KAROL
Ninguém está preparado para receber
a notícia de que tem um tumor no
cérebro. Sim, essa sou eu. Dois
desmaios durante os ensaios de balé do
California Ballet Company e fui enviada
ao hospital. Fui espetada, examinada e
drenada até sentir dor, apertada em uma
emergência que não conseguiria pagar.
— Preciso ter certeza de que você
não tem alguma doença alimentar,
Karol , a imprensa nos vigia de perto —
diz simon, o coreógrafo, antes de me
enviar para o hospital. Eu sabia que se
não tivesse uma boa resposta no
próximo ensaio, seria afastada da
companhia.
Aos 25 anos, achei que minha vida
seria diferente, mas me contento com o
que tenho. Fiz uma faculdade que não me
serve hoje em dia e, com muito atraso,
entrei no California Ballet Company – e
como resultado, sempre estarei no corpo
de baile e nunca serei primeira
bailarina.
Isso nunca me desanimou, mesmo
quando tive que pegar um segundo
emprego para conseguir pagar as contas.
Como eu fui a criança milagre de um
casal na meia idade, perdi meu pai na
infância e minha mãe logo depois de me
formar na escola. Aos 18, tinha uma
casa própria como herança e um futuro
em aberto. Estava confusa e sozinha, e,
na época, resolvi honrar o legado da
minha mãe. Fiz finanças como ela,
trabalhei com economia tarifária e era
imensamente infeliz. Estava me
enterrando em algo que não queria e
precisava parar.
Eu morei na Pensilvânia, quando
frequentei Wharton com uma bolsa de
estudos completa, e consegui um
emprego da Filadélfia. Demorou um ano
até desistir e voltar para a Califórnia.
Sempre dancei, treinando balé em todos
os locais em que vivi. Mamãe e papai
adoravam me ver dançar e muitos dos
meus professores diziam que
conseguiria fazer carreira. Eles
respondiam que precisava de uma
maneira segura de me manter, e foi com
esse pensamento que me entreguei a
tributações.
A segurança foi jogada pela janela
quando tive uma crise de choro no
trabalho. Queria voltar para casa, queria
dançar. Então, aos 24 anos, e apesar de
ser velha demais para as outras
candidatas da companhia de balé, fiz um
teste para o California Ballet e passei.
Vivia exausta. Ensaiava muitas horas
e trabalhava no meu segundo trabalho nos intervalos de horário. Trabalhei
duro, minha alimentação era precária, e
dor e cansaço eram minha rotina. Eu
perdi peso, sentia como se qualquer
vento pudesse me derrubar. Quando
desmaiei, pensei que a exaustão fosse o
problema, mas Simon não quis deixar
para lá. Ele não era bom ou amigo, não
estava preocupado com a minha saúde.
Mas eu fazia parte do corpo de baile, e
uma pessoa a menos era um problema
para a companhia.
Quando os exames da emergência
foram preocupantes, fui encaminhada
para um especialista. Não entendia bem
as palavras ou por que estava com um
neurologista, mas fui alertada que
precisaria de um urgentemente. Foi
assim que acabei sentada na frente do
Dr. Roberts.
— Um tumor!?
— Sim... É o que seus exames dizem.
É por isso que fez tantos procedimentos
no mesmo dia. Eles queriam ter certeza.
— Mas... eu não sinto nada....
— Você desmaiou, certo? E o
cansaço, perda de peso.
— Sim, mas...
— A boa notícia é que o tumor parece
um caso não agressivo e é primário, já
que você não teve nenhum tipo de câncer
que causasse metástase – ele diz,
interrompendo-me e mostrando um
exame de imagem — O tamanho é
constante e você não teve mais nenhum
sintoma além dos que listei e que te
levaram para a emergência. Pela
ressonância, constatou-se que seu tumor
é um astrocitoma, que afeta um tecido
chamado glia, que dá suporte aos
neurônios.
— Isso quer dizer que meu sistema
nervoso está comprometido? Eu estou
morrendo?
Estava visivelmente nervosa e
balançava as pernas sem parar, tentando
focar minha atenção. Não entendia
metade do que ele estava falando, mas
sabia que aquilo era uma sentença sobre
a minha cabeça. Deve ser terrível ter um
emprego como o dele e contar para as
pessoas que elas estão morrendo. Achei
que ele diria que eu precisaria usar
óculos ou tomar vitaminas, não que tinha um tumor. Por que não me avisaram o
motivo do neurologista?
— Pela ressonância, parece que seu
glioma é grau um, o que significa que
você tem boas chances, porém nosso
prognóstico não é animador. Você
precisa tomar algumas medicações
porque temos que evitar que o caso se
agrave...
— Como assim? Mas você não
acabou de dizer que não é um caso
agressivo?
— Disse que parece – o médico
suspirou e passou a mão pelo cabelo –
O tumor está no cerebelo, que é a área
responsável pela coordenação do corpo.
É um local difícil, e mesmo se você
fizesse uma cirurgia, precisaria de
radioterapia para eliminar o problema.
Você precisa de um novo médico para te
operar, sinto muito, é um grau de
complexidade que não posso pegar.
Pode comprometer seu sistema nervoso
caso a extirpação não dê certo e...
— Eu tenho outras opções? Se não
fizer nada, posso morrer... – pergunto,
interrompendo-o, sentindo-me chocada.
Minha ficha ainda demoraria a cair, e
estando sozinha, a coisa seria ainda
pior.
— Talvez a maioria dos médicos
tenha a mesma reação que eu. Ouvi falar
de um médico – Ele pegou um cartão em
sua gaveta e me estendeu – Dr. Shaw
Murray criou uma terapia alternativa que
promete diminuir o tumor com a ajuda de injeções. É uma técnica nova, mas
pode te ajudar.
— Nova? Isso quer dizer que serei
algum tipo de cobaia?
— Ele já realizou a cirurgia em
algumas pessoas, não sei o teor do
trabalho dele profundamente, apenas o
que ele apresentou em seminários.
Prefiro que você converse com Dr.
Murray e estude o que precisa ser feito.
— E sem esse procedimento, quanto
tempo tenho? – olho para o cartão e o
encaro séria. Ele foge do meu olhar, mas
continuo o encarando, até que ele volta a
me olhar.
— Nós não podemos saber...
— Droga, doutor. Quanto tempo? –
pergunto, levantando-me irritada.
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a bailarina do ceo
FanficO que você faria se sua vida estivesse em risco? karol sevilla é uma talentosa bailarina que paga as contas como garçonete de uma boate de stripper. Empurrada até as últimas consequências, depois de se descobrir doente, ela se torna uma dançarina n...