RuggeroQuando dois deles a colocam em uma
maca, os sigo e pergunto para qual
hospital a estão levando. Digo
inutilmente o nome do hospital onde ela
faz tratamento e me avisam que poderei
entrar em contato quando chegar lá.
Quando as portas da ambulância fecham
atrás de karol sigo o veículo com o
carro porque meu lugar é onde também
estivesse ela.
∞∞Meia hora depois, sinto que estou em
uma repetição de um filme velho e
dolorido. É a repetição do que
aconteceu há oito anos. Estou em uma
sala de espera e a pessoa que amo está
sendo atendida na emergência. Eu a vi
cair e se debater. Era tudo tão parecido
ao dia em que Malena quase morreu em
meus braços. Eu rezava para um final
diferente, implorava para qualquer ser
superior não tirá-la de mim. Não
poderia suportar. Estou agoniado por
qualquer tipo de informação, mas
nenhum médico cruzou a porta da
emergência desde que karol chegou, na
ambulância.
Assim que estaciono, aviso a Max
sobre karol e busco no celular o nome
do hospital que ela faz o tratamento.
Peço para falar com uma das
enfermeiras da Oncologia. Carolina , que
acompanha karol em suas injeções,
atende e explico que o Dr. Murray
precisa ser avisado o mais rápido
possível. Não sei quem é o médico, que
só tenho informações do que karol me
contou porque estava chocado demais
para perguntar todos os mínimos
detalhes. Pode ser a diferença entre a
vida e morte de karol . A culpa é
minha.
— Vim assim que recebi a mensagem.
Papai e mamãe estão chegando. Como
ela está? — diz Max, parando à minha
frente. Ele está um pouco descabelado,
como se tivesse largado o que quer que
estava fazendo para estar aqui comigo.
— Não faço a menor ideia, não medeixaram entrar. Estou aqui há horas e
ninguém me fala nada sobre karol .
— Entra lá e pergunta ou eu faço isso.
– Max me diz, indicando a porta – O que
aconteceu?
— Uma convulsão. A ambulância a
trouxe desacordada. Max, eu não...
— Só entra lá, Ruggero ! – Max me
levanta da cadeira de espera e me
empurra em direção à porta – Um
homem desesperado toma medidas
desesperadas.
Eu dou alguns passos e passo pela
porta branca de vai e vem da
emergência. Há macas por todos os
lados e enfermeiras indo de um lado
para o outro. Olho a primeira fileira,
mas nenhuma das pessoas é karol , o que me deia ainda mais desesperado.
— Está procurando alguém? A
enfermeira não o levou? – diz alguém
atrás de mim. Meus olhos estão
injetados, sinto meu cabelo bagunçado
de tanto passar a mão pelo meu rosto de
preocupação. Ela tem um olhar paciente
e não tenta me expulsar. Devo ter o rosto
de um familiar desesperado.
— Minha noiva, karol sevilla, ela
estava aqui agora e... não está mais —
Respondo, inventando uma pequena
mentira. Ela balança a cabeça e olha
para o prontuário em suas mãos,
indicando-me um dos cantos da
emergência.
— Ela não está mais aqui – ela
responde simplesmente.—Eu não entendo – falo e o bolo
começa a crescer em minha garganta. A
enfermeira me olha com pena e faço a
pergunta que meu coração não quer dizer
em voz alta – Ela está viva?KAROL
O barulho me incomoda, como
aparelhos médicos em uma melodia
repetitiva. O cheiro estéril arde em meu
nariz, como em um ambiente
imaculadamente limpo e a claridade
atravessa minhas pálpebras fechadas.
Não preciso abrir os olhos para saber
que estou em um hospital. Foi o pior que já tive até então, a dor, a tontura, a falta
de controle e a escuridão. Balanço meus
dedos levemente e sei que ainda tenho o
controle dos meus membros. Ainda. Meu
corpo todo doía como se tivesse sido
atropelada por um caminhão. Bem, isso
seria engraçado, ter vivido o último mês
em função do tumor e morrer atropelada.
— Bem mocinha, isso foi um susto –
ouço a voz de Dr. Murray muito perto e
abro os olhos, sentindo o incômodo da
claridade. Ele me encara preocupado,
parecendo fazer uma checagem geral.
Se ele foi chamado, quer dizer que
estou pior do que imaginava. Como
conseguiram seu contato? Ruggero . Ele
estava lá, viu tudo e foi algumas vezes
comigo para o hospital. Eu era muito
estúpida por não ter o contato do meu
médico em um cartão fácil de ser
encontrado e por sorte Ruggero cuidava de
mim até quando eu não dava todas as
informações.
— O que aconteceu? – pergunto e não
reconheço minha voz. Está pastosa,
falhando. Deus sabe quantas horas fiquei
fora do ar.
— Você teve uma convulsão. É a
primeira, certo? – Eu sabia que
convulsão era um dos sintomas em
minha lista, mas era a primeira vez. Foi
particularmente assustador de ter e deve
ser doloroso de assistir.
— Sim. Quanto tempo estou aqui?
— Um par de horas, você acordou
rápido. Seu namorado ligou para o
hospital e eles me avisaram. Parece um
animal enjaulado na recepção. Tive que
dar a volta porque sabia que, se ele
lesse em meu jaleco e me reconhecesse,
iria pular em cima de mim – responde
Murray, dando um pequeno sorriso —
Agora que você acordou, vamos fazer
alguns exames e ele vai poder ver você.
Tem um homem que está sofrendo por
você, viu?
— Não! – Grito e sinto minha
garganta reclamar. Baixo o tom de voz e
olho para Dr. Murray, mantendo-me
séria — Não quero ele aqui, não quero
vê-lo.
Meu médico levanta a sobrancelha em
uma pergunta silenciosa. Ele era
malditamente charmoso e uma pessoa
boa. Eu sabia que pareceria uma
loucura, mas Ruggero era minha fraqueza e
minha fortaleza, ele não merecia uma
mulher pela metade como eu. Não quero
morrer, quero voltar e dizer para Ruggero
que menti, que eu morri por todas as
vezes que tive que engolir a vontade de
dizer que o amava. Enquanto a cirurgia
não acontecesse, minha vida estava em
espera.
— Tudo bem, karol ... – ele diz e
vejo pelo seu rosto que o que aconteceu
é grave. Estou morrendo, não é? —
Desconfio que você tenha percebido que
o tempo está acabando. Quero operar
você o mais rápido possível. Nós já
tínhamos adiantado tudo, a data da sua
cirurgia seria daqui duas semanas, mas não podemos esperar.
— Eu ainda não tenho o dinheiro... –
sussurro em resposta. Finalmente ia
acontecer e parecia irreal para mim. Eu
não tinha o dinheiro da casa ainda, a
estrutura ou qualquer coisa parecida.
Também não aceitaria ganhá-lo de
Ruggero .
— Tenho a ajuda de uma ONG, mas
precisava escolher o caso mais urgente
– responde o médico, dando um tapinha
em meu braço como uma piada sem
graça — Bem, você foi a escolhida
depois desse susto que nos deu. Guarde
o dinheiro para você ou para ajudar
outros que também não consigam pagar a
cirurgia. Vou preparar tudo.
— E qual é o próximo passo?
— Te levar para o Saint Margaret.
Minha equipe já está avisada, só
precisamos fazer alguns exames em você
para saber se pode fazer a cirurgia ou
não, agora à tarde. Está tudo reservado.
Consigo sua alta e vamos para lá.
— Tenho vivido em compasso de
espera por essa cirurgia. É surreal que
ela vá acontecer hoje.
— Tem certeza de que não quer falar
com seu namorado? Avisar para outra
pessoa? Ele merece saber, karol . Está
transtornado na recepção.
— Não posso fazer isso – respondo e
me ajeito na cama, fugindo do olhar do
médico — Me sinto cansada, mas estou
bem. Podemos ir quando quiser, doutor
— Tem certeza? — Dr. Murray
pergunta e suspiro como resposta. Não
iria me livrar daquilo tão rápido.
— Tenho, já envolvi ele demais nisso
tudo. Ele não merece. Quanto mais cedo
conseguir sair daqui, melhor.
— Ele vai vir atrás de você, não é?
— Sim, ele é insistente – respondo
em um sorriso pequeno.
— Esses são os que ficam. Eu aposto
que ele vai estar lá no momento que
você acordar.
— Não tem como me garantir que isso
vai acontecer, doutor.
— Eu te pedi uma chance há algumas
semanas, karol . Uma chance para você
voltar para ele, se casar, ter filhos, viver
uma vida boa e longa ao lado desse
homem, sem nenhum tumor. A vida é
uma merda e não é justa e nem sempre
conseguimos realizar nossos sonhos. As
oportunidades acontecem ou não – ele
suspira um pouco impaciente – então,
minha querida paciente, você tem sua
chance nessa tarde. Ela pode acontecer
ou não, mas quero te dar isso.
— Quer me fazer chorar?
— Quero que não se arrependa. Pense
um pouquinho enquanto resolvo sua alta,
tudo bem?
Dr. Murray me deixa sozinha e suas
palavras brilham dentro de mim. Eu sei
que estou sendo covarde, mas quero que
Ruggero me guarde como a última vez que
me viu. Se a cirurgia desse certo, seria
uma mulher livre, com sua chance de ser
feliz. Se não sobrevivesse, seria uma
lembrança bonita. Ele não merecia as
zonas cinza que poderiam acontecer,
ficar preso a alguém em estado
vegetativo. Sei que se pudesse escolher,
Ruggero me quereria de qualquer jeito.
Esse era meu medo. Seria egoísta por
nós dois, por ele, por sua felicidade.______________________________________
Não sei voces mas estou com raiva da karol
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a bailarina do ceo
FanfictionO que você faria se sua vida estivesse em risco? karol sevilla é uma talentosa bailarina que paga as contas como garçonete de uma boate de stripper. Empurrada até as últimas consequências, depois de se descobrir doente, ela se torna uma dançarina n...