— Recomeços Hielena.
Depois que repito para mim, respiro fundo e ao mesmo tempo começo a caminhar rumo a calçada da casa da mãe do ministro, Azula provavelmente não espera por minha visita, mas enchi uma cesta com as melhores frutas da colheita do meu pai e alguns outros quitutes, decidi que não vou julgar as atitudes dela e que irei tentar conversar com ela.
Tenho dito para mim mesma nas últimas duas semanas ao menos que farei isso para tentar me reconciliar com ela, acredito também que a ausência do Virgo se justifique por isso, ele não tem dado notícias, não me fez uma visita sequer durante os últimos quinze dias.
A bem da verdade e da minha integridade emocional, não sei dizer se estou tendo os melhores dias da minha vida, pareceu que essas duas semanas não se passaram ou passaram bem devagar, o fato dele não ter dado notícias também não colaborou para o meu estado emocional, me senti melancólica e deprimida e isso é algo que estou tentando repelir repetidamente desde o primeiro dia quando ele não estava aqui.
Guardei isso dentro de mim, ignorei e me lotei de trabalho tentando dizer para mim mesma que não deveria me sentir assim por um homem desconhecido, também me lembrei do nosso beijo, dos toques, dos sorrisos do ministro, isso agora me faz sentir calor, mas nos últimos dias me fez ficar bastante triste.
Não sinto que devo sentir falta dele, mas é presente.
Foi como se estivesse um pouco abandonada, não sei se porque também durante a primeira semana eu estive no meu período e isso me deixou apreensiva, sentimental até, visitei meus pais alguns dias na esperança de ter notícias dele, mas procurei não parecer interessada demais, sabia que não deveria.
Virgo tem o emprego dele e isso está acima de qualquer querer meu, também desejei ir até a casa da mãe dele, inclusive em um dos dias fui até lá com uma cesta com nossos melhores frutos, infelizmente ela não estava presente nem ele, fui sem avisar, queria tentar vê-lo e quem sabe selar um pacto mais harmonioso com ela.
Me sentir assim é algo que não prezo nem aprecio e não sei exatamente porque estou assim, ao vê-lo saltitei por dentro, mas detive as sensações porque não é seguro que eu esteja assim tão rápido, não é certo.
Vim na esperança de poder vê-lo também, sei que ele mantém residência com ela, meus pais me aconselharam a tentar uma reaproximação já que a celebração do noivado será daqui a uma semana.
Bato na porta três vezes e aguardo, coloquei roupas mais formais e tomei um banho mais demorado, economizei durante todos esses dias para conseguir fazer isso, passei uma loção de cheiro que mamãe me deu e pintei os lábios, eu creio que dentro do possível ela comece a aprender a lidar melhor com tudo.
Ninguém atende então bato mais uma vez, só que novamente não ouço o som de ninguém vindo da casa, olho envolta e fico dividida entre ir embora e aguardar para ver se alguém aparece, o lugar está totalmente silencioso.
— Hielena?
Dou um pulo e levo a mão ao peito, por pouco não derrubo a cesta no chão, me viro e vejo Virgo parado diante de mim usando seu uniforme com a capa habitual, botas canos altos e os cabelos bagunçados, mas ao contrário de antes ele está com a barba por fazer e com olheiras profundas.
— O que faz aqui? — questiona com um tom rude.
— Eu vim para conversar com sua mãe...
— Não deveria estar aqui, pedi aos seus pais que não deixasse você andar por aí sozinha — protesta secamente me interrompendo.
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Evergreen
General FictionUma conveniência imposta por uma regra social obrigatória, um mundo onde não há amor maior do que o que podemos cultivar pelas leis. Hielena é a escolhida para se casar com o temido ministro Virgo, o homem de capa preta, mas seria ela corajosa o suf...