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Ruggero

— Isso deve ser terrível.
— Mas levanta defunto.
— Você acha que eu preciso de
ajuda?
— Não, estou confortável com o seu
pau do jeito que ele é.
— Obrigada.
Quase do lado de fora, procuro o
maître para pagar a conta, mas karol
aperta meu braço, fazendo sinal para
continuarmos a andar.
— Enquanto te esperava, também
informei a um dos garçons que seu irmão
que ainda ocupa a mesa, gentilmente iria
pagar toda a conta.
— Max vai ter um ataque, amanhã.
Ninguém mandou mexer com você –
respondo rindo.
— É o merecido por roubar nossa
mesa e me deixar com fome.
— Vamos resolver isso. Pizza?
— E assim você conquista meu
coração, sr .Ruggero . Muito melhor do
que um restaurante metido a besta – ela
responde e me beija levemente, pegando
na minha mão enquanto saímos do
restaurante.

Karol


A campainha tocou insistentemente,
fazendo uma sinfonia de barulhos. Quem
quer que seja, estava quase tentando
derrubar a porta. Assim que olho na
câmera de segurança, o olhar zangado de
Max, o irmão mais novo de Ruggero ,
aparece em toda a sua glória. Era como
ver o homem que tem mexido com a
minha cabeça, porém dez anos mais
novo, com seus cabelos e olhos claros
em um rosto zombeteiro. As diferenças
entre eles apareciam em outras coisas:
Max era elétrico e falava rápido como
se não pensasse antes de dizer as coisas.
Ruggero  era totalmente o inverso, e parecia
controlado demais.
— Quem você pensa que é, hein
putinha! – ele grita, tentando me assustar
com seu tamanho assim que abri a porta.
— Você deveria ter mais respeito,
fechando a porta na sua cara, você não
vai falar mais nada – respondo à altura.
A verdade era que estava morrendo de
medo do que ele queria fazer ali no
apartamento comigo sozinha, mas uma
coisa que a doença me trouxe é a coragem de encarar gente idiota como
Max.
— Quem você acha que é, putinha.
Dando para o meu irmão por dinheiro e
querendo me dar uma lição... – Max
falou alto, empurrando-me para passar e
entrar no apartamento – pensa que é
quem para me fazer pagar aquilo? O
garçom me falou o que você disse para
ele, não negue.
— Você é a porra de um idiota, Max –
suspiro com a voz monótona, encarando
o irmão mais novo de Ruggero
profundamente — Quantos anos você
tem? 20, 21... você tem a porra de um
irmão que se importa. Que anda atrás de
você e tenta te livrar antes que a merda
se torne real. Você tem dinheiro, um
futuro, tudo que você pode pedir, e você
está jogando isso pelo ralo. Você está
aqui para brigar sobre uma conta de
restaurante? Você é milionário, porra.
Vem aqui gritar comigo porque na sua
mente de merda você acha que consegue
me meter medo, mas você não consegue.
— Puta que pariu! – ele berrou,
encarando-me enquanto se afastava,
como se precisasse de espaço — Você
não entende... Ruggero  é certo demais, não
erra. Ele te paga por sexo e você o
defende. Eu não sou nada disso do que
você está falando.
— Max, enquanto você não aprender
a não ser um idiota, você ainda vai
reclamar. Você precisa crescer e parar
de culpar os outros.
— Como se você soubesse da minha
vida. Ruggero  está aqui? – Ele fala com a
voz baixa, claramente tentando fugir da
minha conversa. Ele parecia
desconfortável e percebi que por trás de
um babaca, existia alguém que só era
mimado demais para crescer.
Eu o observava com olhos de falcão e
Max parecia desconfiado quando sentou
no sofá confortável da sala e fui em sua
direção, sentando ao seu lado. O irmão de Ruggero ficou quieto, olhando-me
curioso, meio quebrado. Sentia-me
daquele jeito, podia me sentir como ele,
meio abandonada pelo mundo. Queria
tanto desabafar sobre a doença que
quando percebi, peguei-me contando
para Max sobre minhas poucas semanas  de vida.
—  Ruggero  não está, ele só chega mais
tarde – respondo e o encaro, séria —
Vou te contar uma coisa que seu irmão
não sabe, mas preciso que você me
ouça, que você entenda. A vida de todo
mundo é difícil, mas você tem a chance
de organizar a sua em vez andar com
pessoas idiotas como a Cande.
Max se sentou na minha frente, quieto,
confuso com meu jeito de falar,
inclinando-se em minha direção e me
dando espaço.
— Eu estou doente, tenho um tumor.
Mas ele não se espalhou e posso ser
tratada. Preciso de dinheiro, um dinheiro
que seu irmão me deu sem saber que
seria para isso. Não tenho ninguém, meus pais morreram, sem tios, avós,
primos, nada. Só eu e o dinheiro que
consegui com meus empregos. Vou
sozinha fazer meu tratamento, dei meu
jeito, mesmo que não muito ético, para
pagar uma cirurgia. Segui em frente, sem
apoio – os olhos de Max cresciam a
cada nova frase, mostrando sua
surpresa. Ele não me interrompeu em
momento algum — Você tem apoio,
dinheiro, oportunidade e um futuro que
talvez eu não tenha. Ele pode ser levado
por esse tumor. Não desperdice, ok?
Tente entender em vez de ficar zangado,
e pare de fazer merda...
— Eu, eu... – ele olha para o chão,
torcendo o pé e, apesar do tamanho
gigantesco e da pouca diferença de
idade, eu o vi como uma criança acuada
— karol , sinto muito sobre isso.
— Eu já chorei e gritei sozinha, agora
só quero tentar seguir em frente.
— Você precisa de ajuda? – Ele
pergunta, levantando do sofá em minha
frente e se sentando ao meu lado. Max
pega na minha mão, dando um aperto
suave.
— Você me deixa confusa, Max.
— Eu não sou alguém ruim, eu só não
sou alguém tão bom ao mesmo tempo —
ele ri um sorriso safado que lembra o do
irmão e faz uma pausa, encarando-me –
Você tem razão no que falou sobre mim,
mas não consigo prometer nada. Fico
irritado, gosto de sair, gosto de ter a
liberdade que tenho. Posso parecer ser  um idiota, mas tem mais do que isso
dentro de mim, eu só não sei ainda,
entende?
— Pessoas demoram mais a se achar,
sabe?
—  Ruggero  sempre foi perfeito, sabia o
que queria. Na minha idade, ele já
trabalhava com o papai.
— Você poderia se quisesse, sabe?
— Mas não é o que quero, me sinto
preso em ser mais um dessa família na
Espíndola  Internacional.
— Seus pais nem mesmo moram na
cidade, Max... não entendo.
— Nem eu mesmo me entendo,
Karol  Talvez só tenha prazer em fazer
merda.
— Pense o que você quer ser. Se eu  morrer, quero ser homenageada.
— Isso pode ser difícil.
— Qualquer coisa, Max. Se desejar
ser um massagista, batize uma técnica de
“karol ”, pinte algo em meu nome, faça
uma canção..., mas escolha em vez de ter
raiva. Abrace isso em vez de se irritar.
— Quem diria que estaríamos aqui,
não é? – Ele pisca para mim – Me
desculpe pela forma que chamei você,
como já disse, sou um idiota.
— Tente não ser com mais ninguém,
tudo bem? Eu não mereci, ninguém
merece gratuitamente. Ser um bostinha
rico não te faz melhor do que ninguém.
— Outra promessa que vou tentar
manter – ele responde, levantando do
sofá – A oferta é séria, ok?

a bailarina do ceo Onde histórias criam vida. Descubra agora