🗝 25

379 135 32
                                    













— Não acredita em mim?

— Não acredito nas suas intenções.

— Eu não preciso mentir sobre este caso, apenas não podemos comentar com ninguém sobre tudo o que está acontecendo, há coisas que não devem ser ditas para não assustar a população.

Ignoro a resposta ainda que saiba que por mais que não tenha visto em minha vida pessoas questionando sobre isso ou sobre porque qualquer dúvida que caiba em teorias da conspiração deve ser levada aos ministérios, algo que eu creio que ninguém faça já que as pessoas nem se dão ao trabalho de questionar.

Nem as que estudam sobre isso nos livros de história nem as que trabalham com serviços que não envolvam esse tipo de coisa. Somos ensinados para sermos seres pensantes, inteligentes e intuitivos, mas não para ir contra ao que é natural e a lei é natural e inerente ao que queremos.

Sei que o Ministro tem todos os seus motivos para ter tomado as decisões que o levaram a mim, mas acredito que houvesse sido mais fácil se ele tivesse me poupado de diversas situações constrangedoras, principalmente de ter fingido ter interesse em mim.

Talvez essa seja a coisa pior que ele depois das mentiras.

— Sei que está magoada, mas não havia outra forma — ele fala com certo cuidado. — Se houvesse eu o teria feito, sei do peso das minhas escolhas e não me arrependo delas.

— Tudo bem.

Eu ainda não sei o que dizer, como poderei prosseguir com isso, mas sei que na primeira oportunidade que eu tiver de falar com meus pais, falarei, quero poder telefonar para casa e conversar com mamãe, eu nem consigo imaginar o quanto ela deve estar chateada por eu ter feito isso, por não podermos nos reunir e celebrar o casamento juntas.

Ela e papai devem ter sido tomados por uma decepção instantânea.

— Não é muito maduro da sua parte que aja assim, eu já estou explicando o que me levou a omitir tudo de você...

— Eu preferia mil vezes que houvesse me dito a verdade para que buscássemos uma alternativa melhor do que as que você escolheu, teve opção de me dizer a verdade e, no entanto, omitiu diversas coisas de mim, mentiu para mim e me enganou, como deseja que eu possa confiar em você se tudo o que fez foi encenar toda essa situação? — indago encarando-o de frente. — Todas as coisas me levam a acreditar que não devo confiar mais em você ou em ninguém.

— Eu só quis protegê-la — fala bastante resiliente.

— Proteger a mim ou a sua família? Ou ao seu cargo? Não se preocupou com o meu bem-estar e nem com o rombo afetivo que isso me causaria, não tem noção do quanto estou constrangida de ter ficado despida para você, de tê-lo permitido me tocar e me beijar — replico sentida.

— Isso não é motivo de desonra ou vergonha, estávamos nos conhecendo e nosso casamento é verdadeiro, apenas não disse os motivos que me levaram até você, está sendo dura demais com a situação.

— Ama outra mulher! — berro nervosa.

— Isso nunca foi segredo para você, sabe da minha afeição por Olívia desde que foi pela primeira vez a casa da minha mãe — retruca todo rígido. — Você certamente não entenderia, é imatura demais para querer entender que há algo muito maior por trás do nosso casamento.

— Eu sou imatura? — repito com raiva. — Você me seduziu, mentiu para mim...

— Não ficarei me desculpando eternamente por ter mentido e nem por nada que fiz, foi algo que precisei fazer e deve conviver com isso — corta e me lança um olhar punitivo. — Agora que estamos casados e passaremos este tempo na casa da minha mãe deve saber que ela não toleraria esse seu temperamento infantil e mesquinho caso você continuasse a se comportar assim, não se casou com um relojoeiro qualquer, portanto, aja como tal, é minha esposa e não deve ficar berrando comigo, me deve respeito acima de qualquer coisa.

Mordo meus lábios querendo soltar um grito bem alto e vejo diante dos olhos aquele mesmo olhar duro que vi nas primeiras visitas que tive do Ministro.

— Mamãe nos dará proteção e acolhimento, não deve questioná-la como fez em sua casa, agora que estamos casados ela sabe que não haverá retorno em relação as tentativas de interrompermos as ordens de meu avô, só nos resta protegê-la até que o bebê nasça e que seja anunciado como o escolhido. Tem a alternativa de retornar a sua vida miserável de trabalho exaustivo e comida e água reduzida ou ter uma vida confortável em uma casa com comida, bastante água e oportunidades de descansar e fazer novas coisas.

— Minha vida não era miserável — alego ofendida.

— A quem quer enganar? A mim? Sua casa era pequena e sem conforto, a comida era pouca e os banhos reduzidos, morando lá que vida nosso filho teria? — questiona arrogante.

— Ah com certeza vivem bem melhor, não é mesmo? Comendo nossas frutas, se cobrindo com nossos tecidos e construindo casas frescas com os materiais que desenvolvemos no Norte — praguejo. — Como é hipócrita, ingrato, você é um Ministro de meia tigela, isto sim.

— Hielena! — exclama horrorizado.

Ignoro-o por completo.

— Não seja injusta, não sei se eu conseguiria viver lá também, não posso negar que fui bem tratado, mas nem mesmo as casas lá poderiam oferecer todo o conforto que as casas oferecem no meu antigo estado — Virgo se endireita no acento. — Teremos boas oportunidades de proteger nosso filho, ele terá todo conforto e acesso que poderei oferecer.

Uma casa com muros altos, chão de concreto e dias solitários, conheço bem a fundação dos Estados do Sul, é composta por cidades que são tecnológicas e cheias de pessoas que prezam muito mais pela aparência do que em si pela essência, diferente dos estados do Norte e Oeste ou Leste, os Estados do Sul são voltados para a construção de novas tecnologias para melhoria de toda população, é lá também que se concentram os institutos de criação de leis e os poderes maiores.

Todo bom ministro sai para atuar após se formar tem como base os estudos na universidade de direitos e deveres que fica na capital do Sul e é obrigado por lei a se formar lá, não existe outro lugar para estudar e se formar em magistérios senão lá.

— Quando verei os meus pais? — indago a fim de não entrar em outra discussão sobre isso.

— Em duas semanas eles viram nos visitar, vamos primeiro nos instalar, mamãe dará um jantar de casamento quando chegarmos para que conheça nossa família — Virgo me olha por alguns instantes pensativo. — Agora você é minha esposa e deverá ocupar o cargo como tal, deve ser educada e gentil com meus familiares.

— Está me chamando de mal-educada e hostil? — pergunto entredentes.

— Não, só que você anda muito estressada e não quero que notem que o nosso casamento foi dado por vias... diferentes.

Me viro para frente e depois junto as minhas mãos virando o rosto para o outro lado, não estou tão ofendida porque sei que não sou tão fácil assim ou dócil, mas ele ter colocado minha educação em cheque realmente me irrita.

— Sei que está triste...

— Você não me conhece — interrompo-o. — E quanto mais rápido essa criança nascer, melhor para nós dois.

Quem sabe até lá eu não consiga escapar dessa situação?











Quem sabe até lá eu não consiga escapar dessa situação?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.







OLÁ, DEIXE SEU VOTO.

EvergreenOnde histórias criam vida. Descubra agora