No domingo pela manhã, levanto depois das 10h. Brian e eu passamos a madrugada vendo televisão e ele acabou dormindo no sofá; parecia tão tranquilo e cansado que decidi não acordá-lo. Ontem na festa ele me contou que muitas vezes não conseguia dormir temendo acordar com o barulho das bombas, essa deve ter sido uma das poucas vezes que conseguiu dormir sem ter pesadelos com a guerra desde que entrou para o serviço militar.
O observo deitado no sofá, coberto pela manta cheia de desenhos de flores que minha mãe me deu quando eu ainda morava na casa dos meus pais. Sorrio. Vou sentir sua falta quando partir. Bom, se conseguir partir. Não sei mais a quem recorrer ou como ajudá-lo e por isso decido pesquisar na intenet mais um pouco sobre viagens no tempo. Deixo Brian sozinho na sala e vou para a cozinha, sento à mesa e levanto a tampa do computador na minha frente. Pesquiso por pessoas que afirmaram ter viajado no tempo, mas nada parece real, nenhuma dessas história é tão concreta como a de Brian e nenhum deles viajou da mesma forma que ele.
- Como você vai pra casa, Brian? - sussurro enquanto afundo o rosto em minhas mãos.
Continuo procurando por qualquer coisa que possa ser útil e encontro artigos interessantes sobre portais e fendas no tempo. Mas onde pode ter um portal que leve alguém de volta para 1942 em Chicago? São tantas perguntas e nenhuma resposta.
Estou prestes a ler outro artigo quando alguém bate na porta e eu corro para atender antes que Brian acorde. Ninguém merece ser acordado quando se consegue pegar no sono depois de um tempo lidando com insônia.
- Hanna? O que faz aqui? - saio para o corredor e fecho a porta atrás de mim.
- Vim trazer seu carro. De nada. - sorri e me entrega a chave.
- Ah, valeu.
- Vamos entrar. Tenho que te contar o que aconteceu depois que o Alex viu você com aquele gato do Brian! - ela tentar tocar a maçaneta, mas bloqueio a passagem.
- É melhor conversarmos depois. - me mantenho na frente da porta.
- Por quê? Tem algo lá dentro que não quer que eu veja? - fala desconfiada. - Você passou a noite com ele! - aponta. - Ele tá peladão lá dentro!
- Tá maluca? Não é isso. - digo e ela desanima. - Sim, o Brian está lá dentro, dormindo, mas é só isso.
- Vocês não...? - Hanna mexe as sobrancelhas.
- Não!
- Nenhum um pouquinho?
- Não, Hanna. Não aconteceu nada. - me encosto no batente da porta. - Nós ficamos vendo TV e ele apagou no sofá. Brian passou por uns problemas no passado e por isso tem dificuldades pra dormir. - dou de ombros. - Vi que ele estava dormindo tranquilo e não quis acordá-lo.
- Hum. - Hanna parece não ter engolido a história e abro a porta.
Ela põe metade do corpo para dentro e vê Brian dormindo pesadamente no sofá, usando ainda a mesma roupa da festa, mas sem o paletó e os sapatos.
- Tá, acredito. - segura a bolsa no ombro.
Fecho a porta e então me arrisco a perguntar algo para minha amiga. Sei que é melhor evitar o assunto sobre quem Brian realmente é e de onde veio, mas se não falar sobre isso com alguém, vou acabar ficando maluca.
Isso se eu já não estiver completamente louca.
- Hanna - troco o peso de uma perna para outra. - , se alguém te falasse que é possível viajar no tempo, você acreditaria?
Ela pensa por um instante e diz:
- Não sei... mas agora que você falou, lembra daquele cara esquisitão que eu namorei há uns anos? - ri. - Todo mundo chamava ele de Ted doido. O cara era pirado, vivia falando que tinha encontrado uma fenda no tempo...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor de Outro Tempo ✓
Ciencia FicciónBrian, um militar sobrevivente do ataque a Pearl Harbor em 1941, está cheio de traumas dos bombardeios e tiros que quase o mataram. Agora, promovido a tenente, Brian está tentando superar a morte dos companheiros e da garota que ele gostaria de ter...