capitulo 6

306 37 5
                                    


KAROL

Podia dizer não, discutir, negar-me, mas eu não queria

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Podia dizer não, discutir,
negar-me, mas eu não queria. Quando
me enrolei em seu corpo de bom grado,
desavergonhadamente nua e tentando
acalmar a necessidade entre minhas
pernas, eu sabia o que estava
acontecendo.
Meus seios estavam empinados para o
olhar do estranho e ele se aproveitou da
posição para encher sua mão esquerda
com meu peito. Enquanto ele me
massageava levemente, dando atenção
para minha aréola, gemi novamente. Sua
boca não se separava de mim, e senti
sua outra mão segurar meu cabelo,
deixando minha pele ainda mais exposta
para a exploração de seus lábios.
Eu me movi por instinto, ondulando o
quadril em direção ao zíper do
desconhecido, buscando um alívio para
o nó que se formava em meu interior.
Sentia uma energia, quase um choque,
pelo toque daquele homem, algo que
senti poucas vezes em minha vida. Era
uma magia que não sabia e nem queria
explicar. O orgasmo cresceu rápido,
formando-se na base da minha coluna e
me fazendo grudar ainda mais nele. O
mundo explodiu e cai com a cabeça no
ombro do estranho, soltando um gemido
alto.
A realidade me tocou com suas garras
feias neste momento. Com os corações
aos pulos e ainda agarrada ao
desconhecido, tão perto que poderíamos
ser apenas um, percebi o que tinha
acabado de fazer.
— Eu sabia que seria desse jeito – o
estranho disse levemente, quase como
um sussurro em meu ouvido, mantendo-
me abraçada a ele — não posso esperar
para estar dentro de você, karol . Eu
sabia que seríamos assim.
Soltei minhas mãos de suas costas e o
empurrei levemente, dando-me espaço.
Coloquei meus pés no chão, dando um
passo para trás, criando um espaço entre
nós dois. Estava trêmula e com medo de
emitir alguma palavra.
— Quero que você vá embora,
Karol  Não fique aqui, tudo bem?
Tenho sua noite e quero que você faça
isso. Se vista e vá até o carro preto que
está lá fora. É meu motorista, ele vai te  levar até sua casa.
— Eu não...
— É a noite que paguei. E eu quero
que você vá embora – ele disse
lentamente, interrompendo-me, como se
quisesse que eu entendesse e respeitasse
aquelas palavras.
Nunca estive tão mexida como agora.
Eu não era virgem, estive com mais de
um homem. Mas nunca foi assim. Essa
experiência intensa e louca, que me fez
sair do chão e agir apenas pelo instinto.
O desconhecido tinha pago por minha
noite, ele estava certo. Se aparecesse no
salão, Madame ia me dispensar porque
não estava “prestando o serviço” do
jeito correto. E já não queria estar aqui.
Precisava de tempo para mim, para
descansar das noites mal dormidas, do
choque, e de tudo o que acabou de
acontecer nessa pequena sala.
— Tudo bem – respondi, afastando-
me timidamente e andando em direção
às minhas roupas. Tentava vesti-las sem
parecer desesperada e estava sem jeito
depois do nosso “momento”.
— Amanhã, não quero que você
dance – ele diz, caminhando de volta
para o sofá e acompanhando cada um
dos meus movimentos. Seu tom é
autoritário e sei que ele faria o que fosse
necessário para negociar isso com
Madame — Lembre-se bem, suas danças
são minhas. Eu vou recompensá-la por
isso.
— Por que você está fazendo isso?
— Porque quero que você seja minha,
quero desde a primeira vez. Vou agarrar
essa chance.
Estava chocada com o que ele acabou
de falar e não sabia como responder a
esse tipo de declaração. Ele esperou eu
estar pronta para sair, observando-me
em silêncio. Quando as roupas justas
estavam novamente em meu corpo, ele
se levantou e me deu um beijo na testa.
Com um sorriso satisfeito, ele acenou
levemente com a cabeça e saiu da sala.
Sai da cabine segundos depois e não
o vi em canto algum, como se fosse uma
miragem, algo da minha imaginação.
Como ele pediu, fui para o vestiário e
me troquei, retirando toda a maquiagem
e voltando a ser eu. Era estranho ver
Karol  no espelho depois de tantas
horas como Cristal. Momentos confusos
que não esperaria nem em meus piores
sonhos (ou pesadelos).
Quando saí do Le Petit, o carro preto
estava lá, conforme ele me orientou.
— Senhorita, teve uma boa noite? –
perguntou o homem uniformizado,
abrindo a porta assim que me viu sair.
— Uma noite confusa – respondo
suspirando — Qual é seu nome?
— Albert, senhorita.
— Me chame de karol . Me desculpe
se ficar calada, estou cansada.
— É de madrugada, a senhorita está
certa em ter sono. Me diga seu endereço
e vou levá-la em segurança.
Eu o informei e assim que entrei no
carro e senti o couro macio do assento,
adormeci. Acordei do cochilo assim que
o carro parou de se movimentar e vi que
Albert estacionou na minha porta.
Despedi-me do educado motorista e
entrei em casa, pensando na loucura do
dia, subi no palco do Le Petit em roupas
curtas e sensuais, dancei nua em uma das
cabines, fui seduzida por um estranho.
Quando deitei na minha cama, quase
induzida pelo sono, percebi duas coisas:
não sabia o nome dele, mas ele sabia o
meu.

Antes de ser diagnosticada, meus dias
eram razoavelmente relaxados: meus
ensaios eram durantes a tarde. Como
bailarina de corpo de baile, não ficava
no teatro o dia inteiro. Enquanto a
primeira-bailarina e os solistas usavam
as manhãs para ensaiar, nos juntávamos
a eles durante a tarde, continuando os
trabalhos. Ira direto para o Le Petit e
trabalhava até a hora do fechamento do
bar, por volta de duas da manhã. Dormia
e fazia tudo outra vez.
Em vez disso, hoje era um dia
importante. Tentei ser positiva em
relação à primeira consulta do
tratamento. Hoje começariam as
injeções e estava aterrorizada com tudo
que li e vi. As vozes da minha cabeça
insistiam em dizer que era uma perda de
tempo, que iria morrer independente da
quantidade de dinheiro que pudesse
conseguir. Era inútil correr de uma
sentença de morte já declarada. Sabia
que não podia quebrar e deixá-las
assumir o controle.
Primeiro, precisava resolver a
questão da minha casa. Em vez de estar
dormindo, acordei cedo para tomar
meus remédios e me encontrei com a
profissional da imobiliária que, como eu
esperava, achou a casa ótima. A mulher
olhou tudo com atenção, fazendo
anotações, mas parecia satisfeita com o
que viu. Ela me avisou do mercado
difícil e disse que mesmo com minha
concordância com o valor baixo, talvez
não fosse tão rápido quanto imaginava.
Sentia o vazio no estômago, um misto
de tensão e a falta de café da manhã.
Estava sempre enjoada e com dor. Meus
ganhos estavam comprometidos com os
remédios, minhas contas e comida
estavam sendo compradas com cartão de crédito. Não conseguia guardar dinheiro
algum e não tinha ideia de como pagar
as faturas que logo venceriam. Meu
segundo compromisso do dia, antes de ir
ao ensaio, era mais dolorido: minha
primeira sessão de terapia alternativa do
doutor Murray. Depois da consulta,
preenchi uma ficha quilométrica sobre
minha saúde e hábitos e esperei ser
chamada. Poucos dias depois, entraram
em contato, oferecendo algumas datas.
Reorganizei minha agenda para estar ali,
morrendo de medo do que iria acontecer
em seguida.
— É a sua primeira vez? – ouvi a
pequena voz infantil me perguntar.
Olhei para o lado e encontrei uma
garotinha com não mais do que oito
anos, encarando-me. Ela tem câncer, dá
para ver pela careca e a palidez, mas
isso não a torna menos alegre. O sorriso
desdentado e o ar inocente eram
contagiantes, mesmo em um ambiente
triste e estéril como aquele, ela era todo
o inverso daquela sala branca e sem
vida do hospital. Estava uma bola de
nervos desde que entrei na recepção,
deixando o nervosismo me tomar e sem
saber o que aconteceria direito naquele
tratamento. Sei que balançar as pernas e
bater os dedos na mesa não esconde
minha reação, mas já não me importava.
— Sim. Hoje vou começar o
tratamento. É meu primeiro dia e estou
nervosa.

a bailarina do ceo Onde histórias criam vida. Descubra agora