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Virgo está se vestindo enquanto eu estou calçando meus sapatos, percebo nele imensa irritação com o que acabaram de notificar, bateram a porta e nos informaram que a mãe dele quer que saiamos da casa dela, que devemos partir, não consigo entender e pelo semblante surpreso dele também não consegue.

Fomos recebidos bem, ela não se mostrou aversa a ideia de ficarmos hospedados aqui, então por que quer que nós dois partamos agora? Assim do nada?

As portas do quarto se abrem e eu o vejo se erguer dando um nó no cós da calça, está enraivecido, quando vejo Azula entrando no quarto apressada não consigo imaginar nada que possa fazer com que ela nos queira fora daqui com tanta pressa.

— Você prometeu, eu deveria saber que estava inventando — esbravejou ele entredentes.

— Não preciso que entenda, vocês têm que partir no máximo em meia hora — ela responde e fecha a porta ligeiro. — Um oficial virá junto de um médico para constatar que ela teve relações, não posso permitir que isso aconteça.

Minhas bochechas quentes, não é algo de rotina, sei que precisarei ir ao médico em no máximo três meses para exames íntimos, são exames de rotina para verificar se estou bem, é assim que funciona.

— Eu preparei diversas bolsas com mantimentos e pedi que preparem a carruagem, ficarão na casa do seu tio à leste — ela diz e me olha de cima abaixo. — Eles não saberão que estão lá.

— Não consigo entender porque não aceita o meu casamento, já disse que eu e Hielena seremos muito felizes...

— Não espero que entenda, mas não quero que se assustem, há muito envolvido, sei que está zangado — ela o interrompe num tom sério demais.

— Você nem imagina mamãe! — exclamou ele entredentes e colocou a túnica. — Está envergonhada porque não me casei com alguém da mesma casta, aposto que está com vergonha da minha esposa.

É constrangedor pensar que é de fato isso, mas não duvido.

— Há muito a se falar, mas não agora, preciso que estejam seguros e longe daqui o mais rápido possível — ela replica e me encara. — Eu lamento pela situação sei que vocês dois merecem mais, todavia agora não consigo explicar tudo...

— Não precisa dar ouvidos a ela, é boa em dar desculpas para mascarar o preconceito dela — Virgo a corta secamente e segura a minha mão. — Estamos prontos para ir embora.

— Eu realmente, lamento — ela me olha como se sentisse pena. — Gostaria de dar uma melhor recepção e hospedagem, mas nesse momento eu não posso. O cocheiro os levará para a casa do seu tio, lá estarão seguros.

— Não faz diferença — Virgo retruca visivelmente magoado.

A forma como ela me olha não parece ameaçadora nem irritada, ela só parece amedrontada, nervosa, não falo nada, solto a mão de Virgo e vou até a poltrona, pego minha bolsa e depois vou até a cama me abaixo e me inclino, pego meu recipiente com Milagre e o coloco dentro da minha bolsa com cuidado.

— Teria sido melhor que não me deixasse vir para cá, não queria expor a Hielena a tudo isso — Virgo falou com chateação. — Você disse que poderíamos vir, você deveria me tratar assim como tratou meu irmão quando se casou, tenho os mesmos direitos.

— Virgo, há muito em jogo...

— O que há em jogo? Seu egoísmo? Sua preocupação com as aparências e o bom nome da família? — berrou ele nervosamente. — O que te custaria me deixar ficar aqui até conseguir resolver as questões com uma nova casa?

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