Mamãe está muito emocionada enquanto papai estufa o peito desde que saímos de casa, teremos apenas duas horas para o ritual de iniciação com a Anciã, para minha total surpresa logo que chegamos a sua casa encontramos o ministro Virgo acompanhado de seu bisavô parados na calçada, não me sinto a vontade de saber que entraremos agora na tenda de celebrações e que meus pais não estarão presentes.
A Tenda de Celebrações é onde Anciã realiza todos os noivados e conversa com os noivos antes dos preparativos, nada do que é falado na tenda é passado posteriormente para outros indivíduos além do registrador, entretanto o homem não está aqui para o Ritual, acredito que pela excepcionalidade da situação.
Estou descalça usando um vestido cumprido de cor verde escuro de mangas, nada que seja tão comum, usando joias da minha família e um véu que pertenceu a minha tataravó por parte de pai, papai pediu a um amigo que nos buscasse de carroça, me senti pela primeira vez em anos o centro de atenções que nunca tive ao sair para fora e permitir que me vissem daquela forma.
Sei que será questão de dias até que todos saibam do meu noivado, talvez não saibam o motivo pela antecipação, mas saberão logo em breve.
—olá—escuto a voz baixa da Anciã e a vejo se aproximando com um lenço vermelho na mão—Virgo e Hielena, deem as mãos e me acompanhem.
—os meus pais chegarão em alguns minutos Anciã—comunica o Ministro Virgo apenas muito educado.
—a entrega acorrerá em uma hora, que é quando finalizarei o ritual, portanto peça que se apressem—ela não está pedindo—Martino, é bom que sua neta esteja aqui, a entrega é feita a mãe.
—sim Anciã.
Mesmo sendo bem idoso e estando numa posição de lisonjeio confesso que o chefe do judiciário é um senhor que respeita muito a forma como fala com a Anciã, não sei porque pensei que agiria diferente, porque é assim que nós somos.
Creio que devido a situação o julguei mal.
Ergo a mão, porque não consigo olhar para o ministro Virgo, é constrangedor de certa forma, ele segura a minha mão e a Anciã pega o lenço e amarra em nossas mãos falando palavras em um idioma que eu não ouço com frequência, ouve-se dizer que um Ancião fala qualquer língua e não duvido, em nossa sociedade atual podemos falar até sete idiomas a depender da instrução intelectual ou se for da vontade da pessoa, atualmente falo quatro idiomas antigos além do Actalla, que é o nosso idioma de origem.
Caminho de mãos dadas com Virgo até a tenda das celebrações, não exatamente nervosa, mas não fazer ideia do que ela nos dirá é um pouco desgastante. O Ministro não parece tão nervoso também, eu não sei, não o conheço e isso é lastimável, seria melhor saber que me casaria com um primo, seria um tédio, mas ao menos esperaria alguma reação que já conhecesse.
A Tenda é um nome figurativo dado a uma pequena casa que fica nos fundos do jardim da casa da Anciã, é feita de madeira antiga e tijolos vermelhos, como as casas dos antigos, não é como nossas casas que foram construídas para lidarmos com o calor e com o frio, mas como os rituais são feitos a noite acredito que não haja problema algum.
A Anciã abre a porta e entramos juntos, é um lugar com muitos objetos pendurados nas paredes, o chão é de terra e há uma pequena fogueira no centro do lugar, ainda acesa, ela fecha a porta e pega alguns potes em cima de uma velha mesa e os leva para perto da fogueira se senta no chão.
—preciso das folhas de chá e do cobertor—a Anciã fala.
Mal notei que ele carregava um cobertor debaixo do braço, ele se aproxima da fogueira e enquanto entrega o que a Anciã pediu fico parada, ela indica o canto oposto a fogueira para que nos sentemos, me inclino me posicionando e tomando cuidado com a mão.
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Evergreen
General FictionUma conveniência imposta por uma regra social obrigatória, um mundo onde não há amor maior do que o que podemos cultivar pelas leis. Hielena é a escolhida para se casar com o temido ministro Virgo, o homem de capa preta, mas seria ela corajosa o suf...