhor, temos a localização de Brian Jones. Qual o próximo passo?

- Tocaia, capitão. - falo. - Apenas fique de tocaia. Me envie o relatório atual da missão.

- Sim, general. - ele parece decepcionado. Acho que estava esperando que eu já desse ordens para executar Brian. - Estou enviando agora mesmo.

Desligo o telefone e digo:

- Já temos a localização do rapaz. Agora vamos para Chicago.

Estamos colocando não apenas nossos cargos em risco, mas o mundo inteiro também está em jogo caso estejamos certos sobre o armagedom; o que eu realmente espero que não aconteça de forma alguma.


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