||𝐈 𝐌 𝐀 𝐆 𝐈 𝐍 𝐄 𝐂 𝐑 𝐄 𝐄 𝐏 𝐘 𝐏 𝐀 𝐒 𝐓 𝐀||

·HOT· Jack Risonho

     Não fazia muito tempo que S/n tinha chegado no circo, mas nos trinta minutos que Jack se atrasou a mente da menina entrou em tantos turbilhões de pensamentos que o tempo pareceu ser uma eternidade cruel, ali dentro, iluminado apenas por uma pequena vela em cima da cadeira, não tinha ninguém além de um cadáver posto sentado em uma cadeira em cima do palco. Solitário e assombroso, principalmente com aqueles de mentira no cadáver te fitando, posto tão desajeitosamente que estavam vesgos e o sangue descendo pelo rosto morto da criatura, como se soubessem todo os seus pecados.

Você estava ali, sentada na beira do palco apoiada nas mãos, esperando a trinta minutos o palhaço que não chegava nunca. O horário incomum que foi convocada, 01:00, lhe dava um pouco de sono e frio pelo finalzinho do outono.

S/n soltou um longo suspiro ao mesmo tempo que o vento assoprou no lado de fora da velha tenda.

S/n: O que será que ele quer comigo?... –perguntou a si mesma em voz alta, se lembrava claramente de como o palhaço estava frio quando pediu para se encontrar com ela, S/n desejava saber o que aconteceu na amizade deles para que Jack se afastasse tanto.

Será que fez algo de errado? Falou algo que o magoou? Talvez ele tivesse ficado realmente magoado quando escondeu os doces dele...

  De relance o olhar morto do seu companheiro queimava sob seu corpo,  você virou os olhos para o lado e logo se virou totalmente para ele.

S/n: Oque?! –indagou ao companheiro mudo pelos barbantes costurados nos lábios, como se ele tivesse te ofendido. Envergonhada, você desviou o olhar e engoliu o seco– Você acha que foi minha culpa?... Pode ter sido, né? Mas... E se for de uma vítima dele?! –tentou ter esperanças, mas se desiludiu em seguida.

Com o olhar para baixo, S/n fitou seu próprio reflexo na poça de sangue.

  Mais tarde, quando se passou uma hora e nada de Risonho aparecer, S/n desistiu da idéia de que ele queria dizer o que havia acontecido entre eles e pôs fé que Jack Risonho tinha feito uma brincadeira de mal gosto, então foi para o rio que tinha ali perto. Mesmo que estivesse frio e fosse tarde, ela ainda sim não tinha nada mais interessante para fazer.

As roupas estavam na beira do rio, nada mais além da densa e escura floresta e os animais noturnos estavam com ela.

   Nos primeiros passos que deu sentiu os pelos do corpo eriçarem pelo sútil toque da água até um pouco acima do quadril, o rio era fundo demais para se aprofundar no restante, mas era belíssimo demais encarar o reflexo trêmulo da lua crescente sob às águas escuras. A menina fechou os olhos na primeira fraca brisa que lhe acariciou, ficou tão distante em tão pouco tempo que nem notou o mover da água, só foi voltar a realidade quando este quebrou o silêncio:
– Podemos conversar agora?

Seu corpo deu um leve pulo pela voz, que indicava que quem a acompanhava estava praticamente atrás dela, mas mesmo assim não se virou para matar a curiosidade. Já tinha o reconhecido pela voz. Abriu devagar os olhos, continuou a encarar a lua, então o respondeu:
S/n: Não. Eu já tive uma conversa com aquele seu amigo...

Ouviu um suspiro e segundos depois um peso em seu ombro, só que Jack não disse nada.

S/n: O que aconteceu? –perguntou em um sussurro, olhando por cima do ombro para o palhaço.

  Só aí viu que este estava sem a camiseta, suas bochechas esquentaram como fogo, ainda mais quando sentiu as garras do palhaço caírem até a sua cintura lhe puxando um pouco para trás, sentia seu corpo contra o dele.

Jack R.: Fiquei receoso de estragar nossa amizade, S/n... –dessa vez ele não hesitou.

Você franziu o cenho.