Dois dias depois...
Fiz o meu melhor teatro, enquanto investigava mais afundo sobre essa história. Já desconfiava que esse tipo de situação poderia ter acontecido, e ao lembrar das marcas em seu pescoço, só alimentaram mais minha teoria.
— O que conseguiu, Chittaphon?
Perguntei ao rapaz que estava a minha frente.
— Consegui mais algumas coisas, e confirmam o que a senhora falou. - Ten, falava entregando um breve relatório. - Sinto muito.
— Desgraçado. - coloquei as mãos em meu rosto, e tentava me controlar para não ter um ataque de nervos.
Fiquei assim por alguns minutos, até que Ten, tenta chamar minha atenção novamente.
— Mary, sei que a situação não é nada boa, mas precisa ficar mais calma. - falou com todo cuidado. - Pense no seu filho.
— Meu filho. - falei enquanto arrumava minha postura. - É só ele quem importa agora.
— O que pretende fazer agora?
— Vou fazer o que eu sempre fiz com traidores, mas a diferença, é que eu farei sozinha.
[...]
Ao voltar para a empresa, resolvi todos os documentos da semana e adiantei algumas outras. Voltei tarde para casa, e Jae me esperava. Quem o olhasse naquele momento, limpando a casa, mesa posta e um aroma delicioso vindo da cozinha, diria que era o homem dos sonhos.
Sim, poderia até ser. Pena que o sonho virou um pesadelo. O príncipe, virou um ogro.
— Boa noite, querida. - Jae, falou sorridente enquanto arrumava o sofá. - Aconteceu algo, você demorou para chegar.
— Muito trabalho, e tive uma reunião de última hora. - falei enquanto ia em direção as escadas. - Estou completamente cansada. Vou tomar banho e já volto.
Subi as escadas e pensando em como faria de início. Quem sabe remexer em algo do passado, que iria o atiçar de alguma forma, mas depois agir como uma pessoa comum. Não era difícil, mas da forma que ele é esperto e tem recursos, tem que ser bem planejado.
Depois de me despir e entrar no banheiro, me olhei no espelho. Minha barriga estava grande. Se tivesse descoberto a alguns meses atrás, acho que teria sido mais fácil. Mas agora é mais complicado.
— Por que, Lim Jaebeom? - acariciei minha barriga. - Temos um inocente ao meio dessa guerra.
[...]
Era madrugada e eu ainda não conseguia dormir. Olhei para o lado e vi Jaebeom, dormindo tranquilamente. Sono dos inocentes não se aplicava naquele quarto. Posso até ser a criminosa que ele tanto procurava, mas em momento algum o meti um par de galhas. Oportunidade nunca me faltou.
Acariciei seu rosto e o vi formar um sorriso. Se tivesse sido algo bobo, eu poderia ignorar, mas um chifre é imperdoável. Aprendi algo com a máfia italiana, sobre trair a esposa. "Se você é capaz de trair quem confia em fechar os olhos e dormir ao seu lado, você não é digno da confiança de ninguém".
E por ironia do destino, esse era algo que comentamos quando ainda éramos namorados. Mafiosos poderiam até está envolvido com ilícitos, mas estavam certos nessa afirmação.
— La mia testa è pesante. - falei baixo, enquanto parava de acariciar seu rosto.
Meu corpo pedia descanso, mas não conseguia dormir ali. Me levanto com cuidado e saio do cômodo e vou para o quarto de hóspedes, e não demorou muito para que eu pegasse no sono.
No dia seguinte, acordei um pouco mais tarde que o habitual e percebi que não estava mais no quarto de hóspedes, mas no meu quarto. Assim que levanto, vejo um bilhete na penteadeira.
"Acordei e não te vi no quarto. Te achei no quarto de hóspedes e te trouxe de volta para o nosso quarto. Tive que sair mais cedo que o habitual. Te amo."
— Ama porra nenhuma.
[...]
Era por vola das três da tarde, quando sai do trabalho. Queria comprar algumas coisas novas, e acertar um assunto importante com um conhecido. Fui até o shopping, onde ele tem um escritório, e poderia enrolar mais um pouco antes de voltar para casa.
Ao chegar lá, estava esperando que ele terminasse um contrato com dois clientes. Seria uma chatice ficar esperando, se não fosse por uma pessoa.
— Jongin, que surpresa ver você por aqui. - falei alegre, ao ver Kai, naquele escritório.
— Mary, como vai? - falou se aproximando e se sentando ao meu lado
— Uns probleminhas ali e aqui, mas estou ótima. E você?
— Estou bem. - diz sorrindo. - Veio comprar um apartamento ou uma casa nova, com seu marido?
— O dono é um conhecido, e precisamos conversar sobre negócios.
— Entendo. - ele ri. - Com a família crescendo, pensei que queria começar em uma nova casa.
— Quem sabe, Jongin. - eu falei um pouco triste, ao lembrar do par de galhas. Hormônios.
— Essa cara não é nada boa. Esta tudo bem mesmo, Mary?
— Sim, nada que eu não possa lidar sozinha. - Falei voltando a sorrir, mesmo que desconfortável. - E você, veio comprar um apartamento ou uma casa?
— Eu quero ver o que eles já tem pronto ou fazer um orçamento, para um apartamento novo.
Nessa hora, o meu conhecido vem com um dos funcionários, em nossa direção.
— Bom, a pessoa com quem vim conversar, já está disponível. - me levanto com a ajuda de Kai. - Foi bom te ver assim.
— Igualmente.
— Te vejo na próxima semana.
— Até lá.
Fui até um sala particular com o dono da corretora, onde conversamos um pouco até que falei o real motivo de estar aqui.
— Kun, eu realmente gosto de fazer negócios com você. - falei tomando depois de tomar um pouco do café, que ele me trouxe. - Preciso de uma casa afastada da Cidade. Quero algo que seja perto do campo mas ao menos tempo, perto do aeroporto.
— Eu posso tentar. - ele pega um bloco de notas. - Tem algum orçamento para eu ter uma noção?
— Não tenho um orçamento específico. - pego a xícara novamente. - Não vou ficar muito tempo nela.
— Eu posso ver se tenho algo aqui, mas se não tiver, acho que terei em outra cidade.
— Sem problemas. Se tiver algo em Busan, minha conhecida de Los Angeles, não vai se importar.
— É para uma conhecida?
— Sim, mas sou eu quem vai se responsabilizar nessa parte mais burocrática. - Falei me levantando. - Você tem meu número e meu e-mail. Pode me mandar o que tiver amanhã?
— Sim senhora, irei mandar.
— Ok, então estamos conversados.
Assim que me despedir de Kun, estava saindo da mobiliária, quando escutei alguém me chamando. Era Jongin.
— Mary, se não estiver ocupada, quer ir beber ou comer alguma coisa comigo e conversar?
— Sobre o que, Jongin?
— O passado e o presente.
Antigamente eu diria que não, mas agora é outra situação.
— Claro, eu iria comprar algumas coisas e depois comer. - aceno com a cabeça. - Vamos?
[...]
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Vida Dupla
FanfictionMary Tuan, a maior contrabandista de animais do mercado negro. De família rica, jovem, bonita, inteligente, e extremamente profissional, acaba se envolvendo com Lim Jaebeom, mas conhecido também por Jb. O jovem trabalha para Interpol, e foi lhe dado...