18 - Estava Escrito

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Katie

Agora que já sei quando Brian vai embora, até parece que as horas e segundos estão passando mais rápido. Às vezes penso que em um piscar de olhos, ele vai deixar de existir no meu mundo, vai simplesmente sumir da minha frente e se teletransportar de volta para 1942. Logo agora que eu estava me sentindo tão... especial para alguém. Alguém como Brian. Odeio me sentir assim, porque faz parecer que quero Brian aqui apenas para me sentir completa ou para o meu bem estar, mas não é assim. Não desse jeito.

Durante toda a minha vida, as pessoas passaram por mim e simplesmente escorregaram entre meus dedos como água que jorra de uma fonte, porém nenhuma delas foi como Brian. Talvez, o fato de ser do passado o faça ser assim; místico, totalmente inovador, e único.

Não sei se seria igual ao que está sendo se Brian pertencesse ao meu tempo ou se eu fosse alguém do passado, assim como ele. Será que nossos caminhos iriam se cruzar se eu vivesse em 1942? Será que iríamos nos conhecer se ele estivesse levando uma vida normal como alguém de 2022? Vai ver que tinha que ser assim: tínhamos que pertencer a tempos distintos e nos encontrarmos nessas circunstâncias. Talvez seja isso.

A Katie de agora não tem respostas para nenhuma dessas perguntas, por isso, de qualquer forma, prefiro acreditar que o nosso encontro estava escrito nas estrelas ou nos riscos das palmas das minhas mãos, em cartas de tarot ou na linha do tempo das nossas vidas. Estava escrito para ser exatamente assim, do jeito que é.

Infelizmente, agora mais do que nunca realmente acredito que a partida de Brian para o passado também seja algo que está escrito para acontecer. E vai acontecer. Quer alguém queira ou não.

Levanto da cama e dou uma olhada no calendário. Três dias para o grande evento, a noite chuvosa que vai possibilitar a abertura de uma fenda no espaço-tempo. Ou seja, apenas três dias para que então Brian vá embora para sempre.

Saio para o trabalho após o café da manhã e depois de dirigir até a escola, deixo o carro no estacionamento e entro no prédio. Assim que passo pela porta dupla, vejo alguns dos alunos pegando seus livros nos ármarios e se preparando para irem as suas salas. Além disso, avisto o zelador, um senhor de olhos castanhos e dono de uma pele que começa a se enrugar devido sua idade que avança com o decorrer dos anos.

- Bom dia, Sr. Clide. - aceno ao passar por ele que está suspenso em uma escada, pendurando bandeirinhas americanas no alto das paredes do corredor. - Para quê as bandeiras? O dia da independência é em julho, não?

- É para o dia dos veteranos, professora. - sorri. - Daqui três dias - ele para de falar e desce os degraus da escada de metal. Parece não ter fôlego para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. - Daqui três dias haverá o baile dos veteranos. No ginásio. - quando já está no chão, Sr. Clide se abaixa para pegar mais uma fileira de bandeiras em uma caixa com pelo menos mais uma dúzia delas dentro.

- Daqui três dias? - aperto a alça da bolsa em meu ombro. - Tem certeza que essa festa vai acontecer mesmo daqui três dias?

- Sim. - o Sr. Clide se prepara para subir a escada novamente. - Vai ser um baile temático. Segunda guerra, roupas de época, Glenn Miller...

- Ah, que legal. - penso em nosso plano para o dia da tempestade em Chicago. Íamos usar a escola que eu acreditava que fosse estar vazia durante a noite para abrirmos a fenda. - Bom, preciso ir agora. Até mais.

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