Vida Dupla

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A noite foi bem divertida, e relembrar um pouco o passado e nossa aventura em Búzios, me fez notar o quanto eu era divertida quando não estava em um só lugar. Gosto daqui, mas estou começando a cogitar a voltar a procurar outro lugar, pois não sinto mais que aqui seja o meu lugar. Ao sair do restaurante, fomos dar uma volta ali perto, já que ainda era consideravelmente cedo para voltar para casa.

— Você está bem pensativa, Mary. Fiz alguma coisa errada? - Jongin, perguntou assim que paramos em frente a uma pracinha. 

— Não, você não fez nada, Jongin. - Respondi forçando um sorriso.  — Eu quem estou com a cabeça cheia e depois que conversamos, me fez relembrar outras coisas. 

— Espero que não tenha feito você lembrar de algo  ruim. - comentou e começou a olhar ao nosso redor. — Olha, ali tem uma loja de conveniência, que tal um sorvete? 

— Não foi nenhum pensamento ruim, pelo contrário, digamos que foram boas. - ri e o encaro. — Sabe quando você se sente deslocado? 

— Sei sim, ainda tenho essa sensação, mas ainda não achei de fato o meu lugar. Parece que estou vivendo uma vida dupla, onde uma parte de mim quer ficar e outra quer partir. Sempre que podia viajar, eu ia decidido a me encontrar, mas aparentemente encontrava motivos para voltar. - Jongin, comentou me olhando nos olhos. — Mas quando fui para aquela viagem em Búzios, aparentemente encontrei o que estava procurando. Mas infelizmente o que eu achei ter encontrado, sumiu no dia seguinte e depois de anos encontrei novamente. 

— Estou realmente sem palavras, Jongin, mas não acho que sou realmente o que você procura. - comentei sem graça. — Você mesmo acabou de dizer que no final das contas acabava tendo motivos para ficar aqui, e eu não acho mais que aqui é o meu lugar. 

— Mary, eu te entendo, pode parecer que não, mas entendo sim. - Falou enquanto segurava minhas mãos e olhava diretamente nos meus olhos. — Com tudo o que está acontecendo na sua vida, tanto no lado profissional como no pessoal, te faz ter duvidas se está ou não fazendo o certo, e por estar se separando de alguém e pular em outro possível relacionamento não é nada saudável, mas acredite em mim, quando falo que estou disposto a esperar o tempo que for necessário. Eu já te perdi uma vez, e não quero perder de novo. Se todas às vezes que eu sentia que deveria voltar, era o destino que faria te encontrar aqui, e se você se for, não acho que vou te encontrar de novo. 

— Jongin...

— Não quero forçar você a ficar comigo, mas ficarei te esperando, nem que seja uma semana, dois mês ou três anos, eu só preciso estar com você para me sentir completo, Mary. 

Eu abracei Jongin, e segurei ao máximo minha vontade de chorar. Não sei se estava tão tocada com suas palavras ou só estava sensível por causa dos meus hormônios. 

— Mas se eu partir para outro lugar algum dia. Você iria comigo?

— Sem pensar duas vezes. 

— E seu trabalho?

— Eu conseguiria em outro lugar, mas não deixaria você escapar mais uma vez dos meus braços.

[...]

Dois dias depois...

Estava esperando Jaebeom terminar de dar banho no Max, para poder ir para casa. Acabei olhando com mais calma a sala reparei que algumas coisas mudaram. Antes existiam muitas fotos espalhadas pela sala e parede, mas agora existem umas quatro, sendo uma do Jaebeom e os amigos, uma do Manfred, e duas fotos do Max. Havia mais quadros do que antes, e notei que as coisas do Manfred não estavam perto da cozinha, como era. Se ele está finalmente "apagando" meus vestígios da casa e recomeçando, eu farei finalmente o mesmo. Nada de ser a corna apaixonada. Hora de voltar a pensar em mim, e reagir. Escutei passos e uma risadinha infantil, então olhei para as escadas e os vi. 

— Olha só, a mamãe veio buscar você, filho. - Jaebeom, falou assim que desceram o último degrau. 

— Como foi passar esses dias com ele, Jae? - perguntei enquanto pegava Max. — Você não ligou então deduzi que foi tranquilo. 

— Sim, ele foi muito bonzinho. Não deu trabalho como imaginei, só acho que foi pouco tempo que passamos juntos. 

— Eu entendo, é a primeira vez que ficam juntos desde o que aconteceu, mas pode ficar juntos quando voltar de viagem. - o encaro. — Sempre ficam alguns dias de folga quando voltam, e não vou impedir de ficarem juntos, sabe muito bem disso. Bom, nós já vamos. Não quero fazer você se atrasar e eu também tenho um compromisso daqui a pouco. 

— Sim, é verdade, eu não posso me atrasar. - Ele falou e foi até a cozinha. — Eu vou pegar a bolsa com as mamadeiras e levo a bolsa de roupas até o seu carro.

— Ok, te espero lá fora. 

Falei e sai da casa, e enquanto ia até o meu carro, vi minha antiga vizinha passando na rua. Dei bom dia e mostrei o Max para ela, que comentou ter visto Jaebeom passeando com ele ontem pela manhã e estava feliz em me ver, e aparentemente ter reatado com meu marido. Expliquei que não reatamos, mas estamos tentando conviver em paz e criar nosso filho "juntos". E me aconselhou a dar uma nova chance a Jae, pois todo mundo erra, e tem o direito de tentar se redimir e ser uma nova pessoa. De fato, ela tem razão mas estou praticamente em outra e ele já está me apagando da sua vida.

[...]