Brian
Os cassinos mudaram desde os anos 40. Agora estão maiores, mais modernos, é claro, mais cheios e principalmente mais barulhentos. O lugar está frenético, e me faz lembrar de algumas noites em Chicago, jogando até tarde sem ter mais um centavo para apostar e recuperando todo o dinheiro no último momento.
Os anos 40 teve seu lado bom.
- Sabe que precisa ter dinheiro para entrar em um lugar desses, não é? - Katie diz. - Olha essa gente... eles tem grana saindo pelas orelhas!
- Podemos ter chegado sem nada, mas garanto que vou sair com alguma coisa - digo. - Preciso de dinheiro se vou ficar aqui por algum tempo.
- E você teve a brilhante ideia de jogar pôquer?
- Sim. Eu sou muito bom. - não estou tentando me gabar, isso é um fato. - Vencia todas as partidas quando jogava com os soldados.
- Mas você não tem dinheiro!
- Isso é verdade. - aponto. - Mas ninguém aqui sabe disso, além de mim e você.
- Brian, você não tem noção do que está falando! - ela me segura pelos ombros e me olha nos olhos, preciso abaixar a cabeça para encará-la. - Tá vendo essa galera? Eles são perigosos, a maioria é envolvida com coisas ilegais e drogas... nem sabemos, mas esse cassino pode até ser clandestino. Se tiver uma batida policial aqui e algo não estiver legalizado, vai todo mundo pra cadeia!
- Então temos que agir rápido.
- Não! Meu Deus - Katie corre os dedos pelos cabelos. - Quer saber? Vai em frente, jogue o que quiser, eu vou ficar lá fora. Não me responsabilizo por nada que acontecer com você aqui. - diz com o nariz empinado e desvia o olhar.
- Não - seguro suas mãos. - É importante ter uma garota do lado quando se trata de pôquer. - explico. - Está vendo aquela mesa ali - aponto para várias pessoas sentadas em volta de uma mesa redonda. - Veja o homem de paletó. Há uma garota em pé ao lado dele.
- E daí?
- A mulher é a arma secreta quando se está jogando. - digo. - Ela ri, fala alguma coisa engraçada no ouvido do parceiro que está jogando e isso arranca um sorriso seu... naturalmente, o adversário tira a atenção do jogo e foca no homem que tem uma bela mulher ao seu lado e se pergunta: "o que ela disse a ele?", "O que eles vão fazer quando saírem daqui?" - falo e katie me escuta com atenção. - e a pergunta que mais fica em sua mente durante toda a partida é: "O que ela já fez ou vai fazer com ele hoje a noite?". - finalizo. - Com isso, o adversário perde toda a concentração. Aquele homem já venceu essa partida.
- Duvido.
- Quer apostar? - seguimos para o bar, que fica mais perto da mesa onde estão jogando e passamos a observar o final da partida. - Dá uma olhada...
O homem de peletó faz uma última aposta e coloca todas as suas fichas no centro da mesa, mas o adversário está focando na mulher e faz a sua jogada. Ele está confiante, acha que vai ganhar, porém, o homem acompanhado daquela senhorita vai levar tudo. Como eu previa, ele faz a jogada final, revelando a mão de valor maior; vencendo a partida.
Katie abre a boca chocada e diz:
- Que sacanagem! - bate em meu ombro. - Quer me usar para ganhar no pôquer igual aquele cara! - recebo outro tapa.
- É tudo estratégia, Katie... O pôquer requer blefe, habilidades de concentração e claro, sedução.
- Nossa... - Ela cruza os braços, está tentando esconder um sorriso. - Okay, não vou dizer que não seria legal fazer todo esse jogo aí que você falou, mas olha pra mim - abre os braços. - Não estou nada sedutora hoje.
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Um Amor de Outro Tempo ✓
Science-FictionBrian, um militar sobrevivente do ataque a Pearl Harbor em 1941, está cheio de traumas dos bombardeios e tiros que quase o mataram. Agora, promovido a tenente, Brian está tentando superar a morte dos companheiros e da garota que ele gostaria de ter...