— Você não parece muito disposta a se levantar.
— Porque eu não estou.
Virgo coloca um beijo gentil na minha cabeça e acabo sorrindo, acredito que por hoje não seria tão bom sairmos do quarto, mesmo que eu saiba que a mãe dele vai querer que nós acompanhemos a família na refeição.
— Está cansada?
— Gosto de saber que estamos aqui juntos, me faz lembrar da primeira vez que foi até a minha casa.
Isso também me deixa um pouco triste, lembrar de casa, dos meus pais, de tudo o que deixei para trás.
— Não fazia ideia de que poderíamos nos envolver, que você e eu poderíamos nos entender.
— Eu também não.
Me viro para ele, Virgo toca minha face, seu polegar acariciando minha bochecha, os olhos azuis um pouco mais cintilantes. Ele está coberto até a altura dos quadris, parece relaxado como nunca vi, os lábios se curvam em um sorriso pequeno e terno. Ele é um homem lindo, completo.
— Agora é minha e nada poderá dizer que não.
— Está feliz?
— Não esperava que fosse tão gratificante e você?
— Eu também não imaginei que fosse assim, mesmo que tenha visto vídeos sobre relações e lido muito durante o curso, no final das contas isso é bem diferente do que imaginei.
— Diferente como?
— É primitivo — respondo e reflito por alguns momentos. — Me senti instintiva também, é a primeira vez na minha vida em que me sinto assim.
— A anciã nos disse, lembra? Que iríamos ter uma vida sexual muito ativa.
Em pensar que semanas atrás quando fizemos o compromisso eu não suportava pensar nisso, agora estamos nesta cama, abraçados, entre lençóis e com tanta intimidade que não sei como explicar.
— Não quis acreditar também, eu também fiquei bravo, mas aprendi a entender isso, Mic — Virgo me fita bastante pensativo. — Creio que possamos nos entender com o tempo, que você esqueça essa ideia louca de me deixar.
— Eu não estou...
— Está, enquanto estávamos a caminho daqui eu vi em seus olhos, vi a raiva e a mágoa, a tristeza, você me odiou por eu ter omitido a verdade de você, sei que ainda tem motivos, mas não quero que você desista do nosso casamento por conta de nada disso.
— Você quer que eu diga que o perdoo?
Virgo me lança um olhar um tanto surpreso, estendo a mão e toco sua face, me inclino e dou um beijo suave nos lábios dele, sua mão pousa em minha cintura e ele vem se inclinando na minha direção aprofundando beijo, sua língua mergulhando na minha boca, puxo os lençóis para longe e abro as pernas enlaçando-o pelos quadris, ele deixa os meus lábios e me fita.
— Eu quero que me prometa que vai pensar com cuidado sobre não me abandonar.
— Para isso precisarei de tempo senhor Ministro.
— Gosta de me provocar, não é mesmo?
— Eu?
— Não poderia ser um erro perdoável?
— Não é sobre perdão, é sobre confiança.
Ele fica me olhando por alguns momentos extensos, tocando minha cabeça, imagino que esteja pensando sobre isso, mas não da forma como eu quero que pense.
— Você é realmente tão pura assim para acreditar que seus pais nunca omitiram nada de você?
— Eu sei que omitiram — respondo bastante sincera. —, mas nenhum dos dois colocou em risco a possibilidade de que eu pudesse ter uma vida diferente ao lado de alguém que nunca vi na vida, todos se casaram com pessoas próximas, conhecidos de infância.
— Acha que seria feliz se casando com ele? — indaga ele um tanto carrancudo.
— Gostaria do benefício da dúvida.
— Você não entende...
— Eu entendo e eu acredito que você fez o que achava certo, porém não tenho que aceitar que todas as decisões que você possa tomar sejam certas para mim também.
— Eu respeito sua forma de pensar, porém não me arrependo, quem sabe o que fariam com você e o bebê se ficasse lá?
Não gosto que ele coloque a situação por esses termos, mas também acredito mais em suas intenções agora.
— Não acho que faria diferença, não me conheceria, o filho não seria seu, talvez recebesse só mais uma notícia e se sentisse abalado porque a criança seria o Oráculo, mas eu perderia minha identidade, eu só seria a progenitora.
— Eu não vejo dessa forma, por mais que pense que sou um desalmado sem coração...
— Não acho que é um desalmado, talvez algumas vezes meio frio, mas respeito a sua decisão mesmo que não aprove a forma como fez isso.
— Se eu não houvesse aceitado, eles teriam te mandado alguém que tornaria seus dias muito ruins, com regras, iriam transformar sua vida numa prisão, a segunda opção deles era um Ministro com quem concursei por anos algumas vagas, ele é uma pessoa impiedosa e grosseira.
Me sinto meio estranha em ouvir isso, mas sei que por mais que as leis sejam vigentes, a natureza de algumas pessoas ainda é bem diferente da maioria.
— Eu lamento.
— Ah, só está dizendo isso porque quer transar de novo.
Ele sorri de repente e me beija.
— Eu quero mesmo, quero te provar mais, te explorar, é minha mulher, gosto dos seus beijos e toques, dos carinhos.
Escuto o som de batidas leves na porta, ele puxa os lençóis e nos cobrimos rapidamente.
— Sim? — indaga ele indo para o lado.
— Senhor Ministro, é importante, lamento interrompê-lo — escuto a voz feminina soando do lado de fora do quarto. — Sua mãe pediu que se arrume juntamente com sua senhora e que preparem uma mala generosa, devem partir no máximo de trinta minutos.
Quê?
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Evergreen
General FictionUma conveniência imposta por uma regra social obrigatória, um mundo onde não há amor maior do que o que podemos cultivar pelas leis. Hielena é a escolhida para se casar com o temido ministro Virgo, o homem de capa preta, mas seria ela corajosa o suf...